Vintage Halloween Postcard |
É claro que a bruxaria é uma coisa feminina, provavelmente desde que a primeira mãe pôs a mão sobre um filho para lhe acalmar uma qualquer dor. Como poderia não ser?
O resto saiu da imaginação colectiva, em que as curadoras se transformaram nos demónios de todas as dores e tragédias, visto que a mente humana parece não ser capaz de distinguir entre quem conjura e esconjura o mal.
O que não fica claro é como as pessoas que usam microondas, telefones de última geração e carros topo de gama pagam para a donas de casa vulgares para lhes recomendarem chás, missas e lhes tratarem de amarrações e outras confusões.
Será assim tão difícil acreditar no trabalho que elas próprias fazem, nas suas cabeças, a imaginar sozinhas toda a espécie de males e traições, vinganças e protecções é mais do que suficiente para subsistir nesse mundo de encantamentos e perigos criado individualmente e sem outras ajudas?
Que maiores bruxarias que as das nossas cabeças serão os outros capazes de produzir, em comparação com as vilanias imaginadas de cada vez que alguém nos magoa ou contraria?
Tristes e inseguros bruxos e bruxas, fechados nos seus universos de magias imaginadas dos outros contra si, que requisitam e consomem avidamente a validação de actos que atribuem aos outros e, afinal, brotam de si mesmos...
Mais, as pagam a preços comparáveis aos das cirurgias mais avançadas, também necessárias pelos preconceitos que igualmente adoptam sobre si próprios.
É um sistema de pensamento muito popular, assim como o das sociedades que imaginam perigos e conspirações para as quais criam medidas de defesa desnecessárias, que acabam por se estabelecer como normas que encasulam os indivíduos em sistemas paranóicos de defesas que se tornam ataques à sua capacidade de criar enquadramentos mais positivos e funcionais.
O preconceito é assim, uma ideia feita desnecessária, limitativa e perfeitamente substituível por outras com maior capacidade de expandir a felicidade e outros bens positivos.