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sexta-feira, 20 de julho de 2018

o tamanho da realidade


É muito fácil perder-me entre coisas bonitas e que me oferecem de bandeja alguns dos melhores e mais importantes momentos da minha vida. Como a experiência é apenas minha, parece quase sempre estranha aos outros. O que é natural, porque as suas experiências é que contam para cada um deles.
A chave da questão é o processo, que é comum para todos. Mudam os pormenores, mas tudo o resto é idêntico. Ter uma boa noção daquilo em que consiste o processo é um factor essencial para reconhecer e apreciar a experiência dos outros e, obviamente, a nossa. Só dessa forma podemos olhar com olhos dever para o que é comum a todos e admirar as diferenças que, simultaneamente, nos distinguem e se complementam.
O exercício de entender a unicidade e a riqueza da sua diversidade não é fácil sem a identificação do processo que nos liga a todos. E essa tremenda realidade também não pode fazer-nos perder de vista a beleza dos processos individuais.
É como se dispuséssemos de uma tela de porporções gigantescas, mesmo infinitas, em que cada um pinta as suas cores e decide que formas lhes há-de dar. Todos os trabalhos se encaixam perfeitamente uns nos outros e não há princípio nem fim para o processo.
Temos sempre duas formas de olhar e apreciar esse tipo de pintura: de muito próximo, como se a nossa parte da tela fosse a única existente; ou de longe, como parte da teia de criatividade que se estende por uma superfície infinita.
Como se, com uma mesma lente, usássemos o zoom para aumentar e dimimuir o tamanho da realidade que queremos encarar.

terça-feira, 19 de junho de 2018

comunhão

Há uma razão para procurar a comunhão com os outros, respeitando a energia que se gera em conjunto quando se abandona o tumulto da individualidade cega. É diferente do exercício social de todos os dias, em que a energia pessoal lembra uma corrida desnorteada de carrinhos de choque.
Com os outros é preciso estar num modo comum, que funciona como uma ligação perfeita de várias fontes numa colaboração para um único fim. O que se faz, habitualmente, é tentar o bom funcionamento de uma ligação destrambelhada, sem consciência do adequado benefício mútuo.
As regras sociais não contemplam a compreensão desse benefício. Ditam-se pela aparência do que pode resultar da reunião de muitas individualidades diferentes. Continuamos a portar-nos como esferas loucas em atrito numa bolha de limites decididos pelo que hoje se toma por racional.
É difícil encontrar lógica e desfechos prováveis num método que se rege pela aparência e pela negação de tudo o que não passa apenas pelos cinco sentidos. É envolver a vida nas fronteiras do seu mínimo denominador comum, aniquilando todos os seus outros ilimitados atributos.
Levam-nos a palma todas as criaturas ditas irracionais que se reúnem regularmente para temperar a sua energia, mesmo na hipótese da sua falta de consciência do poder desse acto. Na sua missa (do latim mitto, -ere, enviar, mandar, de Ite, missa est, ide, está enviada [a oração ou a mensagem]) silenciosa e tácita, fazem a invocação necessária para o seu melhor funcionamento como grupo e indivíduos.
Assim fosse com as tontas baratas humanas e muita irracionalidade se pouparia.

[Nota imprescindível: nenhum animal racional ou irracional foi sacrificado para prova dos factos aqui registados; toda a invocação se limitou ao riscar da tinta sobre o papel, depois de devidamente apresentada a maior gratidão necessária para com os elementos de produção de pigmentos e tecido celulóico.]