A velocidade dos desejos pessoais aumentou dramaticamente. Talvez porque a efemeridade de tudo está cada vez mais presente e visível nas nossas vidas. Não é como o fast food a substituir as longas jornadas do ser humano para alimentar o corpo físico. Mas é uma premência muito clara sobre as nossas necessidades reais. Haja tempo para entender que a rapidez aqui tem que ver com a obrigatoriedade de evoluirmos para dimensões mais modernas da nossa existência.
"Filho" by Paulo Paz |
Estamos habituados a uma linguagem linear, a ir de a para z, do preto ao branco, do menos para o mais. No entanto, se quisermos sobrepor todas essas premissas e multiplicá-las tantas vezes quantas nos apetecer e nos lembrar-nos, explorando cada grau de cada uma delas, e ainda considerar que todos podemos fazer o mesmo, apercebemo-nos da complexidade que rege a nossa realidade. Somos uma multidão a decidir a todo o instante sobre os caminhos da nossa vida. A maior parte do tempo, irados e frustrados pela insuficiência da nossa vontade em se sobrepor às demais. A presunção da nossa divindade, moldada pelo defeituoso conceito da unicidade que praticamos, dá cabo da nossa paciência. Custa-nos substituir a nossa omnipotência de deusinhos tiranos pela mais democrática ideia de peças interligadas do puzzle divino que exige cooperação para se manifestar plenamente.
"Espírito Santo" by Paulo Paz |
No final tudo se resume à rendição a uma sabedoria maior, ao espírito livre de todos os pré-conceitos do que somos, individualmente e livre de todos os limites de grupos, clubes e associações que nada mais são do que frágeis imitações do puzzle maior a que pertencemos. Na liberdade que nos cabe para nos ligarmos a esse espírito maior, que partilhamos de facto, está o nosso poder. Apenas aí reside a chave de toda a realidade, sem limites, sem mal-entendidos.
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