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sexta-feira, 26 de julho de 2019

cat friday

"cat friday" by MMF
Sexta-feira 26 (ou duas vezes 13) e eu aqui a ver onde se meteu o gato preto do vizinho. Não corro o risco de passar por baixo de uma escada, mas não sei se conta o esconso onde estão os caixotes com livros. Abrir o guarda-chuva dentro de casa também não é uma necessidade premente e partir espelhos não calha em caminho. Creio pois que estou safa e posso gozar com genuína tranquilidade a sexta venusiana. Como sou, aparentemente, uma subespécie gerada a partir de uma costela crua e melosa, não vou aliviar-me às casas de meninas. Posso sempre sair com as amigas para uma noite de gatas.

domingo, 16 de outubro de 2016

no limbo do domingo

Fotografia: Maria Isabel Mota
Domingos são aqueles dias de limbo, entre o lazer do fim-de-semana e a preparação para a agitação de um novo ciclo de trabalho. Entre o passado e o futuro, a pausa e a acção.
Aqui e agora, são momentos de escolha, de decisões, de karma (acção) a determinar os efeitos que se seguem.
Grandes oportunidades de crescimento pessoal e espiritual surgem logo na sexta-feira (viernes, vendredi ou o dia de Vénus), em que termina o trabalho e se corre para o oposto, o prazer; sábado (dia de Saturno), em que se descansa e se maturam as ideias e os sentimentos pessoais; e domingo (sunday), o dia do Sol e do reencontro com a lucidez e a acção.
Nada melhor do que um dia nublado e preguiçoso para nos presentear com a tranquilidade necessária para preparar mudanças. E o auxílio da fase da Lua para completar o processo.

sábado, 27 de agosto de 2016

a lucidez do amor


E se for só isso? A lucidez proporcionada por uma emoção? O segredo de tudo, a porta para a compreensão do que move a vida? Mesmo quando há hormonas a ajudar à festa e a misturar o físico com o emocional? Não se dará o caso de projectarmos fisicamente as nossas necessidades emocionais? Ai que adoravelmente burrinhos somos... 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

notícias


Não há como iludir a saudade dos tempos em que era possível pedir um café matinal e folhear os jornais com alguma avidez pelas notícias do dia. Faz falta a ingenuidade que permitia creditar que toda a informação era importante e que o serviço do jornalismo era de uma imensa utilidade pública.
Saudade também da figura do jornalista que acreditava no seu dever de contar histórias que a todos interessava ler, comentar, discutir. Numa altura em que a necessidade de saber o que se passava acordava com o pequeno-almoço e era uma busca, Em vez da cascata impositiva de textos preparados para moldar opiniões e modos de vida.
É impossível não ter saudades da credibilidade dessas pessoas que trabalhavam sem horas para transmitir notícias prementes, em oposição aos copistas cansados que agora não têm horas nem como discriminar o certo e o errado dos textos automáticos com que preenchem os programas de edição.
O trabalho é mau, a paga é miserável, as cabeças ocupadas com a sobrevivência e as vontades constantemente violadas pelo espectro do desemprego se não houver uma cega obediência à ditadura das empresas de comunicação.
Como é que gente com vocação para explorar as novidades intermináveis de um mundo com uma crescente tendência para se revelar chega a este nível de submissão inaceitável? Como é que alguém apaixonado pela necessidade de escrever e comunicar se deixa enterrar para sempre no lodo dos cenários dantescos de uma sociedade submetida à escravização?
Quando e como é que a investigação se substituiu pela consulta de obscuras fontes online e pedidos por email com respostas sancionadas por autoridades sem nome ou rosto?
O lápis azul era uma brincadeira de crianças em comparação a esta nuvem (cloud?) de controladores de informação. 
E, no entanto, há quem ainda acredite que faz um bom trabalho e que pensa livremente quando se exprime em notícias, artigos e crónicas redondinhas, que nunca partem um prato, nem serão jamais motivo para pôr em perigo o parco, mas certinho, salário. 
É o triunfo do espírito do funcionário público de antanho, exportado com um tremendo êxito para todas as áreas do trabalho, imbatível no seu objectivo de sujeição de toda a humanidade, ou falta dela.

sábado, 19 de abril de 2014

outras nuvens

Foto ACD
Faltam-me outras nuvens, o outro universo que caminha a par do meu. Falta-me o abraço companheiro e a felicidade que me transmite. Num mundo exclusivo de farrapos espalhados pelo céu, é o breve encontro de outras nuvens que desenha o conjunto perfeito.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

um sol devorador

Desenho MMFerreira
Sempre gostei do Sol, mesmo à noite, quando não se via. Imaginava-o escondido atrás das estrelas e viajava até lá, para o admirar. Melhor, mesmo, era saltar na Lua como os astronautas, embora a possibilidade de ficar cheia de poeira me apoquentasse de vez em quando. Ou então, quando passeava de bicicleta pela rua, logo de manhã, e punha a hipótese de a ver levantar voo na direcção do Sol, atraída pela sua força devoradora de mais e mais energia...

