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sábado, 27 de fevereiro de 2021

oitenta e oito anos de amor

 

Aida e Manuel (Vilanculos, 1959)

Hoje a Aida faz anos (n. 27-02-1933). Há oitenta e oito, em Lisboa, numa noite de Carnaval, os médicos atiraram o bebé de cinco quilos para o canto, enquanto tratavam de salvar a mãe. Ao fim de umas horas de luta, terminada com êxito a tarefa, um deles olhou para a criança e comentou: "Que pena, um bebé tão bonito." E resolveu tentar reanimá-la.
A Aida não se fez rogada e acabou por chorar a anunciar que estava viva. Como hoje, ao fim de setenta e três dias de internamento com muitas agruras e percalços, vai festejar com uma filha e uma neta durante uns minutos.
Na foto está com o seu companheiro de sessenta e sete anos e meio, Manuel (n. 26-09-1925, m. 18-08-2017). Juntos tiveram cinco filhas, cinco netos e três bisnetos. Uma vida cheia de amor e peripécias, muitos e muitos amigos, sempre inspirados, apaixonados e prontos a acolher debaixo das suas asas mais alguém.
A Aida sempre foi a rocha segura sob os nossos pés. E continua a transmitir-nos coragem, alegria e determinação. Sem sombra de dúvida.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

amor às carradas

"all the love we can get" by MMF
Amor às carradas, é tudo o que vos desejo. Sem intuitos comerciais, mas com uma intenção muito clara e consciente. E aos que acham que a coisa é completamente lamechas, amor em muitas carradas. Só para que saibam. Só para que engulam a vergonha e deixem de ser pirosos, a negar aquilo por que suspiram a vida toda. Claro que é irritante ver gente apaixonada, sobretudo se não somos nós e ainda por cima estamos na retranca porque não durou para sempre. Paciência. Ponham-lhe tempo em cima que voltam à parvoeira de desenhar corações e produzir mensagens completamente idiotas. Porque a idiotice também nos sabe bem. Ora bem!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

nas alturas


Hosana nas alturas, ou como só as aves poderão apreciar cabalmente este voo sobre todas as coisas, que pode perfeitamente ser a viagem espiritual que temos de imitar para pôr certas coisas em perspectiva. Valha-nos portanto Santa Abacate, que apesar de terrena, está perfeitamente de acordo com as mais avançadas tendências vegan. E se disso tudo ainda tirarmos outros adoçamentos, melhor. Portanto, Boas Festas e excelentes voos, é o que vos desejo. 

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

limões e amores

"World Full Of Lemons" by Vitaly Urzhumov

É fácil amar e ser amado. O problema está no tempo que o amor dura. Ou a paixão. Ou os dois, segundo o critério de cada um. Não tem a mínima importância se se considera a paixão amor ou vice-versa. A cada um o seu tipo preferido de amor.
O amor é para sempre, acreditamos. E é verdade. Mesmo quando metemos todos os tipos de amor no mesmo saco. Isso não é um problema senão quando bate de frente com a classificação atribuída pelos outros aos mesmos amores.
Deveríamos, por isso, ter um quadro de requalificações à mão. Porque é disso que se trata quando nos desentendemos. De qualificações diferentes. Se houver uma normalização dos tipos de amores, assim à laia da calibragem da fruta e outros conceitos práticos, gera-se uma norma e deixa de haver tanto problema.
Demasiada imaginação complica, sobretudo quando se pretende impingir a outros os frutos do nosso laborioso processo mental. O pecado está em não distinguir entre os processos dos outros e os nossos. E aí talvez funcionasse uma carta geral de direitos e obrigações dos processos individuais e colectivos.
No fundo, é tudo uma questão de organização e o amor não pode andar para aí espremido como um caixote de limões, por este e aquele, sem regra nem medida. Não senhor.

sexta-feira, 9 de março de 2018

a liberdade do amor



Falemos hoje de amor. Não a baboseira romântica construída a partir dos contos de fadas ou do felizes para sempre. Ou da fragilidade que nos leva a procurar no outro uma metade, em vez de o entender como uma das muitas peças de um puzzle que continuamos a ignorar e a adiar como uma visão mais realista das nossas relações.
O que procuramos nos outros é uma partilha, uma comunhão, a confirmação de que fazemos parte de um todo indissolúvel. O que habitualmente estraga essa partilha de pares ou mesmo de grupos é a falta de consciência de que, na verdade, ninguém é dispensável no conjunto pela simples razão da riqueza que traz para cada um dos outros. No entanto, a ilusão criada pelo marketing dos amores e dos clubismos exploradores dos limites discriminatórios, tudo reduz a um campo minado de desilusões e fasquias impossíveis.
O amor destas linhas pertence a uma outra esfera. A da dimensão do que nos faz sentir bem, que nos enche de felicidade e esperança. É uma forma de estar que todos os dias sofre duros golpes face aos desinteressantes preconceitos associados ao que nos vendem como amor.
Falamos de escolhas que nos afastam do medo, da paralisação de imaginar o pior e não agir sobre o nosso acertado instinto. De perceber que os outros só nos ameaçam porque nos deixamos levar por todas as parvoíces que também nos martelam a cabeça.
Este amor é a coragem de agir, de acreditar que há sempre uma outra forma de ver as coisas e que, experimentando-a, se multiplicam as nossas hipóteses de acertar e colher os frutos de coisas diferentes.
Hoje, a escolha é a do conhecimento, a desse amor-consciência que nos energiza e transforma a nossa condição de bichinhos assustados na versão, muito mais interessante, de criaturas capazes de viver mais livremente o seu verdadeiro potencial.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

