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Tenho visto pelo menos uma estrela cadente todas as noites. Nunca vi uma estrela cadente, disse-me alguém há um par de dias. Pensei em responder que é preciso olhar para cima à noite, mas era uma conversa que estávamos a ter e às tantas temos de decidir entre olhar directamente para quem temos à frente ou olhar para cima e ver estrelas cadentes.
Noutras ocasiões alguém demonstrou com entusiasmo a minha boa fortuna por ver uma estrela cadente. Como se fosse um sinal dos céus. Acontece que as estrelas cadentes não são sequer estrelas e o céu em que brilham é apenas o limite da atmosfera em que se desfazem com o atrito. Está bem... São pedacinhos de céu também.
Cadente é uma palavra muito final. Adequada, no entanto, à sensação que fica quando a luzinha desaparece, após um instante de brilho. Também não desaparece de verdade, apenas se transforma. Mas como qualquer outro fenómeno ou manifestação, é uma oportunidade breve que se vai em fracções de segundo.
Tudo ao contrário da eternidade, com a sua enunciada paz e perenidade. Ou é apenas um desejo colectivo de que a estabilidade exista, numa qualquer forma concreta? Num universo em que tudo está em permanente mudança e qualquer detalhe imprevisto abre de imediato infindas possibilidades?
De onde vem essa loucura colectiva que nos incita a procurar a estabilidade a qualquer custo, num universo de estrelas cadentes, em que a única coisa permanente é a mudança?
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