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domingo, 25 de maio de 2014

o desconto

Não sei o que tanto enche de orgulho o partido 'ganhador' destas europeias à portuguesa. Pouco mais de 10% foi o resultado real da votação, no total de votantes inscritos. Menos do que algumas campanhas de promoção de bens de consumo e serviços. 
O importante aqui são os mais de 62 por cento que não votaram porque não acreditam na democracia apregoada pelos partidos. A falta de crédito e de vergonha de quem se arroga o direito de governar com uma minoria que não representa senão aqueles que ainda acham que ganham qualquer coisa por apoiar os lobbistas partidários.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Ortega y Gasset e Cascais



palavras de Ortega y Gasset

"O acanalhamento não é outra coisa senão a aceitação como estado habitual e constituído de uma irregularidade, de algo que continua a parecer indevido apesar de ser aceite. Como não é possível converter em sã normalidade o que na sua essência é criminoso e anormal, o indivíduo opta por adaptar-se ele ao que é indevido, tornando-se por completo homogéneo com o crime ou irregularidade que arrasta." (Ortega y Gasset, «A rebelião das massas»)

que me faz lembrar o comentário do minoritário CC(*) de Cascais sobre o Plano de Pormenor de Carcavelos Sul -- também citou (**) Ortega y Gasset, mas só uma frase (***) mais conveniente do que esta (****)

(*) de 172 537 eleitores inscritos, votaram 65 549 e, no minoritário CC, votaram 28 004, o que dá 16,23% dos votos e não os 42,72% que as lista da CMC apregoam, contando apenas com os votantes, porque o resto não interessa; devem ser todos não-cidadãos...

(**) Em abono da verdade, diga-se que alguém o deve ter feito por ele pois, seguindo atentamente a agenda do executivo camarário que o edil publica em todos os meios electrónicos, com tanto corta-fita não há tempo físico para escrever tanto em tanto lado...

(***) [...]"Ortega y Gasset dizia que “um homem é ele e as suas circunstâncias.” Isto significa que nenhuma ação do individuo pode ser entendida fora de um contexto, de uma circunstância, de uma realidade cultural, social, económica, ou ambiental. [...] (in «Declaração Política da Coligação Viva Cascais sobre o Plano de Pormenor de Carcavelos Sul - May 8, 2014 at 1:07pm», por Carlos Carreiras, na sua página no Facebook)

(****) citação produzida por Carlos Carranca no FB, num contexto muito diferente deste.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

a inocência dos palhaços

(imagem daqui)
Mais importante do que discutir se um palhaço é ou não palhaço, o importante é ver o que está realmente por trás da máscara.
O mais singular é, no entanto, a imensa capacidade que alguns palhaços têm para acreditar que os outros continuam a ver neles a imagem que compuseram para os iludir.
A verdade é que, num mundo em que a comunicação já não depende do controlo que têm sobre os média e dos esforços das grandes corporações para impor aos fornecedores de serviços de internet e telefone novos métodos de censura, já ninguém tem a inocência idealista de anteriores eras.
Os verdadeiros inocentes são os que se mascaram e acreditam, ainda assim, que o seu disfarce é perfeito e animado e convincente e inviolável. Uma ternura.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

desobediência

Art image by Marita M. Ferreira
Há coisas que nunca conseguirão ter a minha simpatia, como o terrorismo, o abuso, o lado negro da vida, a amargura, o desespero, a histeria. Também não posso ter simpatia por ideias como a do ministério do interior espanhol, que equaciona a resistência passiva como crime. Fui educada como muito boa gente, a respeitar a autoridade e a pensar sempre que atrás da ordem está sempre algum benefício. Não vejo, no entanto, nenhum mérito em obedecer, quando me estão a atirar para um poço.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

gente

Copyright by rumoresdenuvens 2012
Lixo, gregos, caloteiros, improdutivos, gastadores, desgovernados. Lê-se e ouve-se de tudo um pouco nas notícias. Parece um concurso de palavrões, a ver quem descobre um adjectivo pior para nomear gente que, na pior das hipóteses, é de facto vítima de um sistema económico que parece um jogo de monopólio de uma mão cheia de inescrupulosos chicos-espertos que arranjaram uma forma de extorquir legalmente dinheiro ao mundo inteiro.
Será de facto legal combinar uma série de normas de funcionamento das transacções de mercado e financeiras com o único propósito de, no final do jogo, ter o controlo absoluto da riqueza ou pobreza de toda a gente? Não haverá um juiz, um país, alguém que denuncie a má fé e a grotesca ganância que tornam a simples existência de milhões de pessoas um inferno?
Não haverá, sobretudo, quem se ache suficientemente livre para falar e dizer o que realmente se passa, em vez de colaborar com a propaganda da crise e contribuir de forma culposa para a persistência deste fenómeno?
Não são os cidadãos de um ou de outro país os culpados desta situação; não foram eles que gastaram e puseram as poupanças no sítio errado; mas os eleitos para por eles zelarem pela sua segurança e bom governo. Esses são, de facto, o lixo apontado pelas agências mercenárias, os caloteiros, improdutivos, gastadores e desgovernados.
Viragem à direita? Mais um ciclo de ditaduras, como reza a História? Só que a História nunca antes esteve ao alcance de um clique de computador ou de uma mensagem de telemóvel. Tal como nunca nenhum autor de ficção científica previu o aparecimento da Internet, acreditam mesmo que esta geração de políticos, que nem os bilhetes de autocarro lê, tem capacidade para prever as consequências da mesma Internet e da comunicação maciça dos dias de hoje nos ciclos da História?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

