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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

o fogo em nós

"on fire" - MMF

Os piores incêndios são os que se acendem dentro de nós. E como fazemos parte indissociável de um ecossistema que engloba o planeta e, provavelmente, tudo mais que se conhece, é impossível deixar de ponderar sobre o que arde. Ou por que e para que arde.
Na sua perspectiva mais benevolente, o fogo e as queimadas, no Verão, fazem parte de um processo de renovação, de transformação do que não mais serve para dar lugar ao renascimento natural. Dos quatro elementos, é o que rege o coração.
Quando, neste mundo de que participamos, os incêndios assumem formas catastróficas, talvez devêssemos examinar o estado dos nossos corações. A zanga que jorra de dentro e a que, com certeza, não é estranha nem separável da sua manifestação natural.
O Verão também é um tempo entendido de descanso e fruição, talvez porque necessitemos desse amansar da actividade mental e física para renovar a tranquilidade dentro de nós e não contribuir com mais achas para a fogueira que, eventualmente, nos encurrala e destrói.
A mais acertada ponderação será, portanto, sobre o nosso contributo pessoal para as catástrofes, sejam elas de fogo, de plástico, de lixo, de emissões prejudiciais ao ar que se respira. Maturar a ideia da propensão natural de atear qualquer espécie de incêndio e transformar as vontades do coração em práticas de serenidade e segurança que são essenciais à sobrevivência.
O combate ao fogo nasce dentro de nós. Evolui e prospera quando entendemos que se ganha com o abandono da cólera e com a escolha inteligente da objecção de consciência. Não faz sentido participar do que condenamos e sabemos estar errado. 
Pacificando a mente e o coração damos igual oportunidade a todos os outros elementos. Ao equilíbrio.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

bem plantar para melhor colher


Não voto, não dou confiança a esses palermas, disse-me alguém. Esses palermas decidem o que podes ou não fazer, que qualidade tem a tua vida, quando é que te reformas e se vais ter protecção e justiça quando precisares dela, pensei.
De que estamos a falar afinal? De comer menos batatas fritas ou mais fruta e salada? De ter filhos, escrever livros e plantar árvores? Ou de tudo isso como se fosse apenas um comentário de café, só para fazer conversa, só para mostrar como conseguimos ser deliciosamente nonchalant até com coisas sérias?
Votar é depositar uma semente na terra e esperar que cresça e dê frutos. É uma relação que se estabelece com a organização da nossa vida. É uma questão e uma acção séria, que deve ser tanto mais ponderada quanto a importância que acaba por ter em toda a nossa vida.
Não é um kleenex que se descarta, nem um concurso de caras e figuras para escolher como num álbum de fotografias: esta gosto, esta não gosto, esta é mais ou menos.
O nosso voto vai para pessoas que ficam obrigadas a tomar contada nossa casa, da nossa integridade, da nossa segurança. Alguém entrega isso a estranhos, gente menos confiável ou deixa a sua casa à mercê do acaso? Do voto dos outros?
Tanto descontentamento não merece já alguma atenção e acção? De que valem a lamúria e a raiva se não motivarem acções para a mudança? Se há tanto para protestar, por que não se faz alguma coisa para mudar?
Chega o momento em que é preciso ser coerente e prático. Em que nos levantamos para fechar a maldita torneira que pinga há anos e nos dá cabo da paciência e do orçamento.
Deixem de fingir que não se importam, porque tudo o que se houve é o que todos sabemos que está mal. Mas onde estão as pessoas dispostas a dizer que vão votar porque chegou a altura de mudar realmente alguma coisa?
Cascais foi um dos três concelhos com maior abstenção nas últimas autárquicas. Querem ver que a vocação desta terra é para a criação de avestruzes de cabeça enterrada nas dunas?