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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

nómadas felizes no fim do verão


Estar e bem-estar. Preguiçar finalmente de grandes emoções ou reacções. No fim do verão, com Setembro por fundo e banhos de sol tardios nas dunas. É uma sensação física que reflecte uma condição interior, a consciência de qualquer coisa que termina para dar lugar ao que por aí vem. A antecipação de um recomeço sem a pressão das expectativas.
Setembro é um mês para nos sentirmos em casa. E também para sentirmos a mudança que pode acontecer a qualquer instante. Somos nómadas felizes quando paramos para esperar em silêncio o momento de escolher um novo caminho. 

domingo, 20 de julho de 2014

o som e o pesadelo

«Ventriloquist» by Martin Wittfooth, New York
A engraçada noção que persistimos em manter do Verão associado a férias, descanso e à tranquilidade com que todos sonhamos é sistematicamente pulverizada pelas dezenas de festas populares, festivais e eventos com que, abusivamente, as autarquias e as grandes multinacionais bombardeiam tudo e todos, dia e noite, e já em todas as estações.
Péssimo investimento é comprar ou alugar casas junto dos locais habitualmente escolhidos para esse tipo de eventos, sejam eles citadinos ou de lugarejos que viram infernos durante a sua realização. Para esses casos não há lei do ruído que nos valha, não há prevaricadores, não há direitos.
Além de esmagarem a concorrência de qualquer agente cultural com os seus mega espectáculos ao preço da uva mijona ou totalmente gratuitos, impõem a sua versão de «alegria» e «vida em festa» a todos os infelizes que se lembrem de viver num raio de dois quilómetros do acontecimento.
Os motivos que levam os grandes decisores nacionais a flagelar toda a gente com este conceito de boa disposição pública só podem estar relacionados com os métodos de tortura mais corriqueiros de qualquer polícia secreta e repressiva, em que a privação do sono e da tranquilidade serviram para espremer vontades contra os direitos e os desejos dos indivíduos.
Será que a lei da causa e efeito proporcionarão aos responsáveis por este flagelo uma encarnação num mundo reduzido a uma gigantesca coluna de som a pairar pelo espaço?

sexta-feira, 1 de junho de 2012

rumores de um grão de areia

Não é o Apocalipse/Revelação, não são as fileiras redentoras do Quinto Império, nem a justiça de um qualquer deus de saco cheio de promessas por cumprir. É apenas a relação de causa e efeito do que tem vindo a acontecer nos últimos anos. Nem sequer é o triunfo das teorias da conspiração, que já há muito escapou do controlo e das mãos dos conspiradores. Essa é a beleza da imperfeição: nenhum sistema é seguro, porque uma única pessoa, uma única cabeça, uma única vontade pode acender um rastilho de incalculáveis proporções. E salvé, ó deusa eterna da imponderabilidade. O mundo é e sempre foi do grão de areia.