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sexta-feira, 7 de abril de 2023

as mamocas da tap

 

by MMF

Há coisas em que ninguém pensa. Ou não tem tempo para pensar. Ou que não imaginamos que possam ocorrer na nossa pacata vidinha de gente comum.
Acontece que nunca é bem assim e as coisas vêm ter connosco mesmo que acreditemos que controlamos a maior fatia do que fazemos.
Neste caso, a experiência dessa incómoda verdade passou-se há uns dias a bordo de um avião da TAP, daqueles que têm ecrãs nas costas da cadeira da frente, com umas fitas para nos distrair nos voos mais longos.
Escolhi uma dessas sem grande trama, com motas e acrobacias diversas, adequado à semi-sonolência do Zirtec tomado para não passar todo o voo com falta de ar e a pensar nos germes atrevidos dos espaços fechados.
Tudo ia bem até ser despertada por um daqueles anúncios da tripulação, a lembrar que a turbulência existe e que está tudo bem mas, pelo sim, pelo não, convém que nos agarremos com unhas e dentes ao cinto de segurança, não vá a coisa correr mal logo em cima do Mediterrâneo.
Tudo continuaria bem se alguém se tivesse lembrado que os ditos anúncios congelam o ecrã e a cena dos filmes durante uns segundos, mesmo após a comunicação.
O meu congelou numa cena em que um dos protagonistas da fita estava a ter uma escalada hormonal numa conversa virtual com uma prospectiva parceira de aventuras de quarto de hotel de beira de estrada, exactamente no momento em ela lhe mandava imagens do seu belo par de avantajadas mamocas. O som, felizmente, também congela.
Esfumou-se o alarme de qualquer possível desastre aéreo capaz de fazer amarar uma aeronave da TAP no Mediterrâneo. Outro muito maior tomou o seu lugar. Um par de mamocas congeladas na têvê, visíveis para uma boa parte dos passageiros que viajavam nos assentos atrás do meu.
A indecência entre adultos no mesmo comprimento de onda não é uma coisa que me moleste. Mas o voo vinha de Israel, com famílias inteiras de judeus ortodoxos preparados para uma semana diferente este ano, de santa comunhão entre a passagem e a páscoa de dois cultos irmãos.
Por isso aqui fica um singelo e honesto comentário para a nossa transportadora aérea: Not so kosher, guys.


quarta-feira, 10 de junho de 2020

dia de Portugal a cores

"Green, Red and Yellow Hearts" - MMF
Achei muita graça aos Lusíadas, apesar de ter tido de me habituar à leitura rebuscada do texto em verso. As histórias assaltavam a minha imaginação, embora só uns anitos mais tarde, rendida às delícias da ficção científica, tenha percebido o verdadeiro potencial do clássico.
Na altura, a professora encarregada de nos revelar as maravilhas camonianas era uma goesa de Moçambique. Um vislumbre da riqueza ainda menosprezada do caldeirão das raças alimentado pelos portugueses. Mesmo nos momentos mais segregacionistas dos regimes passados, o dia-a-dia de muitas raças juntas era uma prova inequívoca de que o mundo não era necessariamente branco, ocidental ou mesmo masculino.
A cor branca, já que trazida à baila, é a junção de todas as cores e é a cor que reflete todos os raios luminosos, não absorvendo nenhum e por isso aparecendo como clareza máxima. Andamos todos às escuras quando gritamos contra "poderes brancos" e a replicar conceitos que, afinal, entendemos com muito pouco entendimento.
A confirmar-se que todas as raças descendem da negra, então é que a porca torce o rabo e se destroçam os argumentos extremados de algumas gentes. Podia até escrever-se mais um poema épico sobre esses filhos descoloridos que se indignam com as cores dos seus egrégios papás.
A indignação tem duas faces, como as moedas. Numa delas é a legítima recusa de circunstâncias injustas. Noutra, apenas um muito feio reflexo de medos treinados em nós por outros. Enfim, as moedas também se trocam.
Bom dia de Portugal e de Camões, que via mais com um olho só do que muitos outros, mesmo com os mais correntes olhos virtuais. Bom dia das Comunidades e muita paz, à laia de vacina contra exaltações avulsas.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

