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sábado, 27 de junho de 2015

os meninos grandes que não partilham o recreio



O problema dos Portugueses e dos outros países é a pequena distorção do conceito de democracia que foi introduzida na prática política de quem se faz eleger pelos outros. Não é necessário ter uma maioria absoluta para governar, visto que isso diz respeito às ditaduras e não às democracias.
Em algum ponto da sua luta pelo poder, os agentes políticos esqueceram-se do que estão a fazer e do que representam. Usando a capa da democracia, instalaram a ditadura dos grandes partidos e querem mantê-la exigindo maiorias para não terem de negociar as melhores soluções para todos. Com a maioria, impõem as suas soluções e está tudo bem.
Ora, se as pessoas elegem representantes de três grandes partidos e ainda mais alguns de mais meia dúzia, todos eles deviam estar presentes na Assembleia da República, no Governo e nas Autarquias. Todos eles deviam participar das decisões e soluções, para que de facto se respeitasse a totalidade dos votos vertidos em urnas.
Dessa forma não se verificaria a ditadura dos grandes e dos seus interesses e todos seriam obrigados a considerar todas as soluções e a encontrar a melhor moldura para todos os portugueses e não apenas daqueles que conseguem ver-se representados nos órgãos de governação.
Isso não acontece e o resultado é a pior das soluções para todos, incluindo os ricos e poderosos beneficiados com as suas alianças temporárias com os partidos poderosos. O sistema favorece desta forma as iniquidades e a corrupção, assim como as perseguições políticas e policiais dos heróis e vilões, assim que a liderança muda.
O problema do senhor António Costa, assim como do senhor Passos Coelho, do senhor Paulo Portas e outros senhores, que há muito tempo deixaram de crer na democracia e apenas viram nela um trampolim para as suas ambições pessoais, é apenas a enorme falta de respeito que têm pelo princípio da igualdade entre todos os seres humanos e a sua incapacidade pessoal de encontrarem soluções em conjunto com os líderes de outras ideias para a governação.
Os seus preconceitos sobre quem deve governar o País são moldados pelo seu receio constante de perder o poder a que nunca tiveram direito, por ter sido obtido pela mentira de que acreditam nos ideais democráticos. Mas, no fundo, nenhum deles suporta sequer a ideia de negociar com outros que lhes possam roubar o protagonismo e o poder que amealharam de forma ditatorial, aos empurrões a quem não usa as mesmas armas, nem quer impor-se pela força.
Os seus projectos de governação, não são, por isso mesmo, aceitáveis nem viáveis. Continuarão a servir apenas os seus interesses e não os dos governados. A melhor solução é a que a todos serve e isso não é o que querem, pois nos seus projectos há sempre quem ganhe e quem perca. O investimento em todos é uma porção vazia na cabeça e nas intenções deste tipo de políticos.
O problema é que os movimentos que se assumem como alternativa também sofrem da mesma privação, de tão moldados ainda aos usos e hábitos partidários. Não produzem soluções aceitáveis porque a sua preocupação é derrubar o poder e, isso conseguido, ficam com o poder no mesmo figurino existente. Tudo o que sabem é o que não querem e não preconizam o que rela mente deve ser feito.
Se as pessoas votam em cinco partidos, esses mesmos cinco devem integrar todos os órgãos de governação, participar e assim validar o acto eleitoral e a vontade das pessoas que através dele expressam a sua vontade. Se dezoito são votados, então são dezoito, ou dezassete, se um deles tem apenas o voto do vizinho do lado, a governar e a colaborar para soluções que a todos abranjam e beneficiem.
Essa é a democracia desejada e não há ninguém que não se sinta frustrado e desesperançado depois de participar num acto eleitoral, verificando que o seu investimento político vai ser desprezado e, se possível, perseguido e aniquilado, apenas porque não é suficientemente forte. 
Que raio de estado de direito permite que estas pessoas vivam em terror após as eleições e que os seus direitos passem a valer menos que os dos outros por causa disso? Que lei valida este tipo de abuso durante quatro anos e permite que se instale uma caça às bruxas durante esse período? Nenhum e nenhuma que de facto defenda o interesse dos cidadãos, independentemente da raça. do sexo, da religião e, certamente, das suas convicções políticas...
A única solução que uma crise exige é a que serve todas as pessoas e elaborada por todos os seus representantes. Porque a crise é um conflito tremendamente mal avaliado, sobretudo se os instrumentos que a provocaram são os mesmos que se voltam a utilizar para tentar encontrar a solução. Isso faz sentido? Então porque não mudam o que realmente interessa? 
Quando estamos a falar de serviço público não estamos a falar dos meninos maiores que empurram os mais pequeninos no recreio. Estamos justamente a falar de evitar que os meninos grandes fiquem com recreio e as brincadeiras só para eles, que é o que acontece com os políticos actuais, que vestiram a farda mas passam o dia a fugir das suas obrigações, de tão ocupados que estão em garantir e exercer o seu poder, em vez de praticarem a democracia.