terça-feira, 22 de maio de 2012

os xamãs de hoje

Artwork by MMFerreira
 Na secura do materialismo dos dias de hoje, os artistas são os únicos xamãs aceites e autorizados pela sociedade. Repositórios de conhecimentos esquecidos e ligações misteriosas com mundos paralelos de imensa riqueza, materializam-nos em manifestações artísticas que nos devolvem visões surpreendentemente belas, equilibradas e arrebatantes da realidade.
Em oposição a quem considera a arte fútil e inútil, quando vejo as multidões que acorrem a concertos, espectáculos e outras realizações criadas por gente capaz de ver e viver além da parca economia de sobrevivência, regozijo-me sempre com a eterna capacidade para sonhar e reinventar a realidade de que são capazes os artistas.
Toda a gente sabe que a arte não dá de comer porque o ouve repetidamente ao longo de toda a vida. No entanto, poucos são os que resistem ao arrebatamento de uma canção, de uma representação, de uma pintura, de palavras ditas e escritas.
É magia, sim, essa forma de comunicar com o que dentro de nós explode quando se encanta com uma peça artística. É magia essa coisa de pegar em sentimentos, objectos inertes, irracionalidades e transformá-los em coisas que fazem sentido, sendo embora intraduzíveis mesmo quando é nas palavras que desenrolam a beleza pela qual todos suspiram.
É magia essa capacidade de apelar com tanta autoridade ao que dentro de cada ser humano grita por algo mais.
O artista é o xamã que, com olho mágico, escrutina a alma e arranca dela ansiedades incontroláveis, desejos profundos, novas visões. Momentaneamente despojado das amarras materiais, mergulha no inconsciente colectivo como um caçador de pérolas para trazer à superfície minúsculas porções de riqueza.
Pode passar uma vida inteira sem o reconhecimento material do seu trabalho ou dos seus pares, mas dedica teimosamente toda a sua energia ao que é a sua função nesta vida. O seu trabalho aparentemente irracional e louco completa lacunas e é em geral tolerado. De vez em quando, censurado, porque também há quem nele intua a capacidade de uma arma. Não das que tiram vidas, mas das que a renovam e revolucionam.
Sem o peso do controlo humano que onera crenças e religiões, o xamã-artista circula quase livremente entre nós, contribuindo decisivamente para a contínua transformação de ideias e conceitos. É um visionário cujo rótulo de inutilidade é, de facto, o seu melhor escudo contra o controlo do estabelecido.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

hoje, o foco

Artwork by MMFerreira
Hoje fiz umas curvas e acabei por reencontrar um caminho. Com facilidade, diga-se. Basta olhar em volta, identificar, enumerar e verificar que padrões nos chamam mais a atenção. E hoje foram estes, em laranjas, amarelados, cremes e verdes. É fácil deixar fugir uma ideia central quando tanta coisa à nossa volta parece empenhada em distrair-nos do foco principal. Afinal, não é nada do que está à volta. É apenas falta de foco. Somos nós que temos de agarrar uma ideia e mantê-la sob apertado controlo. E todo o caos se organiza como por milagre à nossa volta.

quinta-feira, 8 de março de 2012

tranquilidade

Deve ser desta luz estupenda, deste excesso de estímulo. Os portugueses, mais ou menos como os outros povos latinos, não têm o hábito da tranquilidade. Estão sempre em modo irrequieto e inquieto, com as vidas cheias de tragédias e imprevistos, sem o hábito do controlo e sem lhe reconhecer as qualidades.
A verdade é que, não perder a cabeça ou não deixar que os acontecimentos se apropriem de nós, condicionando-os à nossa vontade e não à contrária, nos concede pulso e domínio, controlo e menos enredos.
Basta o que basta e um pouco de tranquilidade dá-nos, pelo menos, oportunidade de pensar e de avaliar tudo sem estar debaixo de fogo. Não há que confundir paixão com o caos. Pelo contrário, a paixão tem sempre um objectivo, um fim, um objecto. E é nesse sentido que gosto de caminhar, não às cegas por acontecimentos e desenvolvimentos que me são impostos por outros.
Um estado previdente deveria obrigar os seus cidadãos a uma hora de recolhimento tranquilo por dia. E com isso certamente reduziria os seus orçamentos de saúde pública e de organização para níveis mínimos. Ninguém consegue levar uma vida satisfatória sem um momento de tranquilidade ajuizadamente aposto à sua rotina diária.