ora no cravo, ora na revolução


Nem só de vinte e cincos consta o mês de Abril. Os números têm uma magia própria que nunca se esgota. Parece que fazem de propósito, a organizarem-se em padrões que se multiplicam em demonstrações singulares de revelações e significados.
O onze, por exemplo, que é um número muito elegante, marcou a chegada da minha família à Terra da Boa Gente, na costa do Índico, tão palmilhada por navegadores portugueses e de outras nacionalidades.
Acontece que nesse mesmo dia, à noite, se ouviram na rádio (BBC) rumores de que se preparava um golpe de Estado em Portugal. Logo ali a minha mãe decidiu que não se desfaziam as malas todas e até se saber o que se ia passar.
Acabou por se dar o 25 de Abril, a que assistimos com a ajuda dos relatos radiofónicos. Mais a prisão dos agentes da PIDE/DGS, o crescimento do cabelo e da barba dos representantes do MFA, a agitação popular, as primeiras campanhas políticas com boa gente da terra, a entrada dos militares da Frelimo, o pavor do 7 de Setembro e outras vicissitudes.
Tudo culminaria de novo a 11, desta vez em Novembro, dia de São Martinho, com a chegada a Lisboa para assistir ao PREC.
O 11 de Abril também é notável por ter sido estreia, em 1727, da Paixão segundo São Mateus, de Bach, da fundação da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, e da entrada em vigor da Constituição Portuguesa de 1933 que deu início ao Estado Novo. 
Em 1970 é o dia do lançamento da Apollo 13 e, em 1976, do computador pessoal Apple I. Foi também o dia em que Julian Assange foi preso, em 2019, na embaixada equatoriana de Londres. O General António de Spínola nasceu a 11 de Abril de 1910.
A 25 de Abril de 1972 Claude Joseph Rouget de Lisle compôs A Marselhesa, o hino nacional francês. No mesmo dia, em 1976, entrou em vigor a Constituição Portuguesa que consagrou a democracia em Portugal. Era o dia de aniversário de Ella Fitzgerald (1917) e de Uderzo (1927), o desenhador de Astérix, de Al Pacino (1940), de Manuel Freire (1942) e de Mário Laginha (1960), entre outros.
Se nos dedicássemos à construção de um mapa que assinalasse todas as coincidências entre os dias de Abril e as suas efemérides, com certeza desvendaríamos um padrão fantástico e repleto de surpresas. Podíamos acrescentar mil e uma variantes e multiplicar infinitamente as hipóteses e as conclusões.
O importante, no entanto, é que Abril em Portugal não é um mês qualquer. Nem as suas mil águas, nem as muitas vozes dos seus detractores conseguem diluir o significado que teve e que mantém para os portugueses. E para outros também. De dia 1 a dia 30, das mentiras às revoluções, há-de cantar-se sempre, de uma ou de outra forma. Uma ora no cravo, ora na revolução.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

os Peter Pan e os maus argumentistas

Greek Finance Minister Yanis Varoufakis, speaks on his phone during the vote for the president of Greece’s parliament in Athens. Photograph: Petros Giannakouris/AP
As portuguesas votariam em massa num Varoufakis, sim senhores. Votavam na careca, na ausência de gravata, na roupa casual, no sorriso sempre bem disposto. Votariam nele até começar a usar óculos, fatos cinzentos, gravatas estúpidas e até abandonarem a crença de que tudo pode ser diferente, assim o queiramos acreditar.
O Syriza pode seguir o mesmo caminho que os outros, pode ficar enterrado no poder muito maior do que a vontade local, mas também pode gabar-se de ter ressuscitado a esperança e a fé de quantos querem acreditar que tudo pode ser diferente. Os seus dirigentes-Peter Pan estão a encantar os pobres e oprimidos, os que ainda anseiam sonhar e não se vergar aos entediantes interesses financeiros alheios.
Enquanto os gregos sonham e esperam que um milagre se abata sobre as suas rebeldes cabeças, os portugueses asistem, impávidos, à esperteza suicida de políticos, bancos e empresas que sobem preços, despedem, manietam os cidadãos e, com ar de heróis de BD nonsense, declaram que estão a endireitar a vida do País.
Porque todo o acto é voluntário, mesmo se inconsciente, acredito que os cidadãos lusos têm em mente uma espécie de solução final, não de campos de extermínio, mas de deixar o caminho livre a quem tão bem se extermina por si só. Porque no final de todos os impostos e novas regras hitlerianas de uma economia que se tornou pirata e corsária contra si própria, com todos os seus alucinados anoezinhos da engenharia financeira a correr todos para o mesmo lado, os portugueses estão preparados para assistir ao fim do mundo com uma sandes de atum e um copinho de água da companhia tirada da torneira de uma repartição pública.
A escolha de capítulos a assistir é magnânima: bancos a chorar as centenas de milhares de casas vazias subtraídas às famílias, empresas cheias de intenções de produção sem consumidores à vista, governantes com polícias de todo o tipo à espera de cair sobre cidadãos que nem sequer têm como quebrar a lei.
É o cerco virado para si próprio, tropas de assalto preparadas para se abater sobre coisa nenhuma, pois não resta o que roubar, apreender, confiscar.
Cabboum!, diria o último quadrinho da BD nonsense, e: The End!
Há gente mesmo incapaz até de criar bons argumentos...

