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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

irmãos no sonho

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"Brasil" by Timothy Raines
A eleição do capitão B para comandar os destinos do Brasil pôs um sorriso esperançoso na maioria dos brasileiros que vivem em Portugal. Acreditam que é um passo para restituir a paz e a ordem ao país. Eles, que fugiram sobretudo da violência que reina, impune, acreditam que a polícia militar, sob a orientação do capitão supremo da sua amada nação, vai sair à rua e caçar os bandidos que ameaçam o dia-a-dia da população.
Por outras palavras, os brasileiros refugiados em países mais seguros acham perfeitamente aceitável que façam a outros seres humanos o que não querem que lhes façam a eles.
Por outro lado, confessam que as grandes facções criminosas que dominam territórios estratégicos nas grandes cidades e um pouco por todo o solo brasileiro, estão infiltradas nos seus órgãos de soberania, os mesmos em que confiam para regular a actividade do novo presidente.
Vistas as coisas desse prisma, podemos confiar que, a haver guerra ao crime, serão com certeza os grandes potentados já instalados a combater-se fora das cadeiras do senado brasileiro para conquistar mais território e influência. Não será propriamente uma caça aos bandidos, mas uma guerra de gangues cujo final nem é bom imaginar.
Mesmo assim, mantém-se o sorriso de vitória e esperança dos brasileiros. E há que aplaudir essa confiança que torna o Brasil um país fantástico e promissor. Não os militares treinados para mostrar mão de ferro na terra que juram proteger e afinal pilham e subjugam como invasores. Muito menos os bandidos que confundem os seus direitos como seres humanos com licenças para arrebatar à força bruta posses materiais.
Por outras palavras, os nossos irmãos brasileiros mantêm o seu extraordinário potencial para crer num destino melhor, mas ainda não conseguiram a paz de espírito para se reagruparem e desenharem firmemente o seu sonho. Como tantos outros irmãos no sonho por esse mundo fora.

domingo, 15 de abril de 2018

uma questão de lógica


Por uma questão de lógica, se condenamos ataques e bombardeamentos, que sentido faz atacar ou bombardear quem faz o mesmo? Só se for o de abdicar do que achamos certo para descer de nível num jogo que, à partida, não se quer jogar.
Que sentido faz, na mesma linha lógica, condenar à morte quem mata? Ou ser a favor da pena de morte e depois condenar o aborto como um assassínio? 
Olho por olho e dente por dente é uma resposta de quem está acossado, de que não vê alternativas. No entanto, há sempre outra forma de ver as coisas e não é perpetuando uma cadeia de agressões que se vai à origem dos problemas para mudar o padrão, ou paradigma, que nos aprisiona numa realidade que não se quer viver.
Tomar partido também não resolve um conflito. Apenas adiciona mais peso a um dos pratos da balança, sem diluir o que divide, sem conduzir uma outra direcção.
Estaremos condenados a debatermo-nos ciclicamente com estes impulsos irracionais, em vez de reconhecer o medo pelo seu real valor, ou falta dele?