das alturas

Por vezes é preciso sermos como as palmeiras, apontadas para o céu e acima de todas as alturas. E uma vez lá em cima, evitar olhar para baixo e fixar apenas as nuvens, nada menos. Olhar para cima é como respirar fundo, como deixar de inclinar o pescoço para baixo, como se um jugo qualquer nos obrigasse a manter a cabeça baixa e a atitude em igual altura. Para se fazer uma revolução basta olhar para cima, recusar essa pressão para baixo a que nos querem sujeitar outros-sem-eira-nem-beira, parecidos com aquelas aves estridentes que tudo repetem sem dar realmente conta do que significam os sons que produzem. E é preciso ter pena de quem nada mais sabe senão escrever e dizer cem vezes, à laia de castigo, aquilo que os/nos torna mais pequenos. Perdoemos, compreendamos que não é culpa nem nossa responsabilidade, e sigamos em frente

terça-feira, 15 de novembro de 2011

uma barriga demasiado cheia

Copyright MMF
Os problemas começam quando a gente se torna incapaz de os ver. Há anos que os sinais se multiplicam, mas o poder está cego e não vê o óbvio: aquilo que o vai derrubar. Não são partidos, não são líderes. E faltando estes, o poder acha que não há perigo nenhum. Demasiado habituado a descobrir a cabeça da cobra para a decepar, não entende que até a oposição mudou. Não são precisos líderes ou partidos para convocar o apoio dos oprimidos. Bastam as comunicações, a facilidade com que hoje de diz que não se está de acordo com isto ou aquilo, se espalha a palavra e se convocam simpatizantes para uma causa.
De que lhes adianta estarem a tentar descobrir o futuro do euro, da comunidade europeira e da economia global, se não é nada disso que está em causa? Já ninguém acredita na capacidade de liderança dos economistas e estrategistas do poder, a não ser uns poucos esbirros e novos recrutas.
Não são as armas a ameaça, mas a falta de vontade das pessoas vulgares em aceitar os cada mais frequentes abusos de poder. Como é que vão usar os seus exércitos em pessoas que não pegam em armas? Como é que vão acabar com a resistência de pessoas que, pura e simplesmente, já não lhes ligam nenhuma?
Podem apertar o cinto quanto quiserem, porque a maior parte das pessoas já sente, se não sabe, de facto, que nada tem a perder. A maior derrota é a da incapacidade de diagnóstico da situação.
O poder investiu tudo numa única frente: o poder económico e a usura. A frente está gasta, seca, improdutiva. Comeram o pequeno-almoço, o almoço, o jantar e a ceia, atacaram a despensa e agora não há provisões nem onde ir buscá-las. Mais, estão de barriga demasiado cheia para conseguir rebolar para outro lado.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

quadrados de loucura e porcos cheios de tinta cor-de-rosa

Pintura de Marion Rose


Há um filme que se chama Efeito borboleta, em que o realizador se empenha em contribuir para a paranóia humana, tentando demonstrar como o bater de asas de uma borboleta na China pode contribuir para um furação algures na América do Norte. Aposto que o funcionário das Finanças que hoje enviou uma carta ameaçadora a uma amiga e artista plástica, não esperava decerto desencadear um efeito borboleta com um simples comunicado de extorsão, perfeitamente legal, caso a senhora não pague uns quantos milhares de euros de dívida à SS (adoro a coincidência das siglas).
Ora, para quem tenta sobreviver do seu trabalho, como qualquer cidadão comum deste país, com a agravante de pertencer a esse exíguo grupo de gente de prática artística, cujo mérito jamais é reconhecido, senão quando se trata de enterrar cinzas e ossadas em cerimónias públicas, em sítios disparatados, alegadamente representativos da vida da criatura fenecida, uma conta calada, nesta altura do campeonato, é de pôr qualquer um com vontade de se atirar do quarto andar e esquecer a existência.
Mas como os artistas, ao contrário do que se diz e pensa, são gente avisada e prática, informada também das escassas probabilidades de êxito de empreendimentos suicidas (embora no cinema vinguem com auras de insuspeitado romantismo), a minha amiga resolveu transformar o desespero em matéria criativa e concebeu de imediato dois extraordinários planos, enquanto fazia dos meus ouvidos o seu caixote de lixo privativo.
Assim, sabiamente, imaginou os Quadrados de loucura e os Porcos cheios de tinta cor-de-rosa, com que está a pensar tomar de assalto uma instituição bastamente representativa, como a Assembleia da República.
À porta de S. Bento tenciona distribuir, como hóstias prontas a consumir, pequenos quadrados de papel (Quadrados de loucura) com inscrições ilustrativas da loucura de cada deputado da Nação, para que ruminem demoradamente nas alucinações que, afinal, não têm capacidade de poupar aos seus concidadãos. E umas almofadas de espuma embebidas em tinta cor-de-rosa (Porcos cheios de tinta cor-de-rosa), onde deverão assentar os respectivos traseiros e sentir, na pele, a incómoda sujidade que consentem diariamente.
Se fosse realizadora, documentaria com certeza cada passo destas ideias e da sua realização prática, segura do êxito cinematográfico que teria em mãos. Como não sou, resta-me contar-vos esta história que, a ter sequência, não deixarei de ilustrar aqui com letras e imagens.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