terça-feira, 30 de julho de 2013

curiosas contradições

Imagem daqui
Os monárquicos são pessoas curiosas. Não apenas por nos estarem sempre a tentar convencer de que um sistema de governação ultrapassado, como é o da monarquia, pode de algum modo resultar nos dias de hoje, como pela sua cega fé em coisas como um tipo de sangue azul, uma classe social chamada nobreza, privilégios para pessoas que por definição, nada fazem para os merecer, etc.
Tudo começa pelo equívoco da classificação de nobre, que na sua génese nada tem que ver com um nascimento rodeado de privilégios, mas sim com a capacidade de algumas pessoas se destacarem pelos seus méritos (e eventualmente, nobreza, ou seja, qualidade de carácter). 
Os primeiros nobres foram pessoas vulgares, que mereceram de alguma forma essa qualificação, não meninos pálidos e mimados paridos em berços de ouro ou de qualquer outra extravagância pouco própria para o saudável desenvolvimento infantil.
Portanto, sem intervenção divina ou misteriosa, houve uns tipos diligentes que fuçaram bem os seus privilégios e não fazem, nem de longe nem de perto, o tipo do betinho quase efeminado que se afecta especial e nobre por nascimento. Ou do troglodita que se revê no mesmo figurino.
Depois, num país como o nosso, onde toda a gente é em maior ou menor grau família de toda a gente, e onde os ditos nobres tinham o direito de se servir de qualquer mulher, incluindo as nubentes que inadvertidamente se lembravam de casar dentro do perímetro da sua influência, é de crer que tudo o que é português tem pelo menos uma mulher na família que serviu um desses indivíduos. Resumindo, toda a gente é, em maior ou menor grau, senão filho de nobres, pelo menos bastardo deles.
Assim se conclui que os genes da nobreza, o sangue azul, correm por todo o lado. Por acaso até gostava de saber quem seria o timorato genealogista ou escriba oficial capaz de afirmar, com absoluta certeza, que fulano ou sicrano não são, de todo, filhos da turba fidalga que cavalgou à solta por esse País fora, durante centenas de anos.
Já quanto aos privilégios por direito de nascimento de uns tantos escolhidos, é no mínimo uma teoria de mau gosto nos dias de hoje, em que a igualdade de direitos é um valor incontestável para qualquer avisada cabeça ou de comum bom senso.
Andar em bicos de pés é uma tentação vulgar, mas há que reconhecer que o apoio da sola inteira facilita a deslocação e favorece o equilíbrio de qualquer criatura que use esse tipo de apêndices para avançar na vida e em qualquer direcção.


quinta-feira, 30 de maio de 2013

a inocência dos palhaços

(imagem daqui)
Mais importante do que discutir se um palhaço é ou não palhaço, o importante é ver o que está realmente por trás da máscara.
O mais singular é, no entanto, a imensa capacidade que alguns palhaços têm para acreditar que os outros continuam a ver neles a imagem que compuseram para os iludir.
A verdade é que, num mundo em que a comunicação já não depende do controlo que têm sobre os média e dos esforços das grandes corporações para impor aos fornecedores de serviços de internet e telefone novos métodos de censura, já ninguém tem a inocência idealista de anteriores eras.
Os verdadeiros inocentes são os que se mascaram e acreditam, ainda assim, que o seu disfarce é perfeito e animado e convincente e inviolável. Uma ternura.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

juízo, olhem lá...

