quarta-feira, 16 de maio de 2007

um abraço para a vida


Estimo esta fotografia, tirada com a minha avó Amélia em Vila Paiva de Andrade, na Gorongosa, aí pelo final do meu primeiro ano de vida. O meu ar sorridente fazia, com certeza, parte daquele braço esquerdo que me segurava e me protegia. Dezasseis anos depois chegou a minha vez de a apoiar com o meu braço, até isso não ser suficiente para a proteger. Não fui capaz de ir ao seu funeral porque queria ficar sozinha com essa estranha dor de se perder alguém a quem se quer bem. Só que, afinal, nunca fiquei sozinha, porque a partir daí não houve nenhuma altura da minha vida em que, precisando de apoio e conforto, não me lembrasse de uma ou de outra forma dela, acabando por me sentir reconfortada e animada só por isso. Se calhar é por essa razão que estimo tanto esta fotografia, que me faz lembrar o abraço seguro e reconfortante da minha avó.

1 comentário:

Anónimo disse...

"partir ou chegar é o mesmo. tudo depende do sítio que ocupamos no ciclo da vida": alguém disse. bem dito. digo eu.

ps. aquele abraço, dina g.