quarta-feira, 7 de março de 2012

excessos e défices

Por vezes, neste país soalheiro, falta o sol. Faltam também a alegria, a confiança, a necessidade de, quase em silêncio e mansamente, contemplar o que nos passa diante dos olhos. Talvez seja, precisamente, o excesso de luz, a constante exposição a esse estímulo que tanto atrai os nórdicos e nos deixa à beira de um ataque de nervos.
Há alturas em que é preciso distinguir entre a paixão e a agitação, a tranquilidade que se perde com a crença de que a falta de controlo é espontaneidade.
Não há mal algum em não agir permanentemente, não responder cegamente a todos os estímulos e impulsos. A vida pode muito bem ocorrer sem se assemelhar às estridências e sublinhados de uma ópera italiana.
Devia, sobretudo, evitar-se o barulho e a necessidade de transformar uma gota de água num maremoto. Mas para isso é preciso acreditar que nem tudo que se passa na nossa vida e à nossa volta é, necessariamente, um presságio do Apocalipse.
Por mim, ficava-me hoje pelo optimismo que nos imprimem os primeiros raios de sol e, avisadamente, guardar-me-ia do resto como de um excesso de medicação.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

ser feliz ajuda

"Gréve Humaine" - instalação de palitos de fósforos, da mostra "Às Artes Cidadãos", Fund. Serralves



Ser feliz ajuda, embora veja, na expressão de quem me ouve dizê-lo, a ironia de quem acha que essa coisa de nos acharmos felizes é apenas uma baboseira cor-de-rosa que é de mau tom exibir.
É pelo menos curiosa, essa "vergonha" que as pessoas sentem hoje de determinados valores e conceitos. É como a moda de dizer mal de tudo, nunca estar satisfeito com nada, fazer o culto do pessimismo.
Eu, que acredito ser muito ingénuo não considerar tanto o bom como o mau de todas as coisas e de todas as pessoas, espanto-me sempre com o "pessimismo informado" de que hoje se faz tanta gala. "É ser realista", afirmam os seus defensores, ignorando no entanto que, ser apenas um anotador sistemático de tudo o que é negativo, bem como de todas as possibilidades que as coisas têm de correr mal, só nos conta metade da história.
Ser capaz de encontrar alegria e felicidade, mesmo no meio dos maiores reveses, não é nem um lugar-comum, nem nada que nos envergonhe. Pelo contrário, demonstra que somos capazes de aproveitar o que a vida nos oferece de melhor, mesmo quando tudo parece estar de rastos.
É uma demonstração de lucidez da parte de quem não se limita a seguir a tendência geral e é capaz de fazer da sua vida ma coisa com sentido.
A felicidade e a alegria não são, forçosamente, réplicas baratas dos argumentos que a grande indústria de entretenimento oferece no verão ou na época natalícia. São apenas ocasiões em que podemos desfrutar de sensações compensadoras e reparadoras. Que tem isso de vergonhoso?
Considerar a felicidade como possível, na nossa existência, é um sintoma de inteligência e não o contrário. E ser contido nas manifestações de infelicidade e pessimismo é sinal de controlo na vida, mesmo quando ela não nos devolve senão contrariedades.

terça-feira, 21 de junho de 2011

o dia mais longo do ano

Foto MMFerreira
Mais horas de luz, no solstício (do latim sol + sistere, que não se mexe) de Verão. Quer dizer que vamos ficar acordados mais tempo? Mais iluminados? Ou parados, como sugere a palavra? Dizem os astrólogos que é quando se começa a sentir a influência do carinhoso caranguejo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

dia mundial da criança

Em vez de um quarto cheio de brinquedos - muitos deles feitos por crianças em países em que nem se comemoram direitos nem outras coisas -, este rapazinho moçambicano fez o seu modelo de telemóvel com matope (lama) e usou um pauzinho como antena.
Um brinquedo feito assim, à medida do seu criador, é uma coisa especial. Embora a Europa e a América do Norte celebrem o dia mundial da criança, e haja muitos brinquedos nos quartos de dormir dos mais novos, os pais europeus têm muitíssimo menos tempo de convívio diário com os seus filhos do que os moçambicanos.
Na minha infância, brincávamos fora de casa com os amigos. Hoje, as crianças ficam presas até tarde dentro de casa e só na escola podem socializar e brincar com os outros. É muito difícil fazê-las entender que a escola é um espaço de trabalho, uma vez que não têm outro e, para elas, o recreio é ali.
Perdem-se e ganham-se coisas, quando acrescentamos direitos e brinquedos e perdemos outras qualidades.

