by Paulo Paz, na Oficina do Desenho
A brincar, a brincar, vamos formando as trindades nossas de todos os dias. Ligações por vezes efémeras e, muitas vezes, tão fortes como a original.
Quem desenha uma cara, desenha-as todas. Sempre que se desenha, se escreve, se pinta, se cria qualquer coisa, boa ou má, acrescenta-se algo ao tecido de todas as coisas. E a existência segue assim a sua infinita expansão, sem darmos por isso.
Que consciência temos, de facto, do imenso processo criativo que desenvolvemos durante um dia das nossas vidas? Que importância damos ao extraordinário poder de cada segundo da nossa existência?
Deveríamos estar mais atentos à nossa modelagem da vida. Ao poder que manifestamos ao preparar um simples café ou a divagar mentalmente sobre sonhos e coisas comezinhas. Nada se perde, tudo se ganha, tudo se transforma mesmo antes de pousar a chávena para nela depositar o líquido que em seguida se saboreia.
A brincar, a brincar, as trindades criam-se a todo o instante e a um ritmo que somos incapazes de acompanhar. Em consciência.