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quarta-feira, 3 de outubro de 2018

casual strokes

"casual strokes" by MMF - photo by Paulo Paz
O artista mostra-se, não raro, relutante no que toca à verbalização do processo que leva à sua obra. O que não admira, porque poucas coisas são mais pessoais. Da forma como surge uma ideia, um conceito, passando pelos meios que emprega para a sua materialização, às escolhas que faz durante todo o percurso que lhe é natural, tudo tem que ver com o seu processo interior. Com a forma como resolve apresentar esse processo e que corresponde a um inevitável percurso de consciência e transformação pessoal.
O ofício artístico, consciente ou não, nunca deixa de ser uma tarefa pessoal de crescimento e entendimento. Representa um estudo e uma prática concretos pelos quais se passa na viagem de conhecimento interior que todos fazemos. No caso dos artistas, ela é expressa em formas concretas e observáveis pelos outros. E é a empatia que gera, a oferta em que os outros se revêem, que torna a obra apreciada e entendida.
Este processo não é consciente para a maioria das pessoas, artistas incluídos, na medida em que muitos preconceitos sobre a prática artística a remetem sistematicamente para uma actividade menor. O artista é ainda entendido como o excêntrico, o socialmente desajustado que insiste numa forma de estar e trabalhar sem efeitos quantificáveis. Exactamente o oposto do que é a sua capacidade de realização e a frescura que traz a uma visão esquálida das nossas possibilidades.
A documentação, discussão e compreensão do processo artístico é, por isso, essencial ao seu crescimento pessoal e como agente cultural. E a fruição da obra é apenas o primeiro passo dos outros para o entendimento dos seus mecanismos individuais de evolução.
O trabalho artístico não é um capricho, mas uma ferramenta através da qual todos ganhamos e avançamos. Assim nos permita a nossa vontade e consciência.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

a brincar, a brincar, a trindade

by Paulo Paz, na Oficina do Desenho

A brincar, a brincar, vamos formando as trindades nossas de todos os dias. Ligações por vezes efémeras e, muitas vezes, tão fortes como a original.
Quem desenha uma cara, desenha-as todas. Sempre que se desenha, se escreve, se pinta, se cria qualquer coisa, boa ou má, acrescenta-se algo ao tecido de todas as coisas. E a existência segue assim a sua infinita expansão, sem darmos por isso.
Que consciência temos, de facto, do imenso processo criativo que desenvolvemos durante um dia das nossas vidas? Que importância damos ao extraordinário poder de cada segundo da nossa existência?
Deveríamos estar mais atentos à nossa modelagem da vida. Ao poder que manifestamos ao preparar um simples café ou a divagar mentalmente sobre sonhos e coisas comezinhas. Nada se perde, tudo se ganha, tudo se transforma mesmo antes de pousar a chávena para nela depositar o líquido que em seguida se saboreia.
A brincar, a brincar, as trindades criam-se a todo o instante e a um ritmo que somos incapazes de acompanhar. Em consciência.