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quinta-feira, 10 de abril de 2014

uma escolha basta

foto daqui
Gosto de dias de sorte e, portanto, das quintas-feiras, regidas por Júpiter e pelas suas alegrias. Esta quinta-feira li finalmente o texto de Alexandra Lucas Coelho sobre o país que não é de um presidente ou de um partido. E lembrei-me do mítico Peter Pan, que tem uma mensagem jupiteriana sobre o que é ou não nosso.
No mundo do rapazinho que não envelhece, vira-se as costas à bruxa má e aos pesadelos e eles desaparecem. Porque não se lhes prestando atenção, definham, perdem a força.
Seguindo este raciocínio mágico, que é afinal uma poção mágica e uma parábola encantadora sobre a forma como podemos livrar-nos do mal, às quintas-feiras (e nos outros dias) não vejo nem ouço notícias. Não presto atenção quando começam a falar na crise, nas doenças e noutras misérias. Erradico a propaganda do mal.
E não estou com isto a entrar num mundo de fantasia, porque o mundo é o que dele fazemos, fantasias incluídas. O mundo está na nossa cabeça e, se lá cabem terrores indizíveis relatados pela indústria de entretenimento em que se tornou o jornalismo mundial, por que não também dar lugar a algumas formas de felicidade criadas pela nossa vontade?
No fundo, toda a nossa vida se resume à escolha do que nos prende mais a atenção: o lado negro ou o nosso, colorido de acordo com as nossas cores? Porque a maior e a mais verdadeira ilusão é que a escolha não está nas nossas mãos, mas sim na de outros. Quando uma escolha basta para decidir o caminho que mais nos agrada, que mais tem que ver connosco.
Escolher o lado bom e amável da vida não é optar por fantasias e ilusões. É simplesmente negar aos outros o controlo da nossa vida através de fantasias e de ilusões que não nossas.
Uma escolha basta para conduzir a forma como vivemos pelas nossas normas e não as alheias. Quando aprendemos a valorizar mais o nosso bom senso e menos a falta que os outros têm dele, estaremos, como Peter Pan, a ignorar o lado mau da vida para, livremente, começar a viver a nossa.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

emprenhar pelos sentidos

Foto daqui.
Se alguém estiver a comer e outra pessoa começar a falar de vómitos, ranhos e cocós, isso pode parecer engraçado a alguns, mas a maioria sabe que é uma coisa de mau gosto e a evitar a todo o custo.
Da mesma forma, se alguém estiver assustado com alguma coisa, é muita maldade falar-lhe do que assusta essa pessoa. O normal e desejável é evitar o assunto e tentar acalmar e distrair a pessoa do que a assustou.
Sendo assim, por que razão me enchem os ouvidos com a crise as dificuldades e outras notícias deprimentes? Que horrível e sádico deleite é esse o das pessoas que se chegam ao pé de nós só com notícias horríveis, desgraças que aconteceram e antevisões das que vêm aí, que ainda não existem, mas que juram a pés juntos que vão abater-se sobre todos?
Deixem de encher o meu mundo com o vosso sangue, real ou imaginário, com as vossas lágrimas e com o vosso desespero. Se não acreditam em nada, fechem os olhos e rendam-se de uma vez à falta de luz, ao medo e às fantasias paralisantes. Não se levantem de manhã, que não vale a pena, não usem o telemóvel nem as redes sociais para envenenar tudo com a vossa desesperança.
Não comprem jornais, não vejam noticiários e fiquem nas vossas camas, deitados e à espera do fim do mundo. Pode ser que ao fim de uma semana de silêncio e paz, a vossa realidade tenha voltado ao normal e consigam usufruir de tudo o que têm à volta e não aproveitam por emprenharem pelos sentidos com as desgraças que não são vossas.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

escolhas e fantasias

Muito se queixam as pessoas, mas o certo é que, o governo que têm é sua escolha. Que esperavam, ao tomar a decisão de votar em pessoas cujo universo mental parece o de um mata-borrão? O único acerto foi anteciparem o derrame de tudo o que é vital e a respectiva absorção por um governo que parece um aspirador de anti-matéria. Há que deixar de responsabilizar gente obviamente incapaz de assumir determinadas responsabilidades e começar de imediato a imaginar governantes poderosos, criativos e capazes de mudar realmente a nossa realidade.