"raias voadoras" by MMF |
Vem aí o dia das bruxas, ou o dos santos, e os céus estão cheios de raias voadoras que também podiam ser discos, dependendo da relação que mantemos com uns e outros ou os dias a que se referem.
Num jogo de tabuleiro teríamos pouquíssimas hipóteses de conciliar estas possibilidades todas, no sentido em que as dinâmicas têm aquela característica das óperas, sempre a oscilar entre o bem e o mal e os estereótipos. Creio bem que foi por isso que acrescentaram aos tabuleiros cartas e regras que complicam a trama do jogo para lhe darem um toque mais irracional e nos avisarem que a vida nem sempre segue as regras normais e ter de encarar novas realidades exercita-nos no sentido de não estar sempre a repetir os mesmos menus.
No caso das raias voadoras é precisamente o mesmo pacote que nos despejam em cima. Por que não observá-las noutros contextos, noutras cores, noutras formas? E por que razão hão-de largar os seus ambientes naturais e elevar-se nos ares uns minutos? Porque abafam e precisam de lufadas de ar fresco? Ou porque são umas loucas suicidas que não têm a mínima noção do perigo e das convenções?
É precisamente o caso das bruxas, que se atrevem sempre ao que não devem. Ou dos santos, que insistem em cercar-se de auréolas de coisas boas quando se sabe, com toda a certeza que as coisas más são mais do que abundantes e circulam por aí como se não houvesse amanhã.
É tudo um exercício de imaginação, para expandir as nossas escolhas. E algumas pessoas não gostam nada de ampliar horizontes, mas depois queixam-se que nada muda ou tem solução.
E pur si muove ou eppur si muove, como terá dito o relutante Galileu, provavelmente muito baixinho para não contrariar os que se acham santos mas no direito de caçar bruxas.
Enfim, santos de casa não fazem milagres e as bruxas também são acusadas de não deixar as fadas fazer coisas boas. É tudo uma questão de pontos de vista e, do meu, nada disto faria sentido sem as raias voadoras a cruzar os céus como discos ou frigideiras mágicas.