Imagem daqui

Os portugueses não são preguiçosos, não produzem pouco, nem têm de figurar obrigatoriamente em rankings de gente que acha que tem de numerar tudo para compreender os factos básicos da vida.
Tirando a vicissitude da tendência de ter governos que trabalham para as corporações estrangeiras, apesar de pagos pelos impostos dos cidadãos nacionais, Portugal é um grande país e alvo de grande cobiça internacional.
De que outra maneira se pode explicar que, periodicamente, cheguem cartagineses, gregos, romanos, espanhóis, franceses, ingleses, americanos, russos, alemães e o diabo a quatro para explorar o Zé Povinho e dizer que temos é de fazer assim e assado, porque eles é que sabem e eles é que têm as carteiras cheias e dá cá mais um par de milhões por esta ajuda que vos estou a dar?
Pelos vistos, os portugueses produzem o suficiente para alimentar incessantemente todos os pouco escrupulosos que vêm aqui amealhar o que depois depositam em paraísos fiscais, e ainda têm educação suficiente para não insultar e correr à paulada os piratas e corsários que só dizem mal da sua galinha de ovos de ouro.
Se Portugal não valesse mesmo nada e só desse tantos problemas, como apregoam, quem no seu perfeito juízo vinha para cá sacar juros e mais juros, impostos e mais impostos, e esvaziar sem dó nem piedade os cofres do Estado e dos civilizados e cumpridores portugueses?
Tenham dó e, se quiserem que continuemos a esportular o dinheirinho que tão fartamente vos alimenta, dobrem a língua e tratem-nos com respeito. Mais não seja porque já perdemos algumas vezes os brandos costumes e já corremos alguns canibais à paulada, matámos uns quantos porta-vozes de interesses estrangeiros a tiro e varremos invasores.
Juízo!

terça-feira, 19 de março de 2013

os pequenos ladrões

Os pequenos ladrões - Ilustração MMFerreira
Deve ter ficado da inquisição ou dos idos tempos da pide, esta mentalidade dos pequenos ladrões que, por alguma ironia do destino, acreditam que a justiça nunca se preocupará o suficiente com eles para os perseguir. É a mentalidade do triste eleito no último escrutínio português, em que conseguiu convencer um considerável número de pessoas que era melhor do que os outros. Aproveitou o desânimo geral para criar esperanças de mudança, como qualquer vendedor de pontes sobre o Tejo ou de Rossios, instalou-se num poder que, obviamente, se encontra destituído de mecanismos de controlo, e apressou-se a contratar outros pequenos ladrões para o seu gangue. A finalidade é vender rapidamente o País aos grandes ladrões, que por falta da tão crucial honestidade pessoal também acreditam que ficarão impunes para todo o sempre, têm como objectivo controlar, dos seus escritórios virtuais, o mundo inteiro. No final desta história, vão viver felizes num qualquer bunker escondido das multidões escravizadas e enfurecidas, muito felizes com as suas incomensuráveis fortunas e aterrorizados com a possibilidade de os descobrirem e voltarem a tirar o que tão vilmente arrecadaram.
A história dos pequenos e grandes ladrões nunca é gloriosa nem feliz. Mas é especialmente triste porque os seus personagens se iludem com a ideia de que são muito mais espertos e capazes do que os outros. Alheados da realidade, são incapazes de avaliar as consequências dos seus actos e, quando isso acontece, tudo o que lhes resta é o instinto sobrevivência dos animais acossados, desesperados e em permanente fuga dos seus predadores. São alcateias que acabam por se lançar no precipício por falta de outra direcção de fuga. E, nessa altura, onde está o poder e a glória que tão desastradamente construíram?
Os pequenos ladrões são sempre infames e desgraçados, cães selvagens cujas dentadas se fincam na sua própria carne. O seu destino é sempre tenebroso porque não há futuro nem progresso na ausência de consciência. E os heróis são sempre os que chegam depois.

domingo, 5 de agosto de 2012

para onde foi a cultura?

