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sábado, 7 de fevereiro de 2015

os Peter Pan e os maus argumentistas

Greek Finance Minister Yanis Varoufakis, speaks on his phone during the vote for the president of Greece’s parliament in Athens. Photograph: Petros Giannakouris/AP
As portuguesas votariam em massa num Varoufakis, sim senhores. Votavam na careca, na ausência de gravata, na roupa casual, no sorriso sempre bem disposto. Votariam nele até começar a usar óculos, fatos cinzentos, gravatas estúpidas e até abandonarem a crença de que tudo pode ser diferente, assim o queiramos acreditar.
O Syriza pode seguir o mesmo caminho que os outros, pode ficar enterrado no poder muito maior do que a vontade local, mas também pode gabar-se de ter ressuscitado a esperança e a fé de quantos querem acreditar que tudo pode ser diferente. Os seus dirigentes-Peter Pan estão a encantar os pobres e oprimidos, os que ainda anseiam sonhar e não se vergar aos entediantes interesses financeiros alheios.
Enquanto os gregos sonham e esperam que um milagre se abata sobre as suas rebeldes cabeças, os portugueses asistem, impávidos, à esperteza suicida de políticos, bancos e empresas que sobem preços, despedem, manietam os cidadãos e, com ar de heróis de BD nonsense, declaram que estão a endireitar a vida do País.
Porque todo o acto é voluntário, mesmo se inconsciente, acredito que os cidadãos lusos têm em mente uma espécie de solução final, não de campos de extermínio, mas de deixar o caminho livre a quem tão bem se extermina por si só. Porque no final de todos os impostos e novas regras hitlerianas de uma economia que se tornou pirata e corsária contra si própria, com todos os seus alucinados anoezinhos da engenharia financeira a correr todos para o mesmo lado, os portugueses estão preparados para assistir ao fim do mundo com uma sandes de atum e um copinho de água da companhia tirada da torneira de uma repartição pública.
A escolha de capítulos a assistir é magnânima: bancos a chorar as centenas de milhares de casas vazias subtraídas às famílias, empresas cheias de intenções de produção sem consumidores à vista, governantes com polícias de todo o tipo à espera de cair sobre cidadãos que nem sequer têm como quebrar a lei.
É o cerco virado para si próprio, tropas de assalto preparadas para se abater sobre coisa nenhuma, pois não resta o que roubar, apreender, confiscar.
Cabboum!, diria o último quadrinho da BD nonsense, e: The End!
Há gente mesmo incapaz até de criar bons argumentos...

quinta-feira, 10 de abril de 2014

uma escolha basta

foto daqui
Gosto de dias de sorte e, portanto, das quintas-feiras, regidas por Júpiter e pelas suas alegrias. Esta quinta-feira li finalmente o texto de Alexandra Lucas Coelho sobre o país que não é de um presidente ou de um partido. E lembrei-me do mítico Peter Pan, que tem uma mensagem jupiteriana sobre o que é ou não nosso.
No mundo do rapazinho que não envelhece, vira-se as costas à bruxa má e aos pesadelos e eles desaparecem. Porque não se lhes prestando atenção, definham, perdem a força.
Seguindo este raciocínio mágico, que é afinal uma poção mágica e uma parábola encantadora sobre a forma como podemos livrar-nos do mal, às quintas-feiras (e nos outros dias) não vejo nem ouço notícias. Não presto atenção quando começam a falar na crise, nas doenças e noutras misérias. Erradico a propaganda do mal.
E não estou com isto a entrar num mundo de fantasia, porque o mundo é o que dele fazemos, fantasias incluídas. O mundo está na nossa cabeça e, se lá cabem terrores indizíveis relatados pela indústria de entretenimento em que se tornou o jornalismo mundial, por que não também dar lugar a algumas formas de felicidade criadas pela nossa vontade?
No fundo, toda a nossa vida se resume à escolha do que nos prende mais a atenção: o lado negro ou o nosso, colorido de acordo com as nossas cores? Porque a maior e a mais verdadeira ilusão é que a escolha não está nas nossas mãos, mas sim na de outros. Quando uma escolha basta para decidir o caminho que mais nos agrada, que mais tem que ver connosco.
Escolher o lado bom e amável da vida não é optar por fantasias e ilusões. É simplesmente negar aos outros o controlo da nossa vida através de fantasias e de ilusões que não nossas.
Uma escolha basta para conduzir a forma como vivemos pelas nossas normas e não as alheias. Quando aprendemos a valorizar mais o nosso bom senso e menos a falta que os outros têm dele, estaremos, como Peter Pan, a ignorar o lado mau da vida para, livremente, começar a viver a nossa.