silêncio

"Silence" - MMF jan 2017
Quando o silêncio surge como uma explosão e o observador se torna súbita e maravilhosamente consciente do momento, da magnitude de que faz parte. Do que oculta um ténue véu de pensamentos que nos dispersa. E da força interior que é a verdadeira natureza de qualquer vida. 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

prayers

"Prayers" - Jan 5, 2017
Desenhos, aguarelas, telas são orações. Não se devem entender como actos aleatórios de criatividade. Os dias em que não criamos são dias em que desperdiçamos a oportunidade de olhar para nós e honrar o potencial que temos. E quando manifestamos essa fonte inesgotável e a dedicamos a alguém, estamos a partilhar o que de melhor há em nós e revemos nos outros.

sábado, 27 de agosto de 2016

a lucidez do amor


E se for só isso? A lucidez proporcionada por uma emoção? O segredo de tudo, a porta para a compreensão do que move a vida? Mesmo quando há hormonas a ajudar à festa e a misturar o físico com o emocional? Não se dará o caso de projectarmos fisicamente as nossas necessidades emocionais? Ai que adoravelmente burrinhos somos... 

domingo, 18 de outubro de 2015

inocência




A memória é um fardo que limita as nossas experiências. Aprendemos e acumulamos memórias que nos ditam, a maior parte do tempo, fronteiras que não devemos ultrapassar. A memória está no passado, onde passamos a maior parte da nossa vida, e quando queremos fugir disso projectamos um futuro que se baseia na nossa aprendizagem. 
Esse futuro, graças à nossa memória, é sempre limitado pela nossa experiência e, portanto, desalentador.
O momento presente não é vivido por falta de inocência. Não somos capazes de ver além do nosso passado e do nosso futuro, sempre balizado pelo minúsculo denominador comum da memória.
Tudo está em aberto e as possibilidades são ilimitadas se deixarmos de lado a pequena experiência do que aprendemos.
A inocência, a liberdade de não nos apoiarmos apenas em memórias, é o encantamento, a paixão e a força de começar do zero, de nos permitem novas experiências.
O apego ao passado acumulado na nossa cabeça tolhe-nos e aprisiona-nos num mundinho limitado e sem interesse.
Apesar do cansaço dessa forma de entender a vida, poucas vezes nos concedemos a liberdade de esquecer de tudo e viver o momento presente, sem afunilar as nossas hipóteses ao já vivido.
A memória não é uma coisa boa quando queremos mudar alguma coisa.
O amor, a empatia, remetem-nos à nossa inocência original. Quando se dão, vemos tudo com novos olhos, acreditamos, nada mais tem importância. A emoção que sentimos é suficiente para pormos de parte todas as memórias, todos os avisos à navegação. Nada mais importa senão o sentimento de que tudo é possível.
Porque amamos e isso anula todas as memórias do que nos faz desconfiar, do que correu mal no passado, dos lugares-comuns que nos travam constantemente.
Amemos portanto o momento em que estamos, com a inocência de um recém-nascido, sem experiências limitadoras, sem aprendizagens castrantes.


sexta-feira, 11 de julho de 2014

quarta-feira, 9 de julho de 2014

o valor da arte

Toda a gente sabe que os artistas não têm onde cair mortos. Que o melhor é arranjarem trabalho, porque o que fazem não é classificado como tal. Só depois de mortos adquirem valor e são outros que arrecadam o fruto do seu trabalho.
Mesmo assim, o valor da arte transcende o material e supera-o em tudo. O material é do pó e ao pó volta. A arte, pelo contrário, é um labor do pensamento que, como o espírito e por lhe pertencer, tem a imortalidade como atributo máximo.
A capacidade de expor novos conceitos e transportar quem a observa faz da arte um caminho para a metade do pensamento que pertence ao amor, à verdadeira criatividade e ao que tudo transcende. Essas qualidade conferem à arte um valor incalculável, demasiado alto para causar o desconforto e a insegurança que fazem com que políticos e financeiros a remetam para o canto das actividades que nem merecem ser valorizadas.
Apesar disso, todos os materialistas se vão, como pó e a arte permanece, sempre com o inegável valor que tem, de pensamento livre e capaz de mudar outros pensamentos. E uma qualidade assim não se pode modificar, nem desaparece porque muitos se esforçam por a votar ao esquecimento. Ela existe e sempre existirá, a despeito de tudo e de todos.
Quem acha que a arte não é um trabalho falha estrondosamente no cálculo do valor da vida e está cego para a riqueza que ela comporta. Que não se mede nem pelos milhões que possa render depois da morte dos seus autores.

