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quinta-feira, 25 de abril de 2019

não se fazem revoluções sem mulheres

"Women in flying colors" by MMF
Só para começar, não se fazem revoluções sem mulheres. Muito menos quando os seus nomes e os seus actos não se mencionam, como se não importassem ou nem sequer existissem.
Não se fazem revoluções verdadeiras quando se ignora uma metade da humanidade. O que é, literalmente, desumano. Não se fazem revoluções verdadeiras, pelo menos. Faz-se de conta, com umas pitadas de mudança, mas sem ir ao fundo do tacho. Não vão vir ao de cima as verdadeiras questões que poderão estar na origem de uma revolução digna desse nome.
O verdadeiro poder é subtil. Não esmaga, nem deita abaixo. Não é uma questão de força. É só transformação. É pessoal. Não se ilude com massas, mas com a capacidade individual.
Por isso, mais uma vez, não se fazem revoluções sem mulheres. E nada vai acontecer enquanto não armarem as mulheres com as mesmas capacidades que entretanto se veneram: a força, a afirmação material de que podem ao mesmo nível que as suas contrapartes masculinas. 
Porque, infelizmente, ainda é a esse nível que opera metade da Humanidade. É no poder físico e talvez seja mesmo necessário equipar as mulheres com esse tipo de perícia para que o respeito por elas finalmente se manifeste.
Enquanto as nossas filhas não aprenderem, de pequeninas, a defender-se da força bruta, nenhuma revolução vai ter um efeito visível na sua condição de seres à mercê de outros. Enquanto não as enchermos de técnicas de domínio, que parece ser a única linguagem cuja simplicidade está ao alcance dos meninos, nenhuma revolução provocará alguma mudança significativa.
Portanto, só para começar, vamos celebrar este dia com este conceito revolucionário: não se fazem revoluções sem mulheres. Uma ideia é uma semente. Deixeimos crescer e florir estas. E podem ser cravos ou rosas, desde que sejam para as mulheres fazerem a sua revolução.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

bruxas e santas

"The Witching Hour" by Wendy Sharpe

Faz sentido terminar a noite como uma bruxa e iniciar o dia como uma santa. Aliás, faria sentido repetir essa rotina todos os dias, a toda a hora, sempre que nos apetecesse. É uma grande receita para a reinvenção da vida: reconhecer e aceitar com naturalidade o nosso lado mais básico e também mais vibrante, para a seguir o transmutar na subtileza do mais espiritual e igualmente poderoso.
É por isso que o dia das bruxas é tão interessante e, entre nós, seguido do dia de todos os santos, duplamente significativo. Bruxas ou santas, em papéis redutores impostos pela necessidade de controlo das mulheres, na sua versão mais poderosa e menos domada. São as mesmas bruxas e santas que abraçam os poderes mais escondidos e, afinal, mais despidos de preconceitos, para em seguida darem lugar às habilidades mais subtis e belos da verdadeira natureza humana.
É um processo natural que ainda está sob a influência dos medos atávicos que nos perseguem desde as mais remotas eras. Pode ser assustador assistir à manifestação dos magníficos poderes inatos de uma boa parte da população humana, sobretudo aquela que se quer colada a uma imagem pacífica, submissa, fraca, maternal e muitas outras coisas não forçosamente positivas.
Só que as bruxas são mesmo essa força da natureza capaz de transcender mesquinhices e votar a sua energia às tarefas mais nobres e importantes. E aí, ou como santas, são uma espécie de domicílio sagrado para todos os aflitos. 
Portanto, há que recuperar urgentemente esses papéis e reintroduzi-los na malha social dos nossos dias. Há que permitir às nossas bruxas e santas a manifestação do seu poder regenerador e pacificador, para que não se perca muito mais tempo a fazer de conta que não há soluções capazes de transformar a nossa apreciação da vida numa tarefa digna dessa experiência.