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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

grandes tempestades emocionais


Gosto de tempestades, da violência que ocorre fora de mim e a uma distância que me coloca na tranquila posição de observadora. 
Já nas grandes tempestades emocionais que se desenvolvem dentro de nós, é praticamente impossível manter a neutralidade e não ter engajamento efectivo nas golfadas de sensações que nos provocam.
Há sempre outra forma de ver as coisas, diz gente sábia. E parece que é isso mesmo que a distância proporciona: um desligar de um certo tipo de realidade para entender que não é só desses picos emocionais que vivemos. Ou que temos de viver.
Dito de outra forma, é como se pudéssemos entender de imediato que é possível sair da sala quando a estridente ópera italiana em que a vida se transforma começa a cansar-nos e a colidir com a nossa sensibilidade ao ruído e ao excesso de drama.
Este entendimento é, de facto, a base de alguns dos momentos mais libertadores que conseguimos viver. Como um interruptor, permite-nos desligar de pedaços de realidade que não precisamos de alongar, quando tudo o que desejamos é respirar fundo e levantar voo para outras paragens.
Se calhar, as grandes tempestades emocionais estão aí para nos lembrar e treinar na arte da libertação. Soltar amarras e seguir noutras direcções. Abandonar o sofrimento e escolher caminhos mais felizes.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

o que importa é o coração

"O que importa é o coração" by MMF
No final do dia, o que importa é o coração. É a sensação de bem-estar por um dia bem cumprido, por se ter feito tudo o que foi possível fazer, em entrega total. Esse é o maior dos objectivos.
Não é fazer mais, mas o melhor possível. Sentir a alegria do instante em vez de ocupar a mente e o coração com objectivos irreais. Aproveitar cada momento vivido como uma dádiva que não se repete.
No final de tudo, é com o coração que queremos viver, é por ele que queremos tudo: a felicidade, as paixões, a entrega e a vertigem dos grandes saltos.
O bater do coração é o compasso certo para a nossa vida. Quanto mais erramos, mais oportunidades temos de rectificar o ritmo, de recomeçar mais e melhor.
No final do dia, tudo foi feito com honestidade, na melhor das nossas capacidades e podemos devolver a cabeça ao travesseiro com um suspiro de satisfação e a certeza que, de manhã, tudo volta a ser possível.
O que importa, sempre, é o coração e o que dele irradia. E assim seja.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

acessos condicionados

foto MMF
Há cada vez mais placas de acesso condicionado. O que se justifica quando se trata de proteger zonas sensíveis a grandes alterações. Ou pessoas em momentos de fragilidade.
O condicionamento ideal tem apenas uma tradução: a consciência de que determinados passos ou acções podem prejudicar alguém ou alguma coisa.
Como gente consciente, sabemos que não devemos ultrapassar ou eliminar os limites que vão traduzir-se em consequências nefastas para nós e para os outros.
Apesar disso, estes avisos de condicionamento tornaram-se tão comuns, que começou a ser muito fácil confundir o papel de guardião de um certo bem-estar com o de poder e posse sobre os bens que são de todos.
Por exemplo, as empresas que tornam possível a utilização de águas por todos, não são donas da água. Prestam apenas um serviço público que serve, mas que não deve ser usado para extorquir economicamente as pessoas. O mesmo se passa com as empresas que exploram a electricidade, o gás, o petróleo e outros recursos naturais. O planeta e os seus recursos são de todos e não se deve confundir um serviço com propriedade.
O mesmo se passa na política. O serviço de gerir os recursos de todos não é sinónimo de poder, mas de humildade, dedicação, honestidade. A confusão é contrária a uma consciência saudável do mecanismo próprio de todas as coisas.
O dinheiro também não é dos bancos, mas das pessoas que o ganham e o confiam a uma instituição para o manterem protegido e disponível para as suas necessidades. Não é justificável que se use como forma de chantagem e variadas imposições sobre quem é realmente dono de todo o dinheiro produzido.
As leis que defendem este estado de coisas não passam de uma súmula de regras inventadas por quem afinal defende uma péssima consciência dos direitos e deveres fundamentais, e não o verdadeiro espírito de liberdade, bem-estar e justiça para todos.
Todas estas coisas de senso comum parecem hoje, sob imposição de muita manipulação ideológica e emocional, fruto de ingenuidade em relação ao poder instituído. Mas não é verdade.
O que se passa de facto é que o verdadeiro poder é subtil e não esmaga ninguém. Quando se manifesta, garante a simplicidade e a satisfação de todos. Não complica, nem ameaça para tornar a vida cada vez mais insuportável e intrincada, uma espécie de carcereira desagradável, sombria e ameaçadora que nos traz a todos descrentes e desanimados em relação ao nosso propósito de vida.
É necessário que os novos líderes comecem a restaurar os valores autênticos que nos orientam. É imperativo e urgente que nos façam acreditar de novo no bem e na alegria de viver. 
O maior condicionamento de que sofremos é o de estar de mal com a nossa consciência. Tenhamos a coragem de o admitir e deixar que o coração nos guie, na direcção certa, com o pensamento e a acção que merecemos.
Não se deixem levar pela conversa dos papões, esses homenzinhos cinzentos e assustados com tanto medo da sua própria sombra que vivem apenas com uma crença: a da sua imposição sobre os outros como forma de se salvarem. Que cresçam e façam os seus trabalhos de casa: ninguém e nada é de ninguém, nem sequer a felicidade pessoal. 
Falai no mau, pegai num pau. Falai no bem, que ele vem também. Sejamos benéficos a maior parte dos nossos dias, para contentamento de todos e, sobretudo, do nosso.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