quarta-feira, 4 de abril de 2018

indignação e refilices


A indignação é uma coisa boa, quando não é simplesmente uma refilice só porque alguém põe um sapato dois centímetros para o lado que não é o do costume. A refilice é o mantra de quem anda aborrecido com alguma coisa e resolve despejar assim o saco.
Em vez de se utilizar em questões de fundo, como direitos e justiça, lógica e estabelecimento de limites, gasta-se habitualmente em manifestações menores de situações que não seguem as rotinas cegas que confundimos com a tranquilidade que nos é devida. 
A indignação também é uma arma de arremesso para quem tem um pendor especial para a manipulação das emoções alheias. 
O problema é que a maioria das indignações não é, na verdade, digna desse nome. São apenas resistências mal orientadas, com origem em preconceitos sem sentido.
Por exemplo, se alguém muda de opinião devido a um genuíno processo de correcção de pensamento, os habituais epípetos relacionados com a falta de carácter não se aplicam. Pelo contrário, transformam os seus produtores em reféns de um pensamento desajustado da realidade, ignorando a clareza de espírito elogiável que permitiu ao indivíduo evoluir de forma positiva no seu processo de entendimento do mundo e da sua constante transformação.
Não raro, inclusivamente, os enunciadores destas indignações são quem mais apregoa uma fidelidade inviolável a princípios e valores que, bem analisados, apontam por princípio para a sensatez do ajustamento ao evoluir das situações e da consciência.
Quando se deseja honestamente a mudança, para melhor, há que exibir coerência e aceitar que as suas medidas justas exigem flexibilidade para integrar novas soluções. Não há mérito algum em manter teimosamente as mesmas respostas a circunstâncias que não param de evoluir.
Haja a humildade de aceitar que a verdade está em aceitar que as velhas receitas têm de dar lugar a novas, sem medo de descartar certezas absolutas que se tornaram inadequadas.
O passado deixa-nos a memória e a aprendizagem das experiências, mas não a obrigatoriedade de aplicação das mesmas soluções para circunstâncias diferentes.
Antes da indignação devemos questionar os verdadeiros motivos que a provocam e convocar a abertura necessária para reconhecer e aceitar novas formas de pensamento e de acção. Sobretudo se reconhecemos a necessidade de mudança e transformação real.

domingo, 25 de março de 2018

nem por sombras?


Come gather 'round people / Wherever you roam / And admit that the waters / Around you have grown / And accept it that soon / You'll be drenched to the bone. / If your time to you / Is worth savin' / Then you better start swimmin' / Or you'll sink like a stone / For the times they are a-changin'. // Come senators, congressmen / Please heed the call / Don't stand in the doorway / Don't block up the hall / For he that gets hurt / Will be he who has stalled / There's a battle outside / And it is ragin'. / It'll soon shake your windows / And rattle your walls / For the times they are a-changin'. // Come mothers and fathers / Throughout the land / And don't criticize / What you can't understand / Your sons and your daughters / Are beyond your command / Your old road is / Rapidly agin'. / Please get out of the new one /If you can't lend your hand / For the times they are a-changin'. (Bob Dylan, 1964)

Queremos todos mudança e todos nos assustamos com ela. Porque exige honestidade e clareza. Porque nos custa admitir essa parte do nosso carácter que se acomoda às coisas que estão mal e nas quais tomámos parte, nem que seja pela recusa de tomar uma decisão diferente.
Em cima do muro fica o inferno, aquilo que nem é sim, nem é não. A dificuldade em tomar uma posição que, se é certa, mesmo assim suscita a dúvida e nos atormenta; e se é não cria a culpa que nos esmaga.
Os tempos, ou as circunstâncias mudam, mesmo assim. Somos mais de sete biliões de pessoas a tomar decisões, e aqui estou a partir do princípio simplista de que só nós contamos para esta insana complexidade de possibilidades que tudo e todos afecta. Mesmo assim temos a pretensão de saber o que andamos a fazer e que podemos prever um mínimo de desfechos lógicos.
Há, apesar disso, alguma lógica e possibilidade de coerência neste inocente estado de consciência a que nos remetemos? Nem por isso, nem por sombras.
O mais engraçado é que, apesar disso, com mais ou menos consciência, fazemos uma cara séria e assumimos uma postura de quem sabe exactamente o que está a fazer. 
E a mudança continua, independentemente da nossa vontade e do nosso contributo. Porque apenas a consciência muda, na nossa contemplação desta contínua e inatingível complexidade de acções e efeitos.
Portanto, podemos ser exactamente que quisermos, ou sofrer por acharmos que não. Nada disso importa realmente para o resultado final de todas as coisas, neste insignificante papel que desempenhamos individualmente. 
Por outro lado, uma pequena pedra deslocada do seu sítio, pode fazer desabar uma montanha. E as montanhas não estão à espera disso, claro. Por isso, que garantias eternas nos dão também as montanhas, se mais tarde ou mais cedo desabam como tudo o que esmagam? 
As probabilidades são idênticas para grandes ou pequenos e nisso é que está a justiça de tudo.
A memória é uma espécie de manual do jogo da vida, como esta letra do senhor Dylan que, há cinquenta e quatro anos, preconizava a mudança e que tão bem se aplica aos nossos tempos.