terça-feira, 1 de julho de 2014

love unique

love unique by rumoresdenuvens
Uma vez ocupado pelo amor, não há lugar para mais nada num coração ocupado pelo amor. Ele é o centro, o princípio e o fim de tudo. Love unique. Alfa e ómega, a plenitude, a alegria e a grande força por detrás de tudo.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

a world of my own

imagem de MMF
Por momentos o mundo é só meu, habitado apenas por sons e por formas que vivem dentro de mim. Nessas alturas a sincronia é total, a tranquilidade e a felicidade indescritíveis. São instantes em que se entende o universo, a vida, o espaço e o tempo de uma só vez. Num único pensamento se gera toda a força e energia que conseguimos abarcar.

terça-feira, 20 de maio de 2014

entrega

Catherine Ahnell
Voar sem receio algum numa explosão que nos arrebate, que nos lance como uma bala pelo desconhecido. Tal é o destino do amor. Da aceitação do que nos atrai, sem jamais sabermos onde vai dar. Não é para todos. Apenas para os que conhecem a extensão do arrebatamento, o sabor da corrida para o abismo, a exaltação até ao que parece quase uma loucura suicida mas é, simplesmente, a capacidade de entrega.

sábado, 22 de março de 2014

tão extremo

Sailing away from emotion - óleo s/ tela MMFerreira
Há dias em que a tempestade fica e nos arrebata. Tão bela que nem cogitamos afastar-nos dela. A promessa da acalmia é o suficiente para imaginarmos que tudo acabará forçosamente bem. E mesmo que isso não aconteça, é pelo tumulto que nos apaixonamos. Um momento de vida tão extremo que tudo lhe sacrificamos. 
(Terça-feira, 18 de Março)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

ai o amor...




Ai o amor, ai a rosa, ai, ai... E quando não é assim, assado também não queremos que seja, nem que saiba a rotina. Nada menos que estes arrobos apaixonados tão bem trabalhados pelos Mecano a propósito de um poema de Gertrude Stein (a frase Rose is a rose is a rose is a rose escrita no poema datado de 1913, Sacred Emily, publicado em 1922 no livro Geography and Plays).Amores intensos e de intensas condições, embora Stein só quisesse dizer que as coisas são como são, muito menos teatrais do que podem parecer na boca e nas canções inspiradas pelas paixões fulgurantes. Tudo isto a propósito do dia dos namorados que amanhã se festeja e para o qual preparei três cartões: um para a pessoa que me faz sonhar com arrobos românticos, com a felicidade partilhada e com a grande aprendizagem do amor incondicional; outros dois para duas pessoas que nasceram uma para a outra e tardam a reconhecê-lo, na esperança que o meu ilusionismo replique a intenção certeira de uma das setas de Cupido. Amores à parte, fica a sugestão para ocuparmos o nosso dia de amanhã com a hipótese de um cataclismo interior mais interessante que as cortinas de más notícias com que se subjugam pessoas menos propensas a deixar que a fantasia e o sonho guiem as suas vidas.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

pequeno-almoço na cama

Imagem daqui
Pequeno-almoço na cama era o que vinha mesmo a calhar. Coisa ligeira, saborosa, aromática. A coincidir com uma data como a do dia dos namorados ou outra qualquer. Para ficar na memória e lembrar que existem momentos que são realmente difíceis de esquecer. Também se dispensa a louça fina, ou original. Nem o pequeno-almoço é essencial. Basta a companhia, o afecto, a sensação de andar nas nuvens ancorada a um abraço terreno. No final, é só mesmo a experiência que importa. E a expectativa de a repetir eternamente.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

amor, contraste, desafio

Um amor vivido até ao infinito, esquecido de fronteiras enganosas, separações impostas pelas barreiras dos sentidos. Um amor assim é o único que merece a nossa luta. Não o das indecisões, meias verdades, sacrifícios e privações. O amor é o contrário disso tudo, mas permanece nos contrastes e nos desafios. Indiferente aos julgamentos e às condenações. Coragem...

terça-feira, 13 de agosto de 2013

lembra-te

I just wanna give you something to remember me by / I won't be gone forever / And our love is for all time
Pequenos gestos para manter a chama do amor sempre presente.