a importância de se chamar Gabriela

Gabriela Canavilhas

O defeito imediato que se lhe apontou à cabeça foi o de não ser de Cascais e, portanto, de não conhecer o território que se propõe governar. Gabriela Canavilhas provou rapidamente que há contras que são, afinal, vantagens: nada tomando por garantido, estudou a fundo o concelho, visitou-o, rodeou-se de quem vive e conhece a região, falou com muita gente e avançou com segurança com propostas que assume como compromissos.
Neste momento, Gabriela conhece melhor o concelho do que a maioria esmagadora dos cascalenses, que vive trancada nos transportes e nos empregos fora do concelho durante o espaço em que entra e sai de casa. 
Como mulher, constantemente menorizada pela condescendência com que os candidatos masculinos descartam a importância dos adversários do sexo 'fraco', recusa o papel de vítima e não se atrapalha no que exige dos seus rivais. Afinal, é uma discriminação perigosa, a demonstrar que há quem não tenha pejo em exibir publicamente a falta de respeito que tem por metade da população votante.
Gabriela Canavilhas sabe perfeitamente que os seus direitos não estão ameaçados apenas porque um punhado de de indivíduos acredita que as velhas crenças hão-de ajudá-los a manter indefinidamente uma ordem que exclui os interesses de todos em favor de alguns e desonra todos os valores meritórios de humanidade e serviço aos outros.
Porque é de serviço aos outros a proposta que traz para a mesa do governo de Cascais. E após dezasseis anos de maquinações partidárias do mesmo sinal na nossa terra, nem o ónus da ligação aos grandes interesses económicos lhe podem apontar. Emerge assim duplamente capaz de atacar os problemas de raiz com que o concelho se depara.
Gabriela, par feminino do arcanjo mensageiro dos Céus que esteve presente em todos os momentos prenunciadores de uma grande viragem para a Humanidade, é neste contexto a anunciadora das mudanças que, de uma forma ou de outra, ocorrerão em Cascais. 
Pois caso vos tenha falhado um dos seus belíssimos lemas de campanha, pelos velhos mapas não se chega a novos destinos, é fácil perceber como Gabriela Canavilhas abraça a mudança de paradigma (modelo ou padrão a seguir) de que tantos falam e tão poucos entendem, ou fazem tenção de pôr em prática.
Uma nova mentalidade e uma nova atitude são exigências mandatórias para os líderes actuais. Já não há complacência possível para com quem anuncia maravilhas e produz aberrações. 
Gabriela, como artista que é, tem a tenacidade e o ânimo necessários para, nestas circunstâncias aparentemente adversas, acreditar que nada está perdido quando estamos dispostos a recomeçar em qualquer altura.
Como alguém habituado a criar e a confiar no seu instinto, não lhe é difícil imaginar um Cascais completamente diverso do actual. Muito diferente do que é possível na imaginação de quem limita a criação a novas tabelas de taxas municipais e à crença de que se pode abusar impunemente dos cidadãos, em vez de os servir.
A cultura e a boa educação fazem diferença num cenário de jogo viciado em que tudo se reduz, há anos, a impulsos básicos de sobrevivência. De um lado dirigentes demasiado preocupados em manter os seus poleiros que pouco mais conseguem fazer; por outro, uma população votante massacrada por contas astronómicas e uma vida muito diferente da que mostram os anúncios sobre a qualidade de vida da região.
Nem os ricos disfrutam Cascais. Entram e saem ao ritmo das fanfarras popularuchas criadas à imagem e semelhança de quem dirige os tristes destinos da nossa terra. Aos restantes cabe a penosa tarefa de pagar cada vez mais pela estada numa zona de embustes e de banha da cobra televisiva.
Gabriela Canavilhas pode não ter eco nas televisões que apoiam os poderosos por serem dos poderosos. Mas sabe que não são esses que pagam com o seu esforço diário o estilo de vida cascalense.
Sabe que há pelo menos mais uma centena de milhar de votantes com vontade de mudar o que os outros vinte e sete mil impuseram nos últimos quatro anos. Tem uma visão para Cascais que não é um simples avancamento descontrolado.
É com o coração e com muita inteligência que se propõe mudar o que entristece e revolta o coração dos cascalenses. Que as boas obras inspirem o seu trabalho e o futuro de quem delas possa e queira beneficiar.


