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terça-feira, 7 de abril de 2015

adoradores do inútil a precisar de ajuda

Ilustração: MMF
Recebo, há duas semanas, chamadas da EDP Comercial que começam com uma pergunta despropositada sobre as vantagens que posso ter na minha factura de luz. Antes disso eram as chamadas das Águas de Cascais, a explicar a sorte que tinha por comunicar a leitura do contador e só pagar a água de dois em dois meses.
Na ignorância de quem escreve estes scripts embrutecidos e embrutecedores para os pobres diabos que tentam ganhar a vida com o marketing telefónico, resta-me lembrar os vampiros dos serviços públicos essenciais que os meus dados não são deles, muito menos para me assediarem e aborrecerem com questões idiotas.
Além de não terem o direito de comprar os meus dados, nem de me assediarem a horas impróprias com as suas campanhas, nada do que é meu lhes pertence para coisa nenhuma. Muito menos para me venderem serviços que mais não são do que simples estratagemas para nos porem a pagar coisas de que não precisamos.
Muito pior se torna a coisa quando compreendemos que o Governo e o Estado, entidades que sustentamos com os nossos impostos de muitíssimas formas, e que só existem para nos proteger e defender, também participam na compra e venda de dados de toda a espécie, da mesma forma que qualquer empresa sedenta de lucros põe isso em prática.
Antes dos grandes interesses económicos se assumirem tão descaradamente eram apenas considerados pelo que realmente são: uma voracidade anormal pelo armazenamento de lucros (ou poderes) que nunca terão capacidade para usar na totalidade e, portanto, desperdiçam. A ambição desmedida só dá origem a perdas igualmente desmedidas. Portanto, inúteis em género e quantidade.
Se é para isso que traficam os nossos dados, eles não vos pertencem logo à partida, nem nunca pertencerão. E isso é apenas mais uma parte da grande inutilidade que vos orienta. Pena é que o nosso dinheiro não seja gasto a impedir-vos de cometer crimes contra os outros e contra quem os pratica, visto que o resultado final é tão desolador que quem deles participa só pode estar doente e a precisar de ajuda.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

o outro lado da informação





A recolha maciça de informação por parte dos governos e de algumas organizações tem assustado muito boa gente. O medo de que as imensas bases de dados electrónicas sejam usadas para controlar as pessoas tem sido um assunto muito debatido ultimamente.
Ean Schuessler traz-nos, nesta conferência em que participou no Brasil, a sua versão: como usar essa informação para conhecer melhor o sítio onde vivemos e pressionar os governos a introduzir mudanças que melhorem a qualidade de vida de todos.
No vídeo, em que diz ser necessário 'piratear' as nossas cidades, fala de várias organizações que têm presença online, explica como usar software livre para mapear as necessidades locais, sondar a opinião das pessoas e sugerir pequenas soluções.
Como diz logo de início, quando se quer travar uma máquina gigantesca como um governo, o melhor conhecê-la bem para não provocar um desastre ainda maior.
Uma das suas sugestões é o uso da LocalWiki, uma parte da Wikipédia que permite criar artigos sobre locais e assuntos que não são considerados de suficiente notoriedade para integrar a enciclopédia principal. E deixa muitas outras sugestões de software livre que podem ser usadas localmente para começar a dinamizar um grupo de interesse e de intervenção.
Esta conferência merece a nossa atenção pela forma simples como descreve as inúmeras possibilidades de usar redes sociais, software e a informação que outras pessoas recolhem para agir e mudar um pouco a realidade em que vivemos.
Uma grande inspiração para quem quer tomar parte na mudança sem ter de ir para a rua queimar pneus, partir vidros ou sujeitar-se a cargas policiais. A ver do princípio ao fim.