quinta-feira, 24 de maio de 2018

as linhas e os pontos da vida



Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto. Isto devia alertar-nos para a natureza criativa da nossa experiência. Toda a narrativa é exponencialmente aumentada por quem a ouve, a lê, a vê ou reconta.
Bom ou mau, tudo evolve para algo infinitamente maior, graças à contribuição de cada indivíduo. Ou seja, um conto é apenas o início de uma história global, cheia de intervenientes receptores, recontadores e mesmo difamadores ou abafadores.
Com isto, partindo do primeiro ponto do conto, se pode traçar um mapa irradiante de possibilidades e calcular a riqueza possível do início de cada história. Avassalador se conseguirmos imaginar que o mesmo mapa tem capacidade de se desenvolver não apenas graficamente, a duas dimensões, mas por todas as que conseguirmos imaginar a partir dessas.
Neste universo de possibilidades, será inteligente e honesto ficar apenas pelas baboseiras achatadas de quem pretende moldar a nossa imaginação e criatividade com campanhas de opinião e publicidade que concentram o seu propósito em difundir ideias feitas e pobrezinhas?
Há bem mais sob os nossos olhos e outros sentidos do que um conto e um ponto. E sendo que muitos contos dão forma a uma história bem maior, e muitos pontos desenham linhas e mais linhas, há que aceitar, sem dúvidas e até com a requerida humildade, o nosso papel criador na imensa arquitectura da vida.

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