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sábado, 19 de março de 2022

o papá, a quarta mana e o anjo

 

Ana e Manuel, Vilanculos, 1961 (foto da Aida)

À quarta o parto foi em casa. Ordens do médico, Dr. Ribeiro, que percebia destas coisas e estava habituado a cozer dentadas de jacaré em bancadas de madeira no hospital local.
O prospectivo papá foi o parteiro designado. E contava a Aida que estavam de todo, ele e o Ribeiro, a garantir que, se fossem mulheres, nunca os apanhariam naqueles alhados.
Assim nasceu a Ana Margarida, Xuxu para a família. No Dia do Pai, que sempre foi especial para os dois. E para a Aida, que também merecia os mimos reservados às mães nestes dias.
Foi uma ocasião especial, pelo relatado e também porque houve uma assistência fora do vulgar. 
A dado momento, parturiente, médico e pai receberam a ajuda de uma mulher negra que se lhes juntou e ajudou a trazer ao mundo a Xuxu. Sabia o que fazia e tudo correu com a tranquilidade necessária nestas alturas.
Só que, depois do parto, a assistente desconhecida foi à sua vida e nunca mais se soube dela. O médico e os meus pais quiseram agradecer-lhe, mas ninguém sabia quem era. 
Nenhuma das pessoas que trabalhavam nessa altura connosco, a conhecia. Ninguém a tinha visto entrar ou sair. Não era conhecida qualquer mulher como a que os três descreviam, ali em casa ou na terra moçambicana do algodão e da pesca desportiva.
Assim foi o Dia do Pai e da quarta mana em Vilanculos, corrido o ano 1961. 



segunda-feira, 13 de setembro de 2021

parabéns

Aidinha e Toca, 1958

Hoje seria dia de trazer um ramo de flores à Aidinha. E de comer com ela uma fatia de bolo de bolacha. De ver o sobrolho atento do Manuelzinho a vigiar a quantidade de açúcar que cada um engolia. Parabéns aos dois.

 


terça-feira, 2 de março de 2021

saudade imensa

 

Manuel e Aida, Dombe, 1956

A Aida partiu hoje. Para quem fica, a dor não tem dimensão. Mesmo sabendo que a sua, foi uma longa e bonita vida, na companhia de um amor que também durou pouco menos do que essa vida. O consolo não existe para quem conheceu os outros amores que cultivou. 
Hoje a Aida e o Manuel reencontraram-se nessa dimensão da vida que os nossos sentidos não apreendem. Fica a memória e a experiência que nos ofereceram, o ânimo e a seriedade com que sempre nos presentearam, a alegria que partilhavam até nos momentos mais sombrios.
E fica a saudade, imensa, inultrapassável.


sábado, 27 de fevereiro de 2021

oitenta e oito anos de amor

 

Aida e Manuel (Vilanculos, 1959)

Hoje a Aida faz anos (n. 27-02-1933). Há oitenta e oito, em Lisboa, numa noite de Carnaval, os médicos atiraram o bebé de cinco quilos para o canto, enquanto tratavam de salvar a mãe. Ao fim de umas horas de luta, terminada com êxito a tarefa, um deles olhou para a criança e comentou: "Que pena, um bebé tão bonito." E resolveu tentar reanimá-la.
A Aida não se fez rogada e acabou por chorar a anunciar que estava viva. Como hoje, ao fim de setenta e três dias de internamento com muitas agruras e percalços, vai festejar com uma filha e uma neta durante uns minutos.
Na foto está com o seu companheiro de sessenta e sete anos e meio, Manuel (n. 26-09-1925, m. 18-08-2017). Juntos tiveram cinco filhas, cinco netos e três bisnetos. Uma vida cheia de amor e peripécias, muitos e muitos amigos, sempre inspirados, apaixonados e prontos a acolher debaixo das suas asas mais alguém.
A Aida sempre foi a rocha segura sob os nossos pés. E continua a transmitir-nos coragem, alegria e determinação. Sem sombra de dúvida.