Mostrar mensagens com a etiqueta rumores artísticos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta rumores artísticos. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

a arte de crescer

"Na companhia da morte" - Tic-Tac (Teatro Amador de Ciências), Porto
Uma pesquisa no Google sobre artes mostrou resultados sobre actividades artísticas e artes marciais. As primeiras eram as pretendidas mas, surpreendentemente, a linearidade do motor de buscas acabou por fornecer um fio condutor sobre as duas coisas.
Os agentes artísticos reclamam com frequência sobre o pouco público que vai ver o seu trabalho e do pequeno número de espectáculos que cada obra acaba por realizar. 
Sem minimizar o problema da sobrevivência, artistas e praticantes de artes marciais têm muito em comum.
Quem procura e pratica uma arte marcial fá-lo para seu próprio benefício, desenvolvimento pessoal e conhecimento. Faz tudo para se aperfeiçoar e sabe que os benefícios se seguirão. A satisfação que retiram de cada vez que mostram a sua evolução é garantida.
Do mesmo modo, o trabalho para um espectáculo é imenso e precedido de muitos anos de preparação. O resultado é igualmente aperfeiçoado ao longo do tempo e cada um deles manifesta as etapas do desenvolvimento do artista na sua disciplina de eleição.
O público, esse, numeroso ou não, também cresce com as construções nascidas da criatividade e entrega de cada apresentação.
O aperfeiçoamento pessoal está sempre presente para todos os intervenientes, em todas as formas de criação que observamos ou manifestamos. E o ganho é real, em uma ou muitas vezes que se repita o processo.
A vida e o trabalho enriquecem-se com a consciência do impacte que temos sobre uma ou muitas pessoas quando os exercemos e exprimimos com entrega e honestidade.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

não desistir de nós

foto: Maria Isabel Mota
If I fall short, if I don't make the grades' / If your expectations aren't met in me today / There is always tomorrow, or tomorrow night / Hang in there baby, sooner or later / I know ill get it right, // Please, don't give up on me / Oh please don't give up on me / I know its late, late in the game / But my feelings, my true feelings / Haven't changed / Here in my heart // I know, I know I was wrong, wrong wrong, wrong, wrong, wrong / I'd like to make amends for the love that I never, ever, ever, ever shown / Just don't give up on me, every word is true // I'll give you my everything, all of my love,all of my love, all of my love love love / Just don't give up on me / Oh please, please, please / Don't give up on me. // I don't want you to / I know its late, but wait, please, please, please, please / Don't give up on me / Promise, will you promise / will you promise me / Please don't give up on me // We can make it if we try / I'm gonna hold on, hold on with me'
And don't give up on me, oh-ooh, -oohohoooh -baby / Oh baby, Oh baby, please, don't-give-up-on-me / Whatever you do, we gonna make it, gonna make it through / Don't you give up on me, please, please, please Promise me / Don't-give-up-on-me.
(Autores: Bucky Hoy Lindsey, Carson Whitsett, Dan Penn; intérprete: Solomon Burke)

A arte tem uma forma subtil de nos conciliar com a nossa verdadeira natureza. De revelar verdades escondidas, ou esquecidas, sincronias connosco e com os outros. Por isso nos emocionamos com as manifestações artísticas, mesmo sem entendermos porquê. Procuramos explicações inteligentes sem nos darmos conta que as emocionais já nos disseram tudo.
Uma canção de amor, aparentemente dirigida a algo ou alguém fora de nós, é afinal uma grande oração de amor a nosso favor. À nossa imensa capacidade de amar e necessidade de manter esse amor, e a esperança que lhe está associada, como uma chama sempre acesa.
Uma oração de amor também ao outro, num reconhecimento instintivo da unicidade que nos liga e se revela igualmente no amor que lhe dedicamos.
Como diz a canção, é importante não desistirmos de nós e mantermos viva uma promessa nesse sentido. Uma invocação do melhor que há cá dentro não é jamais uma oração em vão. É a esperança e a concretização, na lembrança, dessa força divina que nos move, justifica e apenas necessita de um gesto mínimo para se manifestar.



domingo, 13 de julho de 2014

obediência




Autor do famoso poster de Obama, Hope, Farley começou como skater e a desenhar nas pranchas dos outros. Hoje comercializa roupa e posters, é um artista mainstream e insiste em questionar a obediência. E tu, obedeces?




