Camões no Retrato Pintado a Vermelho do pintor português de origem espanhola Fernão Gomes |
As coincidências são todas significativas e não é por acaso que o poeta da língua portuguesa, Camões, foi escolhido para representar o 10 de Junho, Dia de Portugal e das Comunidades. A propaganda política é, neste caso, uma doninha com um barrete frígio (que afinal vem da Turquia e dos seus heróis e não é um exclusivo da revolução francesa) e que ostenta a bandeira das quinas enquanto estabelece insidiosamente o retrato do português a celebrar: um artista sem o reconhecimento da sua época, um morto-de-fome, um falhado.
Esta é a representação dos portugueses que agrada à propaganda, o desgraçado que se vai buscar ao banco de ossadas e se reabilita na medida da caridadezinha, desligado dos outros, que são poderosos e só se dão em alianças com os poderes externos, com os estrangeiros que também nos desdenham e afinal nos querem comprar.
Esta é a representação dos portugueses que agrada à propaganda, o desgraçado que se vai buscar ao banco de ossadas e se reabilita na medida da caridadezinha, desligado dos outros, que são poderosos e só se dão em alianças com os poderes externos, com os estrangeiros que também nos desdenham e afinal nos querem comprar.
Ninguém acredita na sobrevivência de um país de apenas dez milhões, que empurra a sua juventude e a sua força de trabalho para o exterior. Já todos falam no seu desaparecimento e planeiam a ocupação do seu território por vários conluios de gente mais habilitada para gozar as belezas do País do que os pouco merecedores portugueses.
Essa é a arquitectura mental com que se celebra este Dia de Camões. Sem qualquer respeito pela vontade dos Portugueses. Até porque a sua integridade física está ferida de todas as formas de exploração e iniquidade possíveis de imaginar. Nunca um povo foi sujeito a um plano de aniquilação tão perfeito e continuado, sem qualquer hipótese de denúncia contra os seus algozes.
A maldade é, felizmente, escassa. Porque trabalha com base na destruição. Nada cria, apenas consome o que já existe.
Ao contrário do amor dos verdadeiros Portugueses pela sua identidade, pelo que representam. E isso é a criatividade, a vontade de ultrapassar as mesquinhas barreiras físicas que lhes impõem.
A verdadeira força está na inspiração que ilumina as sua capacidade mental, à imagem e semelhança do sol que brilha por cá como em nenhum outro lugar (as coincidências continuam a ser significativas), na fé que irrompe nos instantes cruciais e nos faz mover montanhas, dar a volta ao mundo e subsistir a todas as tentativas de aniquilação.
Não é por acaso que as fronteiras portuguesas são das mais persistentes. É pelo amor dos Portugueses e pela sua crença essencial de que os milagres acontecem e não há adamastores que lhes resistam. É porque o Bem infecta qualquer mal e podem vir Chineses, Russos, Brasileiros e outras hordas por cá à conquista, que não lhe resistirão.
Não é por acaso que as fronteiras portuguesas são das mais persistentes. É pelo amor dos Portugueses e pela sua crença essencial de que os milagres acontecem e não há adamastores que lhes resistam. É porque o Bem infecta qualquer mal e podem vir Chineses, Russos, Brasileiros e outras hordas por cá à conquista, que não lhe resistirão.
O vórtice português é um caso único, como já em tempos reconheceram os romanos e outros invasores. Nem os Miguéis de Vasconcelos, nem outros colaboracionistas, idos e actuais, terão alguma vez qualquer hipótese de aniquilar este mágico Portus Cale, ou Porto do Graal, ou Portugal.
Apesar da negativa orientação emprestada aos seus destinos pelas elites que acham que a vida é um privilégio da matéria e, portanto, dos fortes e poderosos, os Portugueses sabem, no seu íntimo, que é a integridade do espírito que os guia. E a integridade não divide; antes, fortalece todos numa união imbatível. É esse o carisma de Portugal e a atracção fatal de quem tem a sorte de connosco contactar.
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