Sempre foi claro para mim que existe uma aliança sagrada entre o branco e o azul. Não consigo imaginar maior suavidade, maior complementaridade, maior profundidade. Gosto da ideia de que no branco cabem todas as cores e depois, não resisto à elegância do azul. Ao romantismo. Àquela qualidade que o identifica com o infinito, com a eternidade, com a única e verdadeira natureza das coisas. Se eu tivesse criado o mundo, era assim que o fazia, azul e branco, quase monocromático mas, também, muito mais seguro do que o imenso universo de todas as cores. Suponho que assim é mais alegre. Mas eu amo o azul e o branco. Ou o branco e o azul. Já não sou capaz de sentir o mesmo pelo preto e pelo branco, mas confesso que exerce sobre mim atracção. E não posso deixar de admitir que toda a vasta gama de cinzentos, em contrastes crus com pretos e brancos tem uma elegância aterradora. No entanto, prefiro a suavidade, a sensualidade dos azuis e brancos, o sabor que quase me invade a boca ao vê-los escorrer, em grossas golfadas de tinta, sobre uma tela. O cheiro frio e arrebatador dos brancos, o calor contido dos azuis. Que fazer? Amo os azuis e brancos. São para mim como a complementaridade no amor, a paixão e a serenidade, o vento e a água. Um amor que surja entre azuis e brancos tem uma delicada definição. Equilíbrio, beleza e força, elegância. É contenção sem escorregar para o folclore multicolor. Emoção sem o desequilíbrio de notas demasiado altas ou desencorajadoramente baixas. Gosto mesmo dos azuis e brancos.