sexta-feira, 31 de julho de 2015

o sufoco das ideias feitas

Remendos -- by MMF
Neutro (do latim neuter, neutra, neutrum = "nem um, nem outro: símbolo de indeterminação, com o mesmo significado usual) refere-se a algo que, por si, não toma partido de qualquer dos lados duma disputa. Aquilo que é imparcial, indiferente. Também dito neutral. (Wikipédia)

E se tudo fosse neutro? E se andássemos para aí a atribuir qualidades mais ou menos de acordo com o que fomos treinados toda a vida para o fazer, em vez de atribuir a tudo as qualidades que mais nos beneficiam?
Por exemplo, quando achamos que alguma coisa é boa ou , agradável ou desagradável, bonita ou feia, a que nos reportamos? A ideias e conceitos que temos na memória, aprendidos de acordo com convenções que nos vêm dos outros, da educação, do socialmente estabelecido.
Como no caso do elegante ou deselegante, um corpo perfeito ou imperfeito, de acordo com a moda que, como todos sabemos, é uma coisa volúvel e impermanente.
Se esquecermos esses pré-conceitos, se abrirmos os olhos como um bebé recém-nascido, sem memória desses ensinamentos, veríamos as coisas de uma outra forma, com uma abertura capaz de nos surpreender.
As ideias e conceitos que nos são passados até podem ajudar-nos a funcionar socialmente dentro de um milhão de condições que rapidamente se tornam demasiado limitativos para agradar a toda a gente. Eventualmente, ao fim de algum tempo, todos nós acabamos por experimentar insatisfação e infelicidade com esse acumular de condicionantes que nos abafam.
Voltar a considerar a neutralidade como o princípio de todas as coisas, abrindo lugar a novas formas de ver e apreciar as coisas, não só é possível, como refrescante e um meio de descobrir soluções e outras formas de viver sem os compromissos mentais a que nos sujeitamos sem questionar.
No final, quantos de nós estão dispostos a rever os seus conceitos e ideias pré-adquiridas, ou a exercitar a sua capacidade de os reconhecer?