quarta-feira, 9 de julho de 2014

o valor da arte

Toda a gente sabe que os artistas não têm onde cair mortos. Que o melhor é arranjarem trabalho, porque o que fazem não é classificado como tal. Só depois de mortos adquirem valor e são outros que arrecadam o fruto do seu trabalho.
Mesmo assim, o valor da arte transcende o material e supera-o em tudo. O material é do pó e ao pó volta. A arte, pelo contrário, é um labor do pensamento que, como o espírito e por lhe pertencer, tem a imortalidade como atributo máximo.
A capacidade de expor novos conceitos e transportar quem a observa faz da arte um caminho para a metade do pensamento que pertence ao amor, à verdadeira criatividade e ao que tudo transcende. Essas qualidade conferem à arte um valor incalculável, demasiado alto para causar o desconforto e a insegurança que fazem com que políticos e financeiros a remetam para o canto das actividades que nem merecem ser valorizadas.
Apesar disso, todos os materialistas se vão, como pó e a arte permanece, sempre com o inegável valor que tem, de pensamento livre e capaz de mudar outros pensamentos. E uma qualidade assim não se pode modificar, nem desaparece porque muitos se esforçam por a votar ao esquecimento. Ela existe e sempre existirá, a despeito de tudo e de todos.
Quem acha que a arte não é um trabalho falha estrondosamente no cálculo do valor da vida e está cego para a riqueza que ela comporta. Que não se mede nem pelos milhões que possa render depois da morte dos seus autores.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

maranghi femmes



Giovanni Maranghi nasceu em 1955, em Florença. Neto do pintor Alfonso Maranghi e filho de um marchand de arte, trabalha essencialmente a figura feminina. Estudou no Liceo Artistico e na Academida de Belas Artes da sua cidade natal. Aos 20 anos expôs em Bary, lançando uma carreira na Itália e no resto do mundo, como um dos artistas contemporâneos mais interessantes.
Membro da velha Paiolo di Firenze Company, uma associação cultural que nasceu em 1512, usa uma série de técnicas e estilos de pintura, incluindo colagens e materiais de moldar que levam muito tempo a produzir. As suas obras incluem pedaços dos blocos de notas, mapas, papel de fax e outros materiais sob a pintura.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

arte intensa

By NemO’s in Milano, Italy.
Hão-de querer arrumar-vos numa caixinha muito clean, embrulho perfeito e bonitinho, para massificação; apresentar-vos como animais de estimação lavados, escovados e bem treinados, para trotar em exposições; fazer todo o possível para mostrar como o vosso génio é polido, como um naco de carvão que vira diamante e perde o bruto para ganhar em faces muito lisas e adequadas aos olhos de quem mais aprecia o brilho do que a força que lhe dá origem.
Artistas e obras de arte são forças da natureza, ecos da realidade que não se molda a convenções. São jorros de verdade que se libertam pelas mãos de quem presta atenção ao que genuinamente importa na vida. Não sofrem de contenções impostas e antes aceitam o que a inspiração, o que é por direito inerente a toda a vida, lhes apresenta com generosidade. E retribuem de forma igualmente generosa, partilhando connosco a sua arte.
Intensa e de extremos é a obra destes xamãs dos nossos dias. Para eles não há meios termos e até a suavidade traz consigo uma intensidade insuspeitada. A vida é sempre curta para quem sabe que todos os momentos contam e que o fulgor não pode deixar de lhe pertencer.

terça-feira, 15 de abril de 2014

dores de Kusama



Um diferente universo criativo pode parecer-nos tão estranho e distante como uma outra dimensão, uma realidade que não nos toca. Mas vê-lo é reconhecê-lo, saber que ele existe e, por isso, fazer parte de nós. A energia e os conceitos de Kusama podem parecer-nos estranhos e, simultaneamente, familiares. Como estranha é a sua concordância em se fazer internar numa instituição psiquiátrica e, a partir de uma qualquer segurança aí estabelecida, continuar o seu trabalho de forma ainda mais espectacular e empenhada.
A dor presente parece ter-se transformado num motor de pesquisa e mudança, combustível para a sua produção artística.

domingo, 13 de abril de 2014

did I make a beautiful picture?



