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domingo, 12 de agosto de 2018

silêncio e prazer

"within the flow", fishy things series
No silêncio das manhãs de domingo a apreciar a tranquilidade e a seguir com a corrente. Puro prazer, o de deixar que a vida nos arraste, em vez de ceder à tentação de arrastar a vida. 

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

aos encontrões na luz

foto MMF
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Nem oito, nem oitenta. Nem toda a gente é completamente má, nem completamente boa. Vivemos de luz e escuridão, mas isso também não quer dizer que se saiba exactamente o que se anda a fazer. Às vezes, na sombra até nos orientamos e a maior parte das vezes, na mais completa luz, parecemos uns carrinhos de choque aos encontrões uns aos outros.
Outras vezes as coisas passam-se à nossa frente e não queremos meter-nos, julgando que assumimos assim uma posição de neutralidade. Nada mais errado. Porque uma decisão é uma acção e, neste caso, deixamo-nos nas mãos das decisões de todos os outros. Isto porque, fazendo parte de um todo em que as decisões determinam os resultados, e são um efeito imparável, a nossa neutralidade determina apenas que são as acções dos outros que vão moldar esse efeito, não as nossas.
A Terra e tudo o que nela existe, incluindo a pretensiosa Humanidade, é um todo em constante movimento e evolução, determinada pelas acções e decisões de tudo e todos. A neutralidade é uma ficção que apenas permite que as tomadas de posição dos outros definam o rumo das nossas vidas.
Na verdade, quando nos recusamos a decidir é como se estivéssemos convencidos que podemos manter-nos no meio do turbilhão da corrente sem sofrer os seus efeitos.
A cada um o seu tipo de masoquismo preferido, pois até isso é perfeitamente natural e defensável, ou não seria o que nos esforçamos tanto por fazer a todo o instante.
E o que é que acontece quando tomamos consciência disso? A maioria dos alemães acreditou piamente que não se manifestando contra as acções dos nazis a sua consciência estava salvaguardada. Isso modificou a qualidade dos resultados que vitimaram milhões de pessoas por todo o lado?
Quando as pessoas afirmam que não se metem em política, quando não vão votar, quando não assistem às sessões públicas dos seus órgãos de poder local, não se informam sobre as deliberações que vão determinar o lixo que têm à porta de casa, os impostos que pagam para não terem onde estacionar sem pagar, onde se tratar em condições dignas ou como deixam de poder ver a beleza natural da terra onde vivem porque alguém decidiu ganhar dinheiro com bolhas imobiliárias. Quando acreditam que nada disso lhes interessa ou contribui para a sua felicidade, os resultados são os que aparecem nos seus sonhos?
Acreditam sinceramente que vão poder respirar com a cabeça enterrada na areia? Acreditam que o facto de sonharem acordados é suficiente para alcançar o paraíso?
Boa sorte. Viver como escolhos arrastados pelas tempestades deve ser, realmente, o Eldorado da Humanidade.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

sede

Under the light (oil on canvas) - Marita Moreno Ferreira
Debaixo de água e a sentir sede. No sítio e no momento certo e não perceber. Mas sempre a sentir sede de tudo, de mais, de vida até não ser suportável.
Há um torpor nesta nossa vida que não se entende, que quase não se vence. Há uma ideia de querer viver que nos impede de fazer isso mesmo. Uma vida que se tem e que se vive, mas que parece sempre, sempre que podia ser diferente.
E pode, se abandonarmos o pensamento para nos rendermos ao que nos está a acontecer. À sede que nos arrasta e nos consome, apesar da resistência. Temos medo do rio, da corrente, da força das ondas, da vertigem, da queda livre, de um clímax, quando tudo o queremos é justamente isso.