segunda-feira, 20 de julho de 2015

ler traz felicidade

Desenho daqui

A leitura traz felicidade e isto não é uma afirmação vã. Basta pegar num livro quando estamos transtornados e começar um parágrafo para experimentar de imediato uma realidade diferente da que nos pôs naquele estado.
Quando não consigo meditar e, através dessa prática, readquirir o meu equilibro, leio. Ou desenho, ou pinto, ou ouço música. Às vezes vejo um filme. Algumas pessoas ligam a televisão e vêem novelas. Outras recorrem a palavras cruzadas, sudokus, grandes questões matemáticas ou da física. Ou numa mais corrente forma de concentrar a atenção como a jardinagem, a cozinha ou o arranjo de uma torneira.
Todos nós temos, sem nenhuma forma especial de aprendizagem, estas formas de nos concentrarmos numa tarefa que nos desliga de um momento difícil para nos mergulhar num outro espaço e tempo em que a realidade tem um ritmo e uma tonalidade muito mais apaziguadoras.
Não consigo meditar é uma expressão sem significado para quem tem consciência de todos estes pequenos instrumentos de acesso imediato à paz e à felicidade.
Ficar em sossego, bem sentado, a prestar atenção à respiração, ao movimento do ar que entra e sai do nosso corpo é tão bom como pegar num livro e mergulhar num outro espaço mental, ou cozinhar com atenção um prato que nos apeteça no sossego da cozinha.
É tão bom como ouvir um concerto e deixar que as emoções corram de vez com o nosso constante esforço para julgar tudo e todos à medida do que tão bem nos treinaram para fazer e tão mediocremente molda as nossas vidas.
Ler traz felicidade e contacto com o mundo dos outros. É o nosso veículo de transporte mental para vidas, viagens, sonhos e aventuras que existem em outras cabeças e que podemos partilhar instantaneamente.
Ler livros é uma obrigação quando tudo o resto que é preparado para nosso consumo se limita a pacotes de regras, leis e notícias cuidadosamente formatados para nos amargurarem a vida e nos manterem sob o efeito do medo, a droga mais mortífera e livremente traficada dos nossos dias.
Leio com consciência de que quem escreve produz uma diversidade e uma abundância de oportunidades a que dificilmente se tem acesso num mundo aparentemente desesperado e desertificado pela falta de ideias, de nobreza e de entusiasmo pela aceitação de outras formas de ver, sentir e pensar.
Fico mais feliz assim, sabendo que o que os livros me trazem são as ideias de quem vive mentalmente muito mais do que parece possível e que partilha comigo essa riqueza extraordinária.


terça-feira, 24 de março de 2015

absolutamente felizes

Melucha, Marita, Ana Margarida (foto: M.V. Moreno Ferreira - Vila Paiva de Andrade, Gorongosa)
Usamos o passado para calcular o futuro e, dessa forma, devíamos fixar-nos em momentos absolutamente felizes, como este, de uma infância vivida sem a pressão de memórias desagradáveis. Dessa forma não envenenávamos o presente e evitávamos o pavor de futuros que só desatinam na nossa cabeça.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

grupos, separações e apegos

Green Tara, by Christine McDonnell
Há gente que embirra com grupos. Era o que faltava, rosnam quando falam de igrejas, religiões, maçonaria, claques de futebol, reuniões disto e daquilo, e opus várias.
Esquece-se da empatia natural que nos leva a juntar-nos a outros nos mais variados contextos. Da evidente necessidade de comungar coisas simples ou complicadas. De que nenhum indivíduo entra sozinho num paraíso, num céu ou nas esferas espirituais, pois essa é a mensagem que nos recorda fazermos parte de um todo que, a despeito das aparências, é a nossa essência divina, a nossa salvação ou reencontro com a inequívoca herança com o eterno: a unidade.
Essa é a verdade que preside à necessidade que temos de nos juntar em grupos e de partilhar o que temos em comum.
Quando fazemos parte de um grupo e, na sua dinâmica, introduzimos as diferenças, os pudores, os clubes adversários, as filosofias ou as religiões que antagonizamos, estamos a desprezar a sua função original e única, que é a de nos reunirmos no espírito, apesar de divididos na matéria.
Quando excluímos do nosso convívio de origem divina aqueles que têm formas diferentes de viver e de escolher é do nosso todo que separamos o que não nos agrada, mas que também faz parte da nossa identidade colectiva, da qual nunca estamos separados, mesmo acreditando nisso com os nossos olhos e emoções terrenas, materiais e limitadas.
O grupo sou eu e tu e todos os outros. O grupo é a nossa identidade única, de que todos fazemos parte e que nos leva, em primeiro lugar, a aproximarmo-nos dos outros, dos que nos completam como parte da alma colectiva que é o graal de todas as coisas.
Por isso, que sentido faz arranjarmos mais diferenças para justificar a separação, se o nosso único anseio é a comunhão e a totalidade, o contacto com o espírito eterno e infinito de que todos somos parte? Que sentido faz desligarmo-nos de alguém ou de outros grupos que reconheceremos, mais tarde ou mais cedo, que são o mesmo que nós?
Guerras santas e rivalidades são apenas uma forma de adiar o reconhecimento da plenitude, uma forma de apego ao material que temos o dever de reconhecer e erradicar como um obstáculo à felicidade.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