"What concerns me when I work, is not whether the picture is a landscape, or whether it's pastoral, or whether somebody will see a sunset in it. What concerns me is - did I make a beautiful picture?" - Helen Frankenthaler (N. New York, 12 de Dezembro de 1928 - M. New York, 21 de Dezembro de 2011)
("O que me preocupa quando trabalho não é se o quadro é uma paisagem ou uma pastoral, ou se alguém verá nele um pôr do Sol. O que me preocupa é - fiz um quadro bonito?")

Fiz da minha vida uma coisa bonita? Senti-me feliz? Deixei-me inebriar pela cor, pela alegria, pelas experiências que surgiram no meu caminho? Tive a presença de espírito necessária para escolher a parte da minha vivência que é completamente real, em vez de me deixar arrastar pelas fantasias do medo? Fiz o que me apeteceu ou receei tudo deixei-me prender nos medos imaginários de um futuro que só existe na minha cabeça?
Viver com cor, com certezas, com possibilidades é o nosso destino. Não o do atoleiro da falta de fé e de confiança.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

2014: génio e divindade

Imagem daqui: http://www.streetartnews.net/
Há beleza no caos, na criatividade que emana. Somos um pedacinho confusos, um bocadinho emaranhados, mas criamos como génios que se esquecem de que o são. Ou deuses com Alzheimer. Por vezes autorizamo-nos a deixar-nos levar pela corrente da nossa natureza e produzimos instantâneos do que somos. Que este ano seja um simples mergulho no nosso génio e divindade.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

criar a nossa realidade

all rights reserved by Marita Moreno Ferreira
As cores têm o soberbo efeito de produzir sentimentos de conforto, tranquilidade, alegria, expectativa, energia. É bom sentir que temos capacidade para produzir novas realidades e torná-las parte de nós e da nossa vida. É assim que me sinto hoje, cercada por um jardim de luz e cor.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

arte sem crise


A arte, a criatividade, nunca entram em crise nem deixam de ter adeptos. Nem durante conflitos bélicos, nem colapsos económicos, nem desastres naturais. Há uma disposição natural nos artistas que os faz levantar de todas as quedas e continuar a criar. Por instinto, sabem que aquilo em que sonham é para concretizar e fazem-no toda a vida, especialmente nos momentos difíceis. Não é complicado de entender e é um exemplo a seguir.

terça-feira, 22 de maio de 2012

os xamãs de hoje

Artwork by MMFerreira
 Na secura do materialismo dos dias de hoje, os artistas são os únicos xamãs aceites e autorizados pela sociedade. Repositórios de conhecimentos esquecidos e ligações misteriosas com mundos paralelos de imensa riqueza, materializam-nos em manifestações artísticas que nos devolvem visões surpreendentemente belas, equilibradas e arrebatantes da realidade.
Em oposição a quem considera a arte fútil e inútil, quando vejo as multidões que acorrem a concertos, espectáculos e outras realizações criadas por gente capaz de ver e viver além da parca economia de sobrevivência, regozijo-me sempre com a eterna capacidade para sonhar e reinventar a realidade de que são capazes os artistas.
Toda a gente sabe que a arte não dá de comer porque o ouve repetidamente ao longo de toda a vida. No entanto, poucos são os que resistem ao arrebatamento de uma canção, de uma representação, de uma pintura, de palavras ditas e escritas.
É magia, sim, essa forma de comunicar com o que dentro de nós explode quando se encanta com uma peça artística. É magia essa coisa de pegar em sentimentos, objectos inertes, irracionalidades e transformá-los em coisas que fazem sentido, sendo embora intraduzíveis mesmo quando é nas palavras que desenrolam a beleza pela qual todos suspiram.
É magia essa capacidade de apelar com tanta autoridade ao que dentro de cada ser humano grita por algo mais.
O artista é o xamã que, com olho mágico, escrutina a alma e arranca dela ansiedades incontroláveis, desejos profundos, novas visões. Momentaneamente despojado das amarras materiais, mergulha no inconsciente colectivo como um caçador de pérolas para trazer à superfície minúsculas porções de riqueza.
Pode passar uma vida inteira sem o reconhecimento material do seu trabalho ou dos seus pares, mas dedica teimosamente toda a sua energia ao que é a sua função nesta vida. O seu trabalho aparentemente irracional e louco completa lacunas e é em geral tolerado. De vez em quando, censurado, porque também há quem nele intua a capacidade de uma arma. Não das que tiram vidas, mas das que a renovam e revolucionam.
Sem o peso do controlo humano que onera crenças e religiões, o xamã-artista circula quase livremente entre nós, contribuindo decisivamente para a contínua transformação de ideias e conceitos. É um visionário cujo rótulo de inutilidade é, de facto, o seu melhor escudo contra o controlo do estabelecido.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

