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terça-feira, 15 de novembro de 2011

uma barriga demasiado cheia

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Os problemas começam quando a gente se torna incapaz de os ver. Há anos que os sinais se multiplicam, mas o poder está cego e não vê o óbvio: aquilo que o vai derrubar. Não são partidos, não são líderes. E faltando estes, o poder acha que não há perigo nenhum. Demasiado habituado a descobrir a cabeça da cobra para a decepar, não entende que até a oposição mudou. Não são precisos líderes ou partidos para convocar o apoio dos oprimidos. Bastam as comunicações, a facilidade com que hoje de diz que não se está de acordo com isto ou aquilo, se espalha a palavra e se convocam simpatizantes para uma causa.
De que lhes adianta estarem a tentar descobrir o futuro do euro, da comunidade europeira e da economia global, se não é nada disso que está em causa? Já ninguém acredita na capacidade de liderança dos economistas e estrategistas do poder, a não ser uns poucos esbirros e novos recrutas.
Não são as armas a ameaça, mas a falta de vontade das pessoas vulgares em aceitar os cada mais frequentes abusos de poder. Como é que vão usar os seus exércitos em pessoas que não pegam em armas? Como é que vão acabar com a resistência de pessoas que, pura e simplesmente, já não lhes ligam nenhuma?
Podem apertar o cinto quanto quiserem, porque a maior parte das pessoas já sente, se não sabe, de facto, que nada tem a perder. A maior derrota é a da incapacidade de diagnóstico da situação.
O poder investiu tudo numa única frente: o poder económico e a usura. A frente está gasta, seca, improdutiva. Comeram o pequeno-almoço, o almoço, o jantar e a ceia, atacaram a despensa e agora não há provisões nem onde ir buscá-las. Mais, estão de barriga demasiado cheia para conseguir rebolar para outro lado.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

uma questão de reputação



Uma vez recebi um telefonema bem intencionado, a visar-me do que alguém andaria a dizer sobre mim. Expliquei na altura que não podia, com a minha mão, tapar a boca de quem, aparentemente, me difamava. Por esse motivo, a minha reacção era seguir em frente, aceitando o facto de não poder controlar o efeito que essas coisas têm. Como não tenho o poder de controlar tragédias naturais ou acontecimentos bem para lá da nossa capacidade de previsão.
O efeito que esse diz-que-disse tem nas nossas vidas pode bem ser o de um tremor de terra, de um acidente insuspeitado, de qualquer coisa irremediável. Mas, mais uma vez, pouco ou nenhum controlo temos sobre essas coisas.
A nossa reputação são muitas entidades além de nós, criadas por gente conhecida e desconhecida, histórias debitadas aqui e ali, impressões deixadas acolá.Tudo pontas e meadas que, juntas, são um emaranhado assustador e muitas vezes injustificado.
Que fazer, então? Mobilizar todas as nossas forças contra esse exército de sombras e sussurros anónimos e impossíveis de rastrear? Não me parece sensato.
A minha escolha é, portanto, confiar na capacidade que os outros têm de avaliar por si próprios os meus defeitos e qualidades, sem confiar às cegas nos juízos de valor que já passaram por muitas segundas-mãos até chegar a um receptor que não tem ideia nenhuma do ruído de fundo que já lhes foi adicionado ou subtraído.
Tudo por uma questão de reputação.