foto MMF |
Esta imagem de uma exposição de há anos, no Porto, de livros guardados atrás de grades, numa visualização daquilo que sempre foi o destino, ou fado, destes objectos e do conhecimento, das ideias que armazenam através do tempo.
A leitura é sempre um passeio novo, por terrenos desconhecidos, virgens e revigorantes. Amplia a nossa visão do mundo e das possibilidades sempre renovadas que os outros nos descrevem. A forma com pensam exemplifica a grande variedade de pensamentos que sete biliões de seres humanos praticam neste planeta a todo o instante, criando infinitas possibilidades e combinações.
Não é fácil imaginar esta rede natural de conhecimento que funciona sem parar e sem ajuda de outro instrumento que não o do nosso pensamento. É a maior rede sem fios do mundo, gratuita, completa e verdadeiramente livre.
Com alguma ironia, as redes também simbolizam prisões, divisões, limites que pomos em prática. Quando abandonamos a visão geral para nos escondermos atrás de protecções imaginárias que, afinal, nos separam com a sua segregação artificial.
Quando falamos uns com os outros, se nos abstrairmos das convenções sociais que nos engaiolam muito mais do que qualquer rede de metal, a troca de conhecimento e de experiências é motivante e libertadora.
Ao ler, entramos também em contacto com o registo escrito de conhecimentos e ideias de quem não está fisicamente presente na nossa vida. Ou quando escolhemos qualquer outra forma de expressão de um ser humano, artística, quotidiana, pensada ou espontânea.
Há sempre algo extremamente motivante na percepção deste quadro magnífico de que fazemos parte e que impulsiona a nossa experiência neste mundo. Qualquer coisa que nos faz pressentir a divindade colectiva de que fazemos parte. A pertença superior que nada nem ninguém pode alguma vez anular.
Tudo o resto é ilusão e birra de quem presta mais atenção ao que se passa com os outros do que ao que traz dentro de si.
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