sábado, 2 de dezembro de 2017

lua cheia


Hoje é dia de lua cheia. Ainda não decidi se vou virar bruxa, lobanil ou rã. Ou, mais simplesmente, se deixo o cardápio em aberto. Se dividir convenientemente a noite, osso ser tudo. Se não me perder para sempre nos prazeres de cada personagem...
É um erro recorrente na nossa vida, acharmos que devemos permanecer um determinado tipo de personalidade, só porque confundimos isso com força de carácter. Mas não é nada disso. Devemos perder o medo de mudar as facetas da nossa personalidade e deixar de exigir aos outros o mesmo.
Hoje é dia de lua cheia e de começar de novo. Hoje e sempre, comecemos muito e vejamos o que dá mais certo. E enquanto dura, vida doçura.

sábado, 30 de setembro de 2017

simples mudança


A mudança é simples. Está sempre a acontecer. Basta que entendamos que, de instante a instante, estamos a fazer escolhas que estão sempre a reflectir-se no rumo das nossas vidas. Coisas simples como beber um copo de água em vez de um sumo, vestir primeiro uma peça de roupa em vez de outra, conduzir por uma rua ou parar numa esquina.
Todas as acções produzem um efeito e é estar mais ou menos consciente disso que produz a nossa capacidade de mudança. Entender isso é aprender a apreciar as voltas e reviravoltas que a vida dá. O constante movimento da nossa vida. E que somos os omnipotentes autores da mudança.
Claro que não é possível adivinhar todas as consequências das nossas escolhas, porque somos, todos juntos, um imenso organismo vivo a produzir toda a sorte de novos movimentos. E apenas podemos ter alguma consciência dos nossos.
Assim dito, parece não haver controlo sobre os efeitos das nossas escolhas, mesmo as mais simples. Mas há sempre uma chave para qualquer puzzle, um sentido para a forma de jogar qualquer jogo.
No nosso caso, o truque está em jogar com o coração. Seguir o nosso instinto, acreditar no que faz sentido para nós e para os outros.
É na simplicidade que encontramos o efeito mágico da vida. Nas escolhas elementares entre o que nos serve e o que sabemos que nunca nos servirá.
A mudança é simples quando tomamos consciência de que está nas nossas mãos, em todos os gestos , em todas as decisões que fazemos e tomamos.  

terça-feira, 1 de agosto de 2017

estrelas cadentes

Imagem daqui


Tenho visto pelo menos uma estrela cadente todas as noites. Nunca vi uma estrela cadente, disse-me alguém há um par de dias. Pensei em responder que é preciso olhar para cima à noite, mas era uma conversa que estávamos a ter e às tantas temos de decidir entre olhar directamente para quem temos à frente ou olhar para cima e ver estrelas cadentes.
Noutras ocasiões alguém demonstrou com entusiasmo a minha boa fortuna por ver uma estrela cadente. Como se fosse um sinal dos céus. Acontece que as estrelas cadentes não são sequer estrelas e o céu em que brilham é apenas o limite da atmosfera em que se desfazem com o atrito. Está bem... São pedacinhos de céu também.
Cadente é uma palavra muito final. Adequada, no entanto, à sensação que fica quando a luzinha desaparece, após um instante de brilho. Também não desaparece de verdade, apenas se transforma. Mas como qualquer outro fenómeno ou manifestação, é uma oportunidade breve que se vai em fracções de segundo.
Tudo ao contrário da eternidade, com a sua enunciada paz e perenidade. Ou é apenas um desejo colectivo de que a estabilidade exista, numa qualquer forma concreta? Num universo em que tudo está em permanente mudança e qualquer detalhe imprevisto abre de imediato infindas possibilidades? 
De onde vem essa loucura colectiva que nos incita a procurar a estabilidade a qualquer custo, num universo de estrelas cadentes, em que a única coisa permanente é a mudança?

segunda-feira, 10 de julho de 2017

mudança: vamos a isso?



