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terça-feira, 28 de maio de 2019

opressão

"opressão" by MMF
Há que enunciar as coisas com clareza. Honestidade também. Só dessa forma se entendem conceitos simples e profundamente esclarecedores. Como o da discriminação, por exemplo, que só tem um sentido: de cima para baixo. Ou seja, de quem pode para quem pode menos. Simples opressão, só porque sim, porque se pode, porque ninguém se atreve a contradizer um mau hábito, uma cobardia aplicada por quem está numa posição de força a quem está menos forte. Pela insuportável dor que a diferença parece provocar em quem aparentemente é muito mais forte. No entanto, a opressão é um ataque e é sabido que só ataca quem medo. E que tanto temem então os poderosos? E os que não atrevem a contestar os poderosos?
Foram precisos séculos para reconhecer que a discriminação contra os negros era uma opressão condenável. E ainda não se erradicou. Quantos mais séculos serão necessários para chamar pelo nome a opressão contra as mulheres, minorias sexuais, étnicas, religiosas ou, simplesmente mais livres de preconceitos paralisantes? Porque é paralisante falar em discriminação e não, simplesmente, em opressão. 
Em rigor, ninguém se pode considerar consciente e honesto se não entender esta verdade. O simples facto de se viver numa sociedade em que prevalece a parte masculina da Humanidade é uma prova inequívoca de que a opressão é uma forma de estar muito bem aceite. E quem é que pode, conscientemente, declarar-se livre de preconceitos sem mentir descaradamente a si e aos outros?


quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

coisas do mercúrio



Deve ser do mercúrio retrógrado, que possívelmente afecta mais os meus neurónios que os dos comentadores políticos. O certo é que achei toda a cerimónia de posse triste, triste, triste. Se me tivessem dito que era um velório, tinha acreditado, juro que tinha.
E os comentadores, numa excitação, a falarem do que poderá ou não mudar com Obama. Para já, o homem não mudou coisa nenhuma. As pessoas sim, mudaram. Tanto mudaram que o puseram lá. Será isto difícil de perceber?
Em vez de alegria, vi muita gente taciturna e muita invocação de Deus à maneira das igrejas evangélicas norte-americanas, o que só me fez pensar o que vai de facto mudar, e se calhar para pior, com tanto espírito religioso à solta pela nação mais poderosa do mundo.
Porque a verdade é que nada há de inovador e revolucionário nessas igrejas e nas atitudes por elas moldadas. Será que nos preparamos para mais uns valentes retrocessos sociais em nome do que é bíblico e rígido da fé cega da maioria dos crentes norte-americanos?
Depois, até parece que Deus prometeu a liberdade apenas aos negros, especialmente aos da América do Norte. E que a constituição norte-americana de repente virou verdade porque se elegeu o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
Até a "tolerância" apregoada me fez arrepios. Não desejo ser tolerada, pelo amor da santa...
E os jornalistas a insistir no registo de excitação e entusiasmo, que não vi em lugar nenhum. Deve ter sido o mercúrio retrógrado...

domingo, 21 de setembro de 2008

colonização do império

No passado dia 1 de Setembro, o canal de televisão britânico Channel 4 transmitiu o documentário "Undercover Mosque: The Return". Uma repórter muçulmana, com uma câmara escondida, dirigiu-se à maior mesquita londrina, em Regent's Park, para se juntar ao grupo de mulheres que ali assiste regularmente à cerimónia religiosa numa galeria separada dos homens. A seguir, horas de doutrinação, com Amira, uma muçulmana educada na Arábia Saudita, a instigar simplesmente à morte de todos os que estão contra o Islão - cristãos, que segundo ela são repugnantes, mulheres adúlteras, homossexuais e pessoas que abandonam a fé muçulmana. "Kill, kill, kill", é a frase com que a doutrinadora termina cada explicação e exemplo.
O documentário mostra também o acolhimento, na mesma mesquita, de grupos de jovens e pessoas de outros credos, no âmbito de um programa que teve o aplauso do governo britânico e destaque nos principais meios de comunicação social do país. A iniciativa destina-se a dar a conhecer o Islão aos não muçulmanos para uma melhor integração entre as diferentes comunidades. A seguir às sessões, o discurso da doutrinadora muda radicalmente e volta ao original catecismo extremista e instigador de violência.
O documentário é uma visão parcial e desconcertante da Inglaterra de hoje, em que vários grupos religiosos, que não apenas os muçulmanos, ao abrigo das estritas leis britânicas de defesa dos direitos à liberdade de culto e de minorias, usam esses mesmo direitos para se instalar na Grã-Bretanha, doutrinando e instigando contra as liberdades de outras minorias.
Igrejas de todas as denominações proliferam por todo todo o lado. Há uma constante circulação de grupos, missionários e crentes que, com vistos de estudantes, multiplicam os seus números com imigrantes de todas as nacionalidades e de todos os cantos do mundo. Não se sendo britânico ou europeu, os estudantes só podem trabalhar um máximo de 20 horas semanais, cobrindo os grupos e comunidades religiosas parte das suas necessidades básicas com alojamento mais barato e trabalho prestado dentro das comunidades, muitas vezes em condições muito pouco dignas, mas validadas pelo "espírito de missão".
O afluxo de imigrantes não qualificados, tornado em mão-de-obra barata, tem as simpatias das grandes cadeias retalhistas do Reino Unido, que o usam como uma "best practise" de "management" e as tornam mais competitivas em relação ao comércio tradicional. No entanto, a força de trabalho barato que parecia ser um "eldorado" para economia britânica já a sentir os efeitos da recessão global, está a revelar-se um acelerador da crise económica e das mudanças irreversíveis da nova ordem mundial.
Quem ganha pouco também compra pouco e isso não se aplica apenas aos imigrantes. Os cidadãos britânicos com poucas qualificações vêm-se agora obrigados a competir em termos de igualdade com a mão-de-obra barata e também estão a perder o seu poder de compra, obrigando as empresas a ainda maiores medidas de contenção para manter os seus lucros à tona.
Entre a religião e a economia, o Império Britânico enfrenta hoje uma das maiores vagas colonizadoras de que há memória, em consequência directa das conquistas sociais das últimas décadas.