birras das crianças


Quando as coisas não lhes agradam, as crianças queixam-se, choram, fazem birra. Não têm outra forma de se manifestar, nem outras ferramentas para o fazer. Têm adultos que agem por elas, no sentido de lhes proporcionarem aquilo de que precisam.
As queixas deixam de ser uma opção quando crescem e passam a ter à mão as mesmas ferramentas das pessoas que delas cuidaram. Portanto, passar a vida adulta a fazer queixas e escolher não utilizar meios de gente crescida para resolver a vida é uma opção discutível.
É imaturo passar a vida ao lado de alguém de quem se diz mal, fazer queixas do patrão e do trabalho e não fazer nada para mudar de emprego ou a situação, protestar contra a injustiça e os políticos corruptos e não sair de casa para ir votar quando chega a altura.
As queixas são pretextos e desculpas para não se fazer o que está certo, o que é lógico e correspondente a quem cresceu e tem ferramentas para resolver as suas questões. Acontece que não há desculpa para não se fazer aquilo que nos apetece e nos parece justo. 
Passar o dia em queixas e protestos é extenuante. Até podemos começar por aí, mas o que vai mudar realmente alguma coisa é agir de acordo com o que queremos. 
Escolher a acção é mudar a nossa vida de um momento para o outro, sair do pesadelo e começar a andar na direcção do que queremos. 
Será assim tão difícil investir nas soluções o mesmo que investimos nas queixas? Será tão extraordinário viver como adultos em vez de estar sempre a fazer a birra das crianças?

quarta-feira, 24 de julho de 2013

o dinheiro e as eleições (ser em vez de ter)