coisas bonitas

Arte plumária de povos indígenas amazônicos (Divulgação/Inpa)
As coisa bonitas não são inúteis, nem apenas bonitas. São modelos de uma certa harmonia, de um equilíbrio conseguido através de ores, de formas, de volumes. Servem sobretudo para nos lembrar que é possível arrumar quase tudo na nossa vida como uma peça de arte. Algumas mais bonitas do que outras. O importante é praticar o suficiente para conseguir alcançar um patamar que nos satisfaça.
Quando queremos mudar coisas importantes, devemos começar por nós. Ter consciência de que temos sempre coisas para arrumar e embelezar é sempre o primeiro passo para conseguir mudanças. Se o nosso espaço, o nosso universo, começar a ganhar mais harmonia, o mais provável é que ela contamine, como um bom vírus, o que nos rodeia.
Esta peça belíssima dos índios da Amazónia, que descobri por acaso num passeio por notícias e imagens da Internet, fez-me recordar a importância das coisas bonitas na nossa vida. Há quem diga que a Arte não serve para nada. Mas se assim fosse, por que razão moveria tanto esforço e tanta gente? Também há quem diga que a Arte não ajuda as pessoas, e que são as pessoas que ajudam as pessoas. Não concordo. Acho que a Arte ajuda muita gente e é, muitas vezes, um espelho muito agradável do que as pessoas podem ser, do que já têm dentro de si. Como uma semente pronta a germinar. 
O facto de encontrarmos coisas bonitas em todo o lado devia ser, por si só, um sinal de que há sempre beleza na vida.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

quadrados de loucura e porcos cheios de tinta cor-de-rosa

Pintura de Marion Rose


Há um filme que se chama Efeito borboleta, em que o realizador se empenha em contribuir para a paranóia humana, tentando demonstrar como o bater de asas de uma borboleta na China pode contribuir para um furação algures na América do Norte. Aposto que o funcionário das Finanças que hoje enviou uma carta ameaçadora a uma amiga e artista plástica, não esperava decerto desencadear um efeito borboleta com um simples comunicado de extorsão, perfeitamente legal, caso a senhora não pague uns quantos milhares de euros de dívida à SS (adoro a coincidência das siglas).
Ora, para quem tenta sobreviver do seu trabalho, como qualquer cidadão comum deste país, com a agravante de pertencer a esse exíguo grupo de gente de prática artística, cujo mérito jamais é reconhecido, senão quando se trata de enterrar cinzas e ossadas em cerimónias públicas, em sítios disparatados, alegadamente representativos da vida da criatura fenecida, uma conta calada, nesta altura do campeonato, é de pôr qualquer um com vontade de se atirar do quarto andar e esquecer a existência.
Mas como os artistas, ao contrário do que se diz e pensa, são gente avisada e prática, informada também das escassas probabilidades de êxito de empreendimentos suicidas (embora no cinema vinguem com auras de insuspeitado romantismo), a minha amiga resolveu transformar o desespero em matéria criativa e concebeu de imediato dois extraordinários planos, enquanto fazia dos meus ouvidos o seu caixote de lixo privativo.
Assim, sabiamente, imaginou os Quadrados de loucura e os Porcos cheios de tinta cor-de-rosa, com que está a pensar tomar de assalto uma instituição bastamente representativa, como a Assembleia da República.
À porta de S. Bento tenciona distribuir, como hóstias prontas a consumir, pequenos quadrados de papel (Quadrados de loucura) com inscrições ilustrativas da loucura de cada deputado da Nação, para que ruminem demoradamente nas alucinações que, afinal, não têm capacidade de poupar aos seus concidadãos. E umas almofadas de espuma embebidas em tinta cor-de-rosa (Porcos cheios de tinta cor-de-rosa), onde deverão assentar os respectivos traseiros e sentir, na pele, a incómoda sujidade que consentem diariamente.
Se fosse realizadora, documentaria com certeza cada passo destas ideias e da sua realização prática, segura do êxito cinematográfico que teria em mãos. Como não sou, resta-me contar-vos esta história que, a ter sequência, não deixarei de ilustrar aqui com letras e imagens.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