advento da nova ordem

A política nunca é um tema de eleição neste blogue, pela entediante forma que lhe é dada por quem para si reclama a sua prática. Mas há alturas em que alguns factos nos obrigam a reflectir sobre as mensagens que nos são passadas pelos média, através das máquinas partidárias.
Por exemplo, o facto de, na televisão estatal, os jornalistas se sentirem tão incomodados por terem sido obrigados, por essa fantástica figura política que é Garcia Pereira, a dar tempo de antena aos partidos sem assento na Assembleia da República, demonstra o total desprezo pelas regras democráticas, pelo dever de informar expresso no código deontológico da profissão e pelo dinheiro dos contribuintes, que afinal pagam os ordenados fantásticos que alguns ainda recebem, mesmo sem a qualidade que lhes devia ser inerente.
Outra coisa desinteressante (pela vulgaridade) na política são os ataques pessoais que jamais passam da fanfarronada e têm como alvo o público menos preparado, demonstração óbvia da falta de respeito que os políticos, ditos democráticos, têm pelo que é justo e o que é a sua obrigação, atitude que com certeza replicarão com maior intensidade ao abrigo das câmaras de televisão e microfones.
É degradante o uso da "conspiração da crise" para aterrar as pessoas e para lhes baixar o nível de vida, coisa ainda mais preocupante se considerarmos que é um tiro no pé a muito curto prazo, uma vez que quem não tem dinheiro não compra e, dessa forma, não há economia que recupere. Claro que faz todo o sentido se for para continuar a enriquecer em tempo recorde a meia dúzia de poderosos que governa este tipo de sistema económico, a quem não faz diferença que o colapso se dê a curto, médio ou longo prazo, uma vez que já encheram os bolsos a expensas da falta de intervenção dos governos, sempre dispostos a fazer pagar aos contribuintes individuais a especulação dos que os protegem.
Também não se justifica dizer que um governo, neste caso uma figura consensualmente odiada, Sócrates, tem toda a culpa da crise, uma vez que ela é fruto da primeira crise, que aconteceu nos Estados Unidos e não em Portugal. Isso apenas se entende pela avidez com que a segunda máfia política portuguesa quer ir à fonte, agora que a água do dinheiro e do poder está por acaso ao seu alcance.
Todos os partidos tẽm gente torpe e pusilânime, apenas interessada no benefício próprio. Mas a corja laranjinha tem, desde sempre, conseguido atrair toda a gente que, apesar do seu valor pessoal, não tem nem jamais terá aptidão para fazer escolhas realmente importantes (e, portanto, radicais). A falta de coragem e de espinha dorsal dos "mais ou menos" democratas representa tudo aquilo que não contribui para um orgulho nacional, uma alma poderosa e disposta a grandes desafios.
Aliás, toda a direita que tem vindo a vingar na Europa sofre do mesmo mal e, infelizmente, julga que está chegado o momento de acabar com as socializitites e restaurar a ordem à força no Velho Continente. Se ao menos isso fosse verdade...
Porque o que os pseudo-democratas europeus não conseguem prever, visto que a sua capacidade de governar não vai além dos seus sonhos de lucros fáceis e rápidos, é que o poder que agora conquistam, em tempo de grande crise económica, é apenas a forma de o Universo repor alguma ordem no seu quintal.
A ganharem as esquerdas europeias, todo o esforço seria feito no sentido de atenuar algumas diferenças sociais, apesar do espartilho das grandes corporações económicas. E a verdadeira revolução tardaria mais uns anos. Assim, com a direita no poder e o abismo entre ricos e pobres a atingir proporções descomunais, a imperiosa mudança surgirá naturalmente como o único caminho a seguir.
Às vezes, o único remédio é um pouco mais do mesmo para obrigar o organismo a expulsar definitivamente o mal.
Nestas circunstâncias, se os socialistas perderem as próximas eleições, no domingo, isso será apenas uma forma de acelerar o equilíbrio universal que tão trambolhento tem andado. Até é bom que os meninos e meninas que até acham que são de direita sejam os instrumentos do futuro reordenamento social e sejam eles a colher o ónus das suas fossilizadas convicções.