É um facto que somos incapazes de governar as nossas vidas com a coerência e a eficácia que desejaríamos. Senão vejamos: passamos a vida a lamentar-nos e a implorar por mudanças.Tanto o fizemos, que elas estão aí à porta: em casa, nas relações, nas instituições incapazes de funcionar cabalmente, na vida social e política, em que são cada vez mais evidentes as incoerências e a falta de respostas, em todo o planeta, que explode em demonstrações de insustenabilidade.
Toda a gente fala agora de um novo paradigma, mas ninguém o enuncia de facto. Porque o pressentem, porque já está a acontecer, mas são essas mesmas pessoas que lhe resistem, sem se dar conta que, para que este novo paradigma resulte, não podem continuar a repetir as mesmas velhas fórmulas.
Foram essas fórmulas, rotinas, vícios de pensamento que produziram o caos e a incoerência a que assistimos hoje. Por isso, repeti-los só cria mais do mesmo. O novo paradigma é uma mudança de hábitos e de pensamentos, dentro de nós, socialmente, globalmente.
E quem estiver à espera que polícos e líderes resolvam tudo, está no antigo paradigma e só vai sofrer com este. Está na altura de acreditar no poder individual que temos e de corrigirmos o que nos aflige. De acreditar que a mudança só nos beneficia e, afinal, fomos nós que passámos décadas a protestar e a pedi-la.
Ora, cá está ela e só temos de a abraçar e a compreender como a materialização dos muitos pedidos de ajuda que temos vindo a fazer. Vamos a isso?

domingo, 16 de outubro de 2016

no limbo do domingo

Fotografia: Maria Isabel Mota
Domingos são aqueles dias de limbo, entre o lazer do fim-de-semana e a preparação para a agitação de um novo ciclo de trabalho. Entre o passado e o futuro, a pausa e a acção.
Aqui e agora, são momentos de escolha, de decisões, de karma (acção) a determinar os efeitos que se seguem.
Grandes oportunidades de crescimento pessoal e espiritual surgem logo na sexta-feira (viernes, vendredi ou o dia de Vénus), em que termina o trabalho e se corre para o oposto, o prazer; sábado (dia de Saturno), em que se descansa e se maturam as ideias e os sentimentos pessoais; e domingo (sunday), o dia do Sol e do reencontro com a lucidez e a acção.
Nada melhor do que um dia nublado e preguiçoso para nos presentear com a tranquilidade necessária para preparar mudanças. E o auxílio da fase da Lua para completar o processo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

nómadas felizes no fim do verão


Estar e bem-estar. Preguiçar finalmente de grandes emoções ou reacções. No fim do verão, com Setembro por fundo e banhos de sol tardios nas dunas. É uma sensação física que reflecte uma condição interior, a consciência de qualquer coisa que termina para dar lugar ao que por aí vem. A antecipação de um recomeço sem a pressão das expectativas.
Setembro é um mês para nos sentirmos em casa. E também para sentirmos a mudança que pode acontecer a qualquer instante. Somos nómadas felizes quando paramos para esperar em silêncio o momento de escolher um novo caminho. 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

o dinheiro e as eleições (ser em vez de ter)