faz diferença

foto MMFerreira
Podia fazer como os outros e deixar-me estar. Ficar mais contente em produzir uma vitrina vistosa ou um ramo de flores de aparência exuberante. Mesmo que seja capaz de fazer essas coisas e outras com muito bons resultados, não é o que me apetece. Não é aquilo que vem de dentro e me empurra. Até de olhos vendados saberia o que esse empurrão significa e onde me dirigir. Sei que o meu objectivo está na teia das coisas e na descrição da sua beleza. É aí que quero chegar e estar.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

equilíbrios inimitáveis


Um simples passeio pela rua pode promover encontros destes, com uma imagem estampada a spray na parede de um prédio devoluto. Uma fracção de história da cidade de braço dado com uma moderna forma de expressão, uma combinação a que é impossível resistir. Se ao menos fôssemos capazes de reproduzir na vida prática todo o sentido que se imprime a um conjunto artístico como este...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

a vida segundo muñoz



Passeando pela retrospectiva de Juan Muñoz em Serralves como num universo paralelo, podemos apanhar-nos a espreitar momentos que não nos pertencem, mas em que reconhecemos sensações familiares.
Há a agonia das figuras suspensas pela boca e em constante movimento sobre si próprias, abandonadas à impotência perante um mundo que não se domina. E um momento de harmonia libertadora sugerido pelo mesmo movimento que, pela sua inevitabilidade, ilustra a sujeição de tudo e todos a um ritmo universal.
Junto à janela, as figuras com a metade inferior resumida a um saco informe e imobilizador, a lembrar os pesadelos infantis em que o pânico nos assalta e não logramos vencer o peso que nos prende ao mesmo sítio. No entanto, as esculturas inclinadas e de rostos quase inexpressivos ordenam-se num peculiar instantâneo de acções que não chega a desenrolar-se. A janela aberta sobre o jardim dá-lhes um sentido adicional nesta mostra.
Uma pequena multidão de homens cinzentos, rostos sorridentes e idênticos, remete-nos ao uniformidade do colectivo, às pequenas perdas momentâneas de individualidade. O que se altera de imediato quando as observamos de cima e tomamos consciência do papel único de observadores, benesse conferida pela organização do espaço da exposição.
Continuamos a espreitar por buracos de fechaduras ao ouvir repetidamente um diálogo em frente a duas pequenas figuras sentadas lado a lado, viradas para a parede ou sentadas em círculo com tambores de silicone à maneira de extensões dos corpos, armários povoados de objectos e pequenas esculturas, navalhas de ponta em mola escondidas em corrimões.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

a beleza



Surpreende-me a beleza contida em coisas simples. Surpreende-me o amor que suscita, a felicidade com que nos inunda. Quando os meus olhos encontram o belo, qualquer coisa desperta em mim, como se um sentido oculto se me revelasse nesse momento. E é com amor que partem os meus olhos para outros destinos. É com amor que prossigo a minha vida.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

mostro-me aqui



Mostro-me aqui - o meu universo azul (óleo sobre cartão)- num instantâneo do que me acode ao pensamento. Rostos e segmentos, fragmentos de cor e forma, peças de um puzzle à espera de conclusão.
É um quadro em movimento, sempre em (r)evolução. As palavras são demasiado lentas para acompanhar este universo. Enquanto o meu olhar se fixa numa das suas ínfimas parte e verbaliza o seu conteúdo, inúmeros outros segmentos já se mexeram, desapareceram ou se transformaram noutros.
É impossível fixar neste instantâneo a realidade, pois no começo era uma coisa e durante as pinceladas apenas se apanham fragmentos e, ao terminar, já não é nada do que fica na tela.