Imagem daqui
As páginas de cultura desapareceram dos jornais (depois afligem-se que eles acabem...). Aqui há uns anos, e não foram muitos, todos tinham páginas de cultura, que distinguiam entre as várias disciplinas, artes plásticas, literatura ou livros, cinema, teatro, televisão. Agora, nem online se descobrem notícias. Até o Expresso, que tanto se acha e em tempos se exibia no café para demonstrar o alto estatuto intelectual de quem o lia, carregou no Delete dessa desinteressante rubrica. As suas sugestões culturais resumem-se aos filmes, norte-ameriacanos, claro, porque já ninguém vai ao Nimas nem ao Quarteto, onde as fitas não passam em volumes de som que têm de se sobrepor ao barulho de trincadelas de pipocas e sorveduras de gasosas.
O Correio da Manhã, sempre considerado um subproduto da imprensa, é dos poucos que ainda mantém a palavra Cultura nos seus separadores, como parte do Lazer. O Público também, mas é escusado tentar divulgar o esforço de escritores, artistas plásticos e outros trabalhadores culturais, porque o enfoque é geralmente dado aos subsídios, aos famosos depois de mortos, às fundações e às guerras dos gangues organizados que se apoderaram dos postos 'culturais' ainda existentes e com direito a algum dinheiro. Não tentem encontrar aí sugestões e opiniões sobre livros, exposições, peças ou iniciativas meritórias. O artista tem de aparecer na televisão para merecer honras de artigo ou entrevista. Mesmo assim, o mais provável é que a escrita seja sobre a sua vida pessoal e não sobre o seu trabalho, que provavelmente ninguém conhece. O Diário de Notícias tem uma secção de Artes onde também é impossível divulgar seja o que for, além de óbitos célebres e onde os fait divers fazem as vezes de noticiário cultural. 
Quanto às revistas e jornais gratuitos e aos seus digests de títulos com mais de duas linhas, é melhor nem falar. Há uns anos chamavam-se Breves e Foto-legendas às notícias que hoje enchem papel com grande prejuízo para o meio-ambiente e saúde mental de quem tem a pretensão de que lê.
Queixam-se de que a imprensa está a desaparecer? Mas que fez a imprensa nas últimas duas décadas para criar e conquistar leitores? Nada. Só colhe quem semeia. Quiseram transformar a imprensa num produto altamente rentável subtraindo-lhe todas as características que a tornavam única e enchendo as redacções de estagiários não remunerados. Boa sorte.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

106 observatórios

Também não sabia que havia tantos:



Observatório do medicamentos e dos produtos da saúde
Observatório nacional de saúde
Observatório português dos sistemas de saúde
Observatório vida
Observatório do ordenamento do território
Observatório do comércio
Observatório da imigração
Observatório para os assuntos da família
Observatório permanente da juventude
Observatório nacional da droga e toxicodependência
Observatório geopolítico das drogas
Observatório do ambiente
Observatório das ciências e tecnologias
Observatório do turismo
Observatório para a igualdade de oportunidades
Observatório da imprensa
Observatório das ciências e do ensino superior
Observatório da comunicação
Observatório das actividades culturais
Observatório local da Guarda
Observatório de inserção profissional
Observatório do emprego e formação profissional
Observatório nacional dos recursos humanos
Observatório regional de Leiria
Observatório permanente do ensino secundário
Observatório permanente da justiça
Observatório estatístico de Oeiras
Observatório da criação de empresas
Observatório têxtil
Observatório da neologia do português
Observatório de segurança
Observatório do desenvolvimento do Alentejo
Observatório de cheias
Observatório da sociedade de informação
Observatório da inovação e conhecimento
Observatório da qualidade em serviços de informação e conhecimento
Observatório das regiões em reestruturação
Observatório das artes e tradições
Observatório de festas e património
Observatório dos apoios educativos
Observatório da globalização
Observatório do endividamento dos consumidores
Observatório do sul Europeu
Observatório europeu das relações profissionais
Observatório transfronteiriço Espanha-Portugal
Observatório europeu do racismo e xenofobia
Observatório dos territórios rurais
Observatório dos mercados agrícolas
Observatório virtual da astrofísica
Observatório nacional dos sistemas multimunicipais e municipais
Observatório da segurança rodoviária
Observatório das prisões portuguesas
Observatório nacional da diabetes
Observatório de políticas de educação e de contextos educativos
Observatório ibérico do acompanhamento do problema da degradação dos povoamentos de sobreiro e azinheira
Observatório estatístico
Observatório dos tarifários e das telecomunicações
Observatório da natureza
Observatório da qualidade
Observatório da literatura e da literacia
Observatório da inteligência económica
Observatório para a integração de pessoas com deficiência
Observatório da competitividade e qualidade de vida
Observatório nacional das profissões de desporto
Observatório nacional da dança
Observatório da língua portuguesa
Observatório de entradas na vida activa
Observatório europeu do sul
Observatório de biologia e sociedade
Observatório sobre o racismo e intolerância
Observatório permanente das organizações escolares
Observatório médico
Observatório solar e heliosférico
Observatório do sistema de aviação civil
Observatório da cidadania
Observatório da segurança nas profissões
Observatório da comunicação local
Observatório de jornalismo electrónico e multimédia
Observatório urbano do eixo atlântico
Observatório robótico
Observatório permanente da segurança do Porto
Observatório do fogo
Observatório da comunicação
Observatório da qualidade do ar
Observatório do centro de pensamento de política internacional
Observatório ambiental de teledetecção atmosférica e comunicações aeroespaciais
Observatório europeu das PME
Observatório da restauração
Observatório de Timor Leste
Observatório de reumatologia
Observatório da censura
Observatório do design
Observatório da economia mundial
Observatório do mercado de arroz
Observatório da DGV
Observatório de neologismos do português europeu
Observatório para a educação sexual
Observatório para a reabilitação urbana
Observatório para a gestão de áreas protegidas
Observatório da sismologia
Observatório nacional das doenças reumáticas
Observatório da caça
Observatório da habitação
Observatório do emprego em portugal
Observatório Alzheimer
Observatório magnético de Coimbra