o 
Imagem daqui
Acumular dinheiro tornou-se, na nossa sociedade, um símbolo de sucesso, de poder, de coisa meritória. Há gente diligente que desperta todos os dias com vontade de fazer coisas e põe isso em marcha com acções que produzem riqueza. Essas pessoas são ricas, não apenas em dinheiro, mas no total das suas vidas, que aproveitam para pôr em marcha de todas as formas que consideram úteis e válidas.
Outras pessoas confudem simplesmente o dinheiro com os seus anseios. Em vez de acumularem as coisas que provavelmente os fariam felizes, confundem o símbolo com a finalidade das suas vidas.
O único motivo pelo qual achamos que precisamos de dinheiro é para suprir o desejo que sentimos por coisas que nos podem causar satisfacção e felicidade.
Quando os políticos e outras figuras destacadas da sociedade falam em dinheiro e riqueza estão a referir-se directamente às nossas possibilidades e capacidades para sermos ou não felizes. Usam o símbolo para nos aliciar ou assustar em relação à forma como sentimos a vida. Agradável se tivermos dinheiro, horrível se não for esse o caso.
A geração de riqueza que tantos discursos apregoam não é a multiplicação dos euros ou dos dólares, fracos substitutos das nossas emoções e da nossa vontade de sermos felizes. E são fracos não porque sejam maus, pois são apenas um símbolo neutro, a que nós atribuímos uma boa ou má conotação, conforme o nosso discernimento em determinado momento.
O discurso da riqueza que actualmente se faz é para convencer toda a gente que alimentar um sistema baseado na multiplicação do dinheiro é o grande sentido da vida. Que sem isso tudo o resto desaparece. E, na verdade, se de repente todo o dinheiro desaparecesse, ninguém sucumbiria e, provavelmente, outro símbolo surgiria, ou seria criado, para medir o valor das coisas e das trocas entre as pessoas.
Acontece que as pessoas se sentem cansadas de estar sempre a ser medidas por um símbolo sobre o qual não têm controlo. Que um pequeno grupo monopoliza e manipula para manter toda a gente miserável e na expectativa da felicidade.
O que está mal na política e nos seus representantes é o constante adiar da vida para um futuro que poderá ser melhor se todas as irracionais exigências monetárias forem cumpridas, quando a felicidade está em viver hoje de acordo com o que todos temos e que o dinheiro nunca poderá comprar: a vida e a muito mais terrena capacidade para a gozar agora, com tudo o que ela nos oferece.
Muitos são os candidatos que se apregoam da mudança e contra o actual estado da Nação, da Europa e da crise mundial. O certo é que, até agora, todos eles falam na riqueza que é preciso gerar em tempo de crise, perpetuando os medos e as promessas com muitas palavras que até parecem novas e de esperança. Mas nenhum consegue chamar os bois pelos nomes e propor uma verdadeira mudança.
A única que até agora apresentou uma alternativa concreta é a candidatura de Isabel Magalhães e do movimento por ela criado, o Ser Cascais. Com frequência, refere o Ser em vez do Ter, verbalizando com muita simplicidade o que todos queremos: ser considerados para lá do símbolo do dinheiro e dos seus jogos, recuperados no valor que todos carregamos, sem excepções.
Uma única voz diz o que é necessário para mudar de facto e arranjarmos um novo e satisfatório símbolo para os nossos desejos e para a nossa felicidade. E isso só se consegue ouvindo com atenção Isabel Magalhães e a sua simples proposta: sejamos!
O movimento Ser Cascais não tem dinheiro e não propõe esse símbolo como meta para atingir a felicidade dos cidadãos. Propõe o acesso directo a ela e ao sucesso, independentemente do estado da Nação e da sua adesão negativa a um símbolo que já todos identificam como um negro carrasco sobre as cabeças das pessoas em todo o mundo.
Seria de esperar que uma proposta tão assertiva fosse, no mínimo, replicada pelos outros intérpretes da política. Para o que seria preciso que entendessem a sua própria escravidão ao símbolo e ao significado que lhe atribuem. Mas isso não acontece, porque são pessoas que não se levantam todos os dias com gratidão por estarem vivas e com entusiasmo por cada momento em que são, em que existem. São pessoas que sentem o jugo e a pressão, não tendo muito mais consciência do embuste em que incorrem do que os demais cidadãos.
No caso de Isabel Magalhães, o Ser em vez do Ter, e da sujeição implícita, basta para justificar a enorme fé que tem na vida e nas capacidades de cada indivíduo. O seu trabalho não é político no sentido convencional e degradado do termo. É o de apontar um caminho e exibir os seus bons resultados pessoais como exemplo de que uma atitude diferente compensa e recompensa.
É uma mudança de consciência que já está à nossa frente. Não chega avisar os políticos que as pessoas já estão conscientes dos seus jogos e dos seus logros. Impõe-se mudarmos a nossa atitude e gozar os frutos dessa mudança, de Ser em vez de Ter. 
A diferença está em ser de imediato como se deseja ou procurar ter qualquer coisa que só pode ser um fraco símbolo ou substituto do que realmente queremos.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

silêncio

Foto Robert Rabbin
Não há convulsão no silêncio. Quando chega o momento, é para lá que me retiro. Fora do alcance do ruído e do caos, só a liberdade se sente. Só paz, só felicidade. Bem-aventurados são os que cultivam o silêncio e não se sentem na obrigação de acompanhar a agitação e a comoção alheia.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

o novo ano

all rights by MMFerreira
Pode parecer pop, ligeiro e até infantil, mas vai ser assim o meu novo ano. Simples, alegre e feliz. O mesmo desejo a todos os outros, amigos e inimigos, indiferentemente.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

