segunda-feira, 6 de abril de 2020

mãos que criam e destroem


As mãos curam e também trazem com elas aflições. São as nossas varinhas mágicas, para o mal e para o bem. Criam e destroem com igual eficiência. Temos de aprender a usá-las de forma mais consciente. A usar tudo de forma mais adequada.
Um dia, uma bruxa veio oferecer-me uma mezinha para a boa fortuna em todos os meus empreendimentos. Parecia uma oferta irrecusável e, por isso mesmo, quis saber o que ganharia ela com isso. Não queria nada, só ler as minhas mãos e o resto desenrolar-se-ia naturalmente, na opinião dela.
A informação pareceu-me escassa, sobretudo para o nível de altruísmo apregoado. Não havia, aparentemente, letras pequeninas. Mas quando não me respondem a uma pergunta e está implícito um grau de envolvimento da minha parte, faço questão de avançar com uma boa dose de dados para avaliar as minhas obrigações neste tipo de partilha.
Recusei a oferta, que imediatamente se transformou numa maldição. Depois de tapar os ouvidos a muitas invectivas, pus sal à porta, defumei a casa, mudei de passeio sempre que necessário e mais o que se tornou necessário para combater aquela situação.
Nunca mais disponibilizei as mãos para desfrute indiscriminado dos outros. Aprendi a lição da simpatia que é usada como o ouro dos tolos e esconde perigos para os quais não nos oferecemos voluntariamente.
As mãos das bruxas não são feias, nem têm garras visíveis. Eventualmente, estão cobertas de vírus implacáveis e invisíveis. As bruxas também não seguem nenhum código especial de sinalização contra as ameaças. Nem as mãos.
Façamos delas varinhas de boas práticas com as nossas escolhas. Usemos a consciência informada para optar preferencialmente pelo lado bom de todas as mãos.  

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