quarta-feira, 4 de julho de 2012

bandeiras

foto MMFerreira
Gosto de bandeiras e desta muito em especial. Sempre achei feliz a combinação verde e vermelha. Tem uma boa vibração, energia, é jovem e sempre me cativou. Também gosto da esfera dourada, a lembrar valores e tesouros que vivem dentro de nós e, apesar de nunca ter sido católica em menina, entendo a simbologia das quinas e simpatizo com o que representam. Nunca me fez confusão vestir de vermelho e verde e nunca entendi a relutância de algumas pessoas em misturar as duas cores. "Pareces a bandeira", atirado como um estalo, foi coisa que nunca entendi. Que mal poderá advir de combinar na roupa as cores de um símbolo nacional? Nunca achei que fosse coisa de mau gosto, visto que esse é relativo e o pior mau gosto são determinadas imposições.
Acho mal que só nos lembremos da bandeira quando jogam os ronaldos e os figos desta vida, acho mal que se tenha de vergonha de abraçar o que se é. Acho que andamos demasiado preocupados com a vergonha e não levantamos os olhos vezes suficientes para vermos as cores da bandeira que nos inspira e seguir o seu exemplo, flutuando livremente ao vento, longe de gente de verdadeiro mau gosto e ministros cinzentos que preferem apostar em todos os subornos e chantagens exteriores, em vez de apostar na gente e no País que já têm.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

mandala por Portugal

Por que é que o mal nunca ganha? Não é uma pergunta-quizz e a resposta também não é para explicar o happy end de um filme norte-americano. O mal nunca ganha porque todos os actos atraem acções do mesmo tipo. O futuro do bem está, por isso, sempre garantido. Do lado do bem. Isto é uma mandala serena por Portugal.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

esperança, coragem e êxito

Não há ninguém mais duro consigo mesmo que um português. De onde vem tamanho espírito crítico, não sei. Mas desconfio que, de tanta mistura de origens, se tornou fácil e natural apontar o dedo ao vizinho.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

mais mais abril

Zeca Afonso morreu há vinte e cinco anos. Foi professor no então Liceu Pêro de Anaia, na cidade moçambicana da Beira, e um dos professores a interrogar-me durante o exame de admissão. Tinha eu nove anos e vi-me grega quando, depois de me perguntar por que razão perdera Portugal o Brasil, descartou a minha resposta para me esclarecer: Mamou demais na vaca! Anos depois, à entrada no mesmo liceu, às sete da manhã para mais um dia de aulas, vimo-nos de súbito fechados dentro dos páteos e cercados pela PIDE e pela polícia. Alguém tinha pintado uma cruz suástica na entrada do liceu e continuado a obra pelos corredores, com frases dos Vampiros, de Zeca Afonso, escritos nas paredes. A vaca continua a ser explorada hoje e precisávamos de outro Abril em Portugal, na Grécia, na Europa e em muitos outros lugares. Venham mais cinco!