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Imagem daqui
Acumular dinheiro tornou-se, na nossa sociedade, um símbolo de sucesso, de poder, de coisa meritória. Há gente diligente que desperta todos os dias com vontade de fazer coisas e põe isso em marcha com acções que produzem riqueza. Essas pessoas são ricas, não apenas em dinheiro, mas no total das suas vidas, que aproveitam para pôr em marcha de todas as formas que consideram úteis e válidas.
Outras pessoas confudem simplesmente o dinheiro com os seus anseios. Em vez de acumularem as coisas que provavelmente os fariam felizes, confundem o símbolo com a finalidade das suas vidas.
O único motivo pelo qual achamos que precisamos de dinheiro é para suprir o desejo que sentimos por coisas que nos podem causar satisfacção e felicidade.
Quando os políticos e outras figuras destacadas da sociedade falam em dinheiro e riqueza estão a referir-se directamente às nossas possibilidades e capacidades para sermos ou não felizes. Usam o símbolo para nos aliciar ou assustar em relação à forma como sentimos a vida. Agradável se tivermos dinheiro, horrível se não for esse o caso.
A geração de riqueza que tantos discursos apregoam não é a multiplicação dos euros ou dos dólares, fracos substitutos das nossas emoções e da nossa vontade de sermos felizes. E são fracos não porque sejam maus, pois são apenas um símbolo neutro, a que nós atribuímos uma boa ou má conotação, conforme o nosso discernimento em determinado momento.
O discurso da riqueza que actualmente se faz é para convencer toda a gente que alimentar um sistema baseado na multiplicação do dinheiro é o grande sentido da vida. Que sem isso tudo o resto desaparece. E, na verdade, se de repente todo o dinheiro desaparecesse, ninguém sucumbiria e, provavelmente, outro símbolo surgiria, ou seria criado, para medir o valor das coisas e das trocas entre as pessoas.
Acontece que as pessoas se sentem cansadas de estar sempre a ser medidas por um símbolo sobre o qual não têm controlo. Que um pequeno grupo monopoliza e manipula para manter toda a gente miserável e na expectativa da felicidade.
O que está mal na política e nos seus representantes é o constante adiar da vida para um futuro que poderá ser melhor se todas as irracionais exigências monetárias forem cumpridas, quando a felicidade está em viver hoje de acordo com o que todos temos e que o dinheiro nunca poderá comprar: a vida e a muito mais terrena capacidade para a gozar agora, com tudo o que ela nos oferece.
Muitos são os candidatos que se apregoam da mudança e contra o actual estado da Nação, da Europa e da crise mundial. O certo é que, até agora, todos eles falam na riqueza que é preciso gerar em tempo de crise, perpetuando os medos e as promessas com muitas palavras que até parecem novas e de esperança. Mas nenhum consegue chamar os bois pelos nomes e propor uma verdadeira mudança.
A única que até agora apresentou uma alternativa concreta é a candidatura de Isabel Magalhães e do movimento por ela criado, o Ser Cascais. Com frequência, refere o Ser em vez do Ter, verbalizando com muita simplicidade o que todos queremos: ser considerados para lá do símbolo do dinheiro e dos seus jogos, recuperados no valor que todos carregamos, sem excepções.
Uma única voz diz o que é necessário para mudar de facto e arranjarmos um novo e satisfatório símbolo para os nossos desejos e para a nossa felicidade. E isso só se consegue ouvindo com atenção Isabel Magalhães e a sua simples proposta: sejamos!
O movimento Ser Cascais não tem dinheiro e não propõe esse símbolo como meta para atingir a felicidade dos cidadãos. Propõe o acesso directo a ela e ao sucesso, independentemente do estado da Nação e da sua adesão negativa a um símbolo que já todos identificam como um negro carrasco sobre as cabeças das pessoas em todo o mundo.
Seria de esperar que uma proposta tão assertiva fosse, no mínimo, replicada pelos outros intérpretes da política. Para o que seria preciso que entendessem a sua própria escravidão ao símbolo e ao significado que lhe atribuem. Mas isso não acontece, porque são pessoas que não se levantam todos os dias com gratidão por estarem vivas e com entusiasmo por cada momento em que são, em que existem. São pessoas que sentem o jugo e a pressão, não tendo muito mais consciência do embuste em que incorrem do que os demais cidadãos.
No caso de Isabel Magalhães, o Ser em vez do Ter, e da sujeição implícita, basta para justificar a enorme fé que tem na vida e nas capacidades de cada indivíduo. O seu trabalho não é político no sentido convencional e degradado do termo. É o de apontar um caminho e exibir os seus bons resultados pessoais como exemplo de que uma atitude diferente compensa e recompensa.
É uma mudança de consciência que já está à nossa frente. Não chega avisar os políticos que as pessoas já estão conscientes dos seus jogos e dos seus logros. Impõe-se mudarmos a nossa atitude e gozar os frutos dessa mudança, de Ser em vez de Ter. 
A diferença está em ser de imediato como se deseja ou procurar ter qualquer coisa que só pode ser um fraco símbolo ou substituto do que realmente queremos.