sábado, 5 de fevereiro de 2011

uma questão de reputação



Uma vez recebi um telefonema bem intencionado, a visar-me do que alguém andaria a dizer sobre mim. Expliquei na altura que não podia, com a minha mão, tapar a boca de quem, aparentemente, me difamava. Por esse motivo, a minha reacção era seguir em frente, aceitando o facto de não poder controlar o efeito que essas coisas têm. Como não tenho o poder de controlar tragédias naturais ou acontecimentos bem para lá da nossa capacidade de previsão.
O efeito que esse diz-que-disse tem nas nossas vidas pode bem ser o de um tremor de terra, de um acidente insuspeitado, de qualquer coisa irremediável. Mas, mais uma vez, pouco ou nenhum controlo temos sobre essas coisas.
A nossa reputação são muitas entidades além de nós, criadas por gente conhecida e desconhecida, histórias debitadas aqui e ali, impressões deixadas acolá.Tudo pontas e meadas que, juntas, são um emaranhado assustador e muitas vezes injustificado.
Que fazer, então? Mobilizar todas as nossas forças contra esse exército de sombras e sussurros anónimos e impossíveis de rastrear? Não me parece sensato.
A minha escolha é, portanto, confiar na capacidade que os outros têm de avaliar por si próprios os meus defeitos e qualidades, sem confiar às cegas nos juízos de valor que já passaram por muitas segundas-mãos até chegar a um receptor que não tem ideia nenhuma do ruído de fundo que já lhes foi adicionado ou subtraído.
Tudo por uma questão de reputação.

2 comentários:

POC disse...

É triste a necessidade de falar da vida alheia com intuito de denegrir a imagem pessoal dos outros... Mas é um facto, de que nos vale gastarmos forças, despender energias quando pouco ou nada conseguimos fazer para contrariar tais más línguas, e por norma, de gentes que não têm vida própria?

Marita Moreno Ferreira disse...

Nem mais, POC. A nossa vida é curta e não há mesmo tempo para o que não queremos.