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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

mais saias

"saias II" by MMF
Ainda sobre saias, que são sempre peças elegantes, mesmo nas suas versões menores, o problema é este não ser, as mais das vezes, um mundo elegante. Há quem marche contra o seu fru-fru natural, contra a leveza com que ondulam e parecem sopesar todas as coisas. É como ver uma borboleta e, num impulso, lançar-lhe uma rede e espetá-la com um alfinete num quadro para mostrar como são lindas. 
Ó gente da minha terra, agora é que eu percebi...

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

o problema das saias

"saias" by MMF - 2019
Nunca gostei de usar saias e isso tem um bom par de razões. A primeira delas é que, só de olhar para os estampados que eram a proposta dos anos sessenta para as meninas, o pânico era praticamente garantido. Lembro-me em especial de umas bolas coloridas, enormes, que se sobrepunham, em diferentes dimensões, sobre um fundo branco e ainda hoje me assalta um calafrio. Era uma questão de gosto para a qual não era vista nem achada naquela idade em que quase tudo se decidia sem qualquer tipo de consideração pelos meus interesses. Adiante.
A segunda razão pela qual a minha aversão a saias se manifestava com grande intensidade era a óbvia situação de fragilidade em que me colocavam. As meninas usavam saias, o que parecia ser um convite natural para a manifestação de todos os tipos de indignidades pelos rapazes. Eram peças de vestuário que pareciam despertar neles selvajarias que não se lembravam de pôr em prática quando usava calções como eles.
Foi fácil constatar, pela vida fora, que o padrão não só se mantinha, como se agravava. Além das investidas hormonais descontroladas do outro sexo e que algumas mulheres replicam com igual convicção, as saias eram motivo para deixar de caminhar normalmente, não correr, não afastar as pernas, sentar de forma a que não mostrassem nada de mais, etc.
O que me levou a concluir que esse tipo de vestuário é uma espécie de condenação em vida. Um castigo que não vale a pena fomentar, porque disso já se usufrui de sobra e não se verifica a necessidade de para tal contribuir voluntariamente.
As saias tornam as pessoas frágeis e sujeitas aos caprichos de quem adora aproveitar-se de fraquezas para demonstrar a sua precária superioridade. E o que mais surpreende é ouvir a defesa que dessas peças de vestuário fazem os homens quando garantem a feminilidade, a elegância e outros atributos femininos associados, que tanto os encantam.
Atributos esses que viram vulgares motivos e símbolos de provocação sexual quando não servem apenas os seus impulsos mais básicos.
O que há para gostar quando as saias, mesmo concebidas para enaltecer a beleza, não passam de marcas como as estrelas ou os triângulos que segregavam os judeus e os homossexuais durante o Holocausto?

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

acessos condicionados

foto MMF
Há cada vez mais placas de acesso condicionado. O que se justifica quando se trata de proteger zonas sensíveis a grandes alterações. Ou pessoas em momentos de fragilidade.
O condicionamento ideal tem apenas uma tradução: a consciência de que determinados passos ou acções podem prejudicar alguém ou alguma coisa.
Como gente consciente, sabemos que não devemos ultrapassar ou eliminar os limites que vão traduzir-se em consequências nefastas para nós e para os outros.
Apesar disso, estes avisos de condicionamento tornaram-se tão comuns, que começou a ser muito fácil confundir o papel de guardião de um certo bem-estar com o de poder e posse sobre os bens que são de todos.
Por exemplo, as empresas que tornam possível a utilização de águas por todos, não são donas da água. Prestam apenas um serviço público que serve, mas que não deve ser usado para extorquir economicamente as pessoas. O mesmo se passa com as empresas que exploram a electricidade, o gás, o petróleo e outros recursos naturais. O planeta e os seus recursos são de todos e não se deve confundir um serviço com propriedade.
O mesmo se passa na política. O serviço de gerir os recursos de todos não é sinónimo de poder, mas de humildade, dedicação, honestidade. A confusão é contrária a uma consciência saudável do mecanismo próprio de todas as coisas.
O dinheiro também não é dos bancos, mas das pessoas que o ganham e o confiam a uma instituição para o manterem protegido e disponível para as suas necessidades. Não é justificável que se use como forma de chantagem e variadas imposições sobre quem é realmente dono de todo o dinheiro produzido.
As leis que defendem este estado de coisas não passam de uma súmula de regras inventadas por quem afinal defende uma péssima consciência dos direitos e deveres fundamentais, e não o verdadeiro espírito de liberdade, bem-estar e justiça para todos.
Todas estas coisas de senso comum parecem hoje, sob imposição de muita manipulação ideológica e emocional, fruto de ingenuidade em relação ao poder instituído. Mas não é verdade.
O que se passa de facto é que o verdadeiro poder é subtil e não esmaga ninguém. Quando se manifesta, garante a simplicidade e a satisfação de todos. Não complica, nem ameaça para tornar a vida cada vez mais insuportável e intrincada, uma espécie de carcereira desagradável, sombria e ameaçadora que nos traz a todos descrentes e desanimados em relação ao nosso propósito de vida.
É necessário que os novos líderes comecem a restaurar os valores autênticos que nos orientam. É imperativo e urgente que nos façam acreditar de novo no bem e na alegria de viver. 
O maior condicionamento de que sofremos é o de estar de mal com a nossa consciência. Tenhamos a coragem de o admitir e deixar que o coração nos guie, na direcção certa, com o pensamento e a acção que merecemos.
Não se deixem levar pela conversa dos papões, esses homenzinhos cinzentos e assustados com tanto medo da sua própria sombra que vivem apenas com uma crença: a da sua imposição sobre os outros como forma de se salvarem. Que cresçam e façam os seus trabalhos de casa: ninguém e nada é de ninguém, nem sequer a felicidade pessoal. 
Falai no mau, pegai num pau. Falai no bem, que ele vem também. Sejamos benéficos a maior parte dos nossos dias, para contentamento de todos e, sobretudo, do nosso.