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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

sopros

 

"belonging" by MMF

A lembrança de que pertencemos a este mundo de uma forma que não estamos habituados a considerar. É o que acontece numa inspiração, durante uma meditação. Inspiramos e recuperamos a memória do que nos liga a esta vida. Um sopro, do qual cuidamos levianamente. Que nos esquecemos de cultivar.
De algum modo, a respiração é o que nos liga a este mundo, que só não é mais estranho porque ele também existe na dimensão da mente. E da construção que dele fazemos com as nossas experiências, emoções e sonhos.
Queremos acreditar que este mendo existe além de nós e isso até é verdade, porque somos sete biliões de mentes a construir a sua realidade simultaneamente. Num jogo em rede que ainda não se consegue replicar em simples softwares de aparelhos electrónicos.
Como é que se pode imaginar a tremenda ligação entre todas as mentes enquanto se dedicam a tempo inteiro à construção dos seus mundos individuais? Com é que se pode ter uma ideia da louca variedade de conceitos e experiências a que se entregam? Ou às decisões a que conduzem?
E este mundo em que andamos, a ser moldado pela teia de impulsos que originamos? Ou como a ponta do iceberg num universo que se acredita infinito?
Estaríamos cansados de tão imensa falta de limites quando decidimos vir para um insignificante planetazinho e viver uma experiência tão diferente? Ou não se, como se diz, em baixo como acima. Lá voltamos nós às teias que se misturam interminavelmente.
No final, haverá mesmo paz para a fadiga de quem assim guerreia?

segunda-feira, 20 de julho de 2015

ler traz felicidade

Desenho daqui

A leitura traz felicidade e isto não é uma afirmação vã. Basta pegar num livro quando estamos transtornados e começar um parágrafo para experimentar de imediato uma realidade diferente da que nos pôs naquele estado.
Quando não consigo meditar e, através dessa prática, readquirir o meu equilibro, leio. Ou desenho, ou pinto, ou ouço música. Às vezes vejo um filme. Algumas pessoas ligam a televisão e vêem novelas. Outras recorrem a palavras cruzadas, sudokus, grandes questões matemáticas ou da física. Ou numa mais corrente forma de concentrar a atenção como a jardinagem, a cozinha ou o arranjo de uma torneira.
Todos nós temos, sem nenhuma forma especial de aprendizagem, estas formas de nos concentrarmos numa tarefa que nos desliga de um momento difícil para nos mergulhar num outro espaço e tempo em que a realidade tem um ritmo e uma tonalidade muito mais apaziguadoras.
Não consigo meditar é uma expressão sem significado para quem tem consciência de todos estes pequenos instrumentos de acesso imediato à paz e à felicidade.
Ficar em sossego, bem sentado, a prestar atenção à respiração, ao movimento do ar que entra e sai do nosso corpo é tão bom como pegar num livro e mergulhar num outro espaço mental, ou cozinhar com atenção um prato que nos apeteça no sossego da cozinha.
É tão bom como ouvir um concerto e deixar que as emoções corram de vez com o nosso constante esforço para julgar tudo e todos à medida do que tão bem nos treinaram para fazer e tão mediocremente molda as nossas vidas.
Ler traz felicidade e contacto com o mundo dos outros. É o nosso veículo de transporte mental para vidas, viagens, sonhos e aventuras que existem em outras cabeças e que podemos partilhar instantaneamente.
Ler livros é uma obrigação quando tudo o resto que é preparado para nosso consumo se limita a pacotes de regras, leis e notícias cuidadosamente formatados para nos amargurarem a vida e nos manterem sob o efeito do medo, a droga mais mortífera e livremente traficada dos nossos dias.
Leio com consciência de que quem escreve produz uma diversidade e uma abundância de oportunidades a que dificilmente se tem acesso num mundo aparentemente desesperado e desertificado pela falta de ideias, de nobreza e de entusiasmo pela aceitação de outras formas de ver, sentir e pensar.
Fico mais feliz assim, sabendo que o que os livros me trazem são as ideias de quem vive mentalmente muito mais do que parece possível e que partilha comigo essa riqueza extraordinária.