a verdade

A verdade é que não sou, nunca fui e não tenciono ser extremista. Nem sequer de esquerda ou de direita. Nem centrista. Nem nada que alguém me chame e que não tenha pés nem cabeça.
Bem sei que é difícil perder o hábito de chamar nomes às pessoas. Mas não é impossível. É um processo de aprendizagem e posso debitar sobre isso porque, a certa altura da minha vida, compreendi que etiquetar pessoas é chamar-lhes nomes, muitas vezes assim como quem diz palavrões. E a partir daí engajei-me no processo de parar de chamar coisas aos outros. Até a mim.
Por isso, quando me chamam extremista, só têm razão no sentido em que procuro levar as coisas tão longe quanto possível, quando me parece bem e meritório.
Já de esquerda ou de direita, centro, lateral, etc., talvez haja de facto idades em que tudo tem de ser mais 'sim ou não' para todos nós. Mas não cresceu a sério quem não consiga admitir que esquerdas e direitas e outros flancos têm todos os seus méritos e os seus deméritos.
O importante é ver o bom nos outros e compreender que quanto mais bons, mais hipóteses de lhes encontrar os respectivos inversos. Mas é assim a vida, um pacote de opostos que nos ensina a beleza de escolher e do livre arbítrio.
Já na política, que é o assunto a propósito do qual vem esta prosa, no momento actual é de grande maturidade entender que já ninguém vê as coisas a preto e branco. Que a altura não é de recorrer aos padrões da passada Guerra Fria, mas sim entender o esboço de novos modelos e abraçar novas propostas.
Além disso, está bom de ver que qualquer extremismo exige boas pernas, prontas para correr à frente de cargas policiais e outras reacções quejandas, coisa que não se coadugna com o inexorável avançar da idade. Prova da sensatez da Natureza, que trata de divorciar a boa condição física de uma maior acuidade mental, abrandando os excessos e remetendo-os para idades em que menos males podem causar sem a ajuda da experiência.
As flores, a contemplação, a tranquilidade e a cabeça nas nuvens sempre estiveram mais de acordo com as minhas expectativas de vida, os projectos e a felicidade com que me comprometo.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

o poder de uma relação


Sou um universo dentro de um universo. E se quero dar-me bem nessa relação, tenho de entender as suas regras de funcionamento. Para isso tenho de aprender algumas coisas. O conhecimento científico concentra-se nos pormenores para, um destes dias, chegar ao Grande Esquema de Todas as Coisas. Eu, que não sou cientista, uso modestos modelos à minha escala. Olho, por exemplo, para o João, que é um universo como eu. Quero dar-me bem com ele, por isso fico atenta aos sinais que me envia e tento alinhar a minha actuação por esses sinais. Não posso chegar ao pé do João, que é o universo, e acotovelá-lo, empurrá-lo, suprimir partes de que não gosto. Isso tem consequências que, sem dúvida, serão desagradáveis e incontroláveis para mim. Por isso, chego-me, mansa, e observo, aprendo, não faço nada que não gostasse que fizessem no meu próprio universo. E consigo a tal relação. Creio que é esse o sentido que se atribui às leis universais: procurar uma relação harmoniosa com o universo. É claro que a fé também desempenha aqui um grande papel. O meu mundo/universo só evolui na medida exacta do que eu acredito que ele se pode tornar. Se eu acreditar que o universo é uma coisa caótica e temível, então essa é a opção que faço e vou à procura da confirmação necessária. Num instante, toda a minha energia e atenção se focam nessa opção e o meu universo transforma-se, num instante, na coisa caótica e temível que me dei ao trabalho de imaginar e escolher. No entanto, há mais opções. E entre elas também está a minha possível opção de viver num universo cheio de potencial, harmonioso e feliz. O meu livre arbítrio molda, nesse caso e todos os dias, o meu universo. Tudo se resume à relação que criamos com as coisas e com os outros: uma boa escolha traz sempre bons resultados; o medo e as suas fantasias apocalípticas, traz o equivalente para a nossa vida. É difícil escolher? Nem por isso. Mas as décadas de propaganda de desgraça com que nos bombardeiam produzem frutos e fazem-nos acreditar que nada mais há senão isso. Perceber que sim, que há sempre escolha, pode ser difícil quando passamos a vida com medo que o céu nos caia em cima da cabeça. Mas façamos como o Peter Pan: viremos as costas à Maldade; não a vemos, não a ouvimos, não lhe reconhecemos a existência. O que fica? Tudo isso, mas num palco vazio, sem público, sem um espelho para lhe devolver as maldades.