terça-feira, 19 de abril de 2011

rios e espelhos

Foto MMFerreira
Toda a vida devia ver-se assim, como um rio, sempre diferente, sempre em movimento, a espelhar as coisas de uma forma que não é verdadeiramente a delas, mas que marca definitivamente a nossa forma de as olhar. Se ao menos fossemos capazes de nos lembrar sempre disso...

quinta-feira, 17 de março de 2011

silêncio


Estou no silêncio. Assim como estava escondida por trás das cortinas quando era miúda. É o meu esconderijo, o sítio onde me refugio para retemperar forças e me apaziguar.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

reset






Há dias em que a cabeça está como estas nuvens, um emaranhado de coisas quase impossíveis de alcançar. Mas é segunda-feira e ainda bem que a cabeça está preenchida e há coisas para tratar, ponderar, pedir, entregar, sugerir, elucidar.
Depois, uma pausa para ir até ao mar reorganizar as ideias, assim à força de ventanias e frios a bater na cara. É como um reset da coisa toda, sem necessidade de recorrer a um botão, que nisso a massa cinzenta é coisa divina. Um único pensamento dá direito a recomeçar tudo de fresco sem necessidade do suporte físico de um botão. Melhor? Impossível...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

flores celestiais


Dos céus vêm sinais, diriam alguns. Como esta 'flor' desenhada no céu por nuvens dispersas pelo vento. Indicativo da fúria divina numa marca indiciadora de desagrados vários? Ou sinónimo de vindouras benesses? A cada qual o seu milagre, digo eu, que já sei que nisto de deuses e diabos é preciso aprendermos a dar-nos com todos. Pela vida fora, fartamos-nos de passar por festas e infernos, muitos deles de bastante menor beleza do que esta imagem. Ao menos aqui assistimos ao ocasional 'floreado celestial' sem outras consequências que as de um magnífico espectáculo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

o monopólio de deus
























(Igreja metodista de Bishop's)


Nunca fui tão assediada por toda a espécie de credos como desde que cheguei a Inglaterra. Anda muita gente perdida por aí a oferecer-me consolo de que não necessito.
Eles são metodistas, evangelistas, muçulmanos, qualquer deles com um activíssimo corpo de recrutadores, missionários e outros activistas que não nos largam.
O pior, no entanto, é a sua inabalável fé no monopólio de Deus pelo seu nicho de companheiros de crença. Com tanta reivindicação da verdade absoluta por parte de templos e congregações, qualquer incauto candidato a crente se sente dilacerado entre tantas forças, qual condenado a desmembramento atado a uma quadra de cavalos apontada a quatro diferentes direcções.
O monopólio de Deus é quase como um clubismo, uma facção, uma claque. É fantástico o número de missionários empenhados na salvação de almas, de tal forma que a evangelização tem vindo a adaptar-se aos tempos modernos, recorrendo a sofisticadas técnicas de divulgação e captação de fiéis com canais satélite, panfletos, CDs e DVDs, acções de rua e intercâmbio de adeptos.
Os canais religiosos de televisão dispensam inclusivamente várias horas diárias à explicação e demonstração de exemplos de sucesso financeiro. Deus providencia.
Entre as sensatas leis inglesas de liberdade religiosa, não discriminação e direitos de minorias, as múltiplas profissões de fé encontram confortáveis nichos protectores que exploram até às últimas consequências. Até à intolerância e abuso da sua liberdade, no insistente assédio a tantos quantos se cruzem nas suas empenhadas cruzadas por Deus, Alá e qualquer outra entidade a quem se reconheça qualquer espécie de autoridade sobre ímpios e quaisquer outros a quem se não reconheça capacidade para levar a sua vida em consonância com os ensinamentos divinos livremente interpretados por qualquer líder religioso.
Aos fins-de-semana Londres enche-se de gente vestida de branco ou de preto, de cabeças cobertas a caminho dos locais de culto. Enchem-se anfiteatros de crentes que protestam o seu amor ao Divino e reivindicam os Seus milagres.
De repente, o monopólio de Deus é um movimento de proporções assustadoras que ameaça transformar as democracias em estados da Idade Média.
O monopólio de Deus tem estado a angariar fundos para missões em África e noutros continentes a troco de votos em líderes políticos conservadores, que garantam a erradicação de conquistas legislativas de direitos individuais suadamente conseguidos nas últimas décadas.
E se esses líderes vencerem as próximas eleições norte-americanas, a Europa nada fará para contrariar a super-potência mundial nos seus ímpetos radicais de conservadorismo.