Hoje apetece-me escrever. À antiga, com um lápis afiado e num caderno de linhas, para sentir o riscar da ponta de carvão na folha. Gosto de lápis porque me transmitem segurança. Se escrever o que não quero, posso apagar e emendar o erro. As canetas são mais definitivas. Mesmo que se risque o que não se quer, fica o registo do erro, como um mapa de falhanços. Olha-se para as folhas e estão lá marcados todos os tropeços do caminho. Só que nada é definitivo, por isso, escrevo a lápis. A lápis sente-se o desenho das letras. Sabemos, com certeza, que estamos a desenhar uma realidade letra a letra. Controlamos o desenho da nossa escrita, da nossa história. Hoje vou escrever a lápis e desenhar uma fracção da minha história.
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