Foto MMFerreira |
Invejar quem não tem nada é uma qualidade intrigante e, possivelmente, uma das mais absurdas que conheço. Só equiparável, talvez, ao ressentimento demonstrado perante a alegria de viver de quem, contra todas as adversidades, teima em cultivar a alegria.
Sendo a vida pejada de contrariedades que não podemos evitar, não é pecar por optimismo ou por inconsciência não ceder à depressão e aos pensamentos negativos. É uma questão de bom senso e de saúde mental.
Confundir isso com irresponsabilidade ou falta de vontade e energia para tentar mudar as coisas é que condenável. Nem toda a gente é vítima de circunstâncias adversas por falhas graves na sua personalidade. Pode ser por desconhecimento e falta de orientação adequada para mudar algumas vicissitudes pelo caminho, mas isso não é obrigatoriamente condenável.
Que, apesar disso tudo, se inveje e queira mal a quem sofra por mor de desastradas situações, é espantoso.
Talvez a resposta esteja em algum medo que tolhe os aparentemente mais afortunados, coartando-lhes a capacidade para exercerem o optimismo e a alegria que estarão, quiçá, mais equipados para pôr em prática. O receio de falhar e a opção por apostas cem por cento seguras nunca é compensador quando a nossa cabeça teima em sonhar com voos mais altos.
O que não é razão, nem justifica, invejar e diminuir o esforço dos outros para combater o receio e a insegurança. É empatar a sua e a vida dos outros, sem outro lucro que o da impotência e o desânimo. E é crueldade, na mais básica forma em que é posta em prática pela mediocridade de quem se deixa desiludir.
Arranjem o que fazer.