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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

gente

Copyright by rumoresdenuvens 2012
Lixo, gregos, caloteiros, improdutivos, gastadores, desgovernados. Lê-se e ouve-se de tudo um pouco nas notícias. Parece um concurso de palavrões, a ver quem descobre um adjectivo pior para nomear gente que, na pior das hipóteses, é de facto vítima de um sistema económico que parece um jogo de monopólio de uma mão cheia de inescrupulosos chicos-espertos que arranjaram uma forma de extorquir legalmente dinheiro ao mundo inteiro.
Será de facto legal combinar uma série de normas de funcionamento das transacções de mercado e financeiras com o único propósito de, no final do jogo, ter o controlo absoluto da riqueza ou pobreza de toda a gente? Não haverá um juiz, um país, alguém que denuncie a má fé e a grotesca ganância que tornam a simples existência de milhões de pessoas um inferno?
Não haverá, sobretudo, quem se ache suficientemente livre para falar e dizer o que realmente se passa, em vez de colaborar com a propaganda da crise e contribuir de forma culposa para a persistência deste fenómeno?
Não são os cidadãos de um ou de outro país os culpados desta situação; não foram eles que gastaram e puseram as poupanças no sítio errado; mas os eleitos para por eles zelarem pela sua segurança e bom governo. Esses são, de facto, o lixo apontado pelas agências mercenárias, os caloteiros, improdutivos, gastadores e desgovernados.
Viragem à direita? Mais um ciclo de ditaduras, como reza a História? Só que a História nunca antes esteve ao alcance de um clique de computador ou de uma mensagem de telemóvel. Tal como nunca nenhum autor de ficção científica previu o aparecimento da Internet, acreditam mesmo que esta geração de políticos, que nem os bilhetes de autocarro lê, tem capacidade para prever as consequências da mesma Internet e da comunicação maciça dos dias de hoje nos ciclos da História?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

das alturas

Por vezes é preciso sermos como as palmeiras, apontadas para o céu e acima de todas as alturas. E uma vez lá em cima, evitar olhar para baixo e fixar apenas as nuvens, nada menos. Olhar para cima é como respirar fundo, como deixar de inclinar o pescoço para baixo, como se um jugo qualquer nos obrigasse a manter a cabeça baixa e a atitude em igual altura. Para se fazer uma revolução basta olhar para cima, recusar essa pressão para baixo a que nos querem sujeitar outros-sem-eira-nem-beira, parecidos com aquelas aves estridentes que tudo repetem sem dar realmente conta do que significam os sons que produzem. E é preciso ter pena de quem nada mais sabe senão escrever e dizer cem vezes, à laia de castigo, aquilo que os/nos torna mais pequenos. Perdoemos, compreendamos que não é culpa nem nossa responsabilidade, e sigamos em frente

terça-feira, 15 de novembro de 2011

uma barriga demasiado cheia

Copyright MMF
Os problemas começam quando a gente se torna incapaz de os ver. Há anos que os sinais se multiplicam, mas o poder está cego e não vê o óbvio: aquilo que o vai derrubar. Não são partidos, não são líderes. E faltando estes, o poder acha que não há perigo nenhum. Demasiado habituado a descobrir a cabeça da cobra para a decepar, não entende que até a oposição mudou. Não são precisos líderes ou partidos para convocar o apoio dos oprimidos. Bastam as comunicações, a facilidade com que hoje de diz que não se está de acordo com isto ou aquilo, se espalha a palavra e se convocam simpatizantes para uma causa.
De que lhes adianta estarem a tentar descobrir o futuro do euro, da comunidade europeira e da economia global, se não é nada disso que está em causa? Já ninguém acredita na capacidade de liderança dos economistas e estrategistas do poder, a não ser uns poucos esbirros e novos recrutas.
Não são as armas a ameaça, mas a falta de vontade das pessoas vulgares em aceitar os cada mais frequentes abusos de poder. Como é que vão usar os seus exércitos em pessoas que não pegam em armas? Como é que vão acabar com a resistência de pessoas que, pura e simplesmente, já não lhes ligam nenhuma?
Podem apertar o cinto quanto quiserem, porque a maior parte das pessoas já sente, se não sabe, de facto, que nada tem a perder. A maior derrota é a da incapacidade de diagnóstico da situação.
O poder investiu tudo numa única frente: o poder económico e a usura. A frente está gasta, seca, improdutiva. Comeram o pequeno-almoço, o almoço, o jantar e a ceia, atacaram a despensa e agora não há provisões nem onde ir buscá-las. Mais, estão de barriga demasiado cheia para conseguir rebolar para outro lado.

domingo, 24 de julho de 2011

sustentável?

Foto MMFerreira

A população mundial duplicou desde a década de 60. Fomos capazes de gerar vacinas, antibióticos, prevenção, cirurgias cada vez mais complexas e eficazes, tratamentos dentários e planos de desenvolvimento. Descobrimos como multiplicar os peixes e ensinar a pescar, mas não como matar a fome ou a não matar.
Também nunca descobrimos, aparentemente, como lidar com as consequências deste brutal crescimento demográfico.
Pensando bem, de que serviriam todas as descobertas se não houvesse como tirar partido delas? Quem compraria vacinas, hamburguers, telemóveis, sementes geneticamente modificadas e máquinas fotográficas se, de repente, algum génio se lembrasse de que seria ajuizado que as famílias não ultrapassassem um número restrito de filhos? Seria isso sustentável ou uma violação de direitos fundamentais?
A palavra sustentável é uma adição bastante recente ao nosso vocabulário mundial e quase completamente incompreensível para a maioria das pessoas. Fala-se muito em ecologia e mudanças climáticas, poluição e fontes alternativas de energia, mas pensar também em todas essas coisas associadas ao sustentável é ainda um exercício complexo e acima das reais capacidades do conhecimento médio.
A própria média, de vida, de consumo ou de conhecimento, é uma espécie de terra de ninguém onde crescem híbridos resultantes da vontade de dar a conhecer a realidade e daquilo que é politicamente correcto, constituindo, na verdade, a terra fértil da propaganda dos regimes.
Voltando ao facto de a população mundial ter duplicado nos últimos 60 anos, seremos realmente capazes de entender as consequências dessa constatação em toda a sua aterradora complexidade? O que aconteceria, por exemplo, ao nosso especulativo sistema económico global, se de repente nos preocupássemos todos com a sustentabilidade demográfica do planeta e desatássemos todos a pôr em prática soluções para atingir números ideais de habitantes por percentagem territorial?
Ou não fazemos nada e esperamos que a Natureza, mais uma vez, se encarregue de repor o devido equilíbrio, à semelhança de outras fases históricas de que temos indícios?
Mais acutilante ainda: o que é que eu vou fazer com esta informação? Está na minha mão contribuir significativamente para uma solução?
Devo depositar a minha fé num qualquer deus capaz de zelar pelo bem-estar de todos os crentes e assegurar o seu lugar nos céus, descartando todas as outras criaturas como simplesmente insustentáveis? Ou, de uma forma muito zen, aguardar que se faça luz no meu actualmente incapaz e desarmado espírito, esperar que desça de Marte, Vénus ou Plutão um OVNI cheio de revelações e esperanças, ou que o Apocalipse resolva por mim todos os dilemas da Humanidade?
Em qualquer dos casos, a tarefa é desmesurada para a real importância de cada indivíduo isolado. Mas se não começamos por aí, por onde poderemos alguma vez começar?