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terça-feira, 6 de setembro de 2016

a sede fortalece a busca

fotografia de Maria Isabel Mota
o deserto não se esvazia
e a sede fortalece a busca.

O sentido que não se encontra nas manifestações exteriores a nós tem, afinal, a virtude de nos conduzir a uma outra forma de ver as coisas. Se um caminho se esgota, muitos outros se abrem e há que ter o bom senso de não fechar os olhos às possibilidades que nunca se consideraram. 
O desejo, a sede, é o que nos impulsiona na experiência da vida. E não é a escassez que o orienta, mas sim a fé na inesgotabilidade das nossas opções. Tenhamos com essa fé a lucidez de nos lembrar, todos os dias, de agir sobre essa latente e constante revolução interior, e de colher com alegria as suas flores e os seus frutos. 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

sede

Under the light (oil on canvas) - Marita Moreno Ferreira
Debaixo de água e a sentir sede. No sítio e no momento certo e não perceber. Mas sempre a sentir sede de tudo, de mais, de vida até não ser suportável.
Há um torpor nesta nossa vida que não se entende, que quase não se vence. Há uma ideia de querer viver que nos impede de fazer isso mesmo. Uma vida que se tem e que se vive, mas que parece sempre, sempre que podia ser diferente.
E pode, se abandonarmos o pensamento para nos rendermos ao que nos está a acontecer. À sede que nos arrasta e nos consome, apesar da resistência. Temos medo do rio, da corrente, da força das ondas, da vertigem, da queda livre, de um clímax, quando tudo o queremos é justamente isso.