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segunda-feira, 30 de abril de 2018

entre mundos

"Entre Mundos" by MMF
Bruxos, feiticeiras, médiuns têm uma relação sui generis com a realidade. Em determinados momentos têm percepções que vão além da comesinha relação com os cinco sentidos. Um sexto, diz-se, se bem que poderíamos considerar que, se os outros são cinco, pelo menos mais cinco lhes podem ser acrescentados, porque as percepções extraordinárias se confundem livremente com qualquer das proporcionadas pelo corpo. E ainda um sexto, de sensações, emoções e manifestações sem gramática definida e autorizada, perfazendo pelo menos onze mágicas formas de reconhecer o que nem sempre é óbvio nem entendido.
Numa versão mais pragmática, todos viajamos entre mundos, realidades e entendimentos. Acontece, por exemplo, quando as explicações que se debitam não chegam para que alguém abandone uma forma de pensar e persista num modelo que para nós já é limitado. Nessa altura percebemos que o nosso mundo interior tem informação que não chega à outra pessoa.
Por alguma razão, nem sempre deixamos que o nosso universo interior se expanda e abrace novas formas de avaliar a realidade. Mas quando o fazemos, viajamos entre mundos, aceitando as novidades, as possibilidades em aberto.
Cultivando essa flexibilidade, que depende grandemente da nossa vontade, a viagem entre mundos é uma experiência estimulante e capaz de nos presentear com lufadas de emoções e súbitas descobertas.
Viajar entre mundos não têm de ser um mergulho na superstição, no medo ou nas ideias feitas sobre quem reconhece outras formas de realidade. É um exercício de consciência que se cultiva e nos faz ponderar sobre a infindável possibilidade de expansão da nossa experiência de vida.
Entre mundos é a criatividade que comanda e molda a acção.

domingo, 5 de novembro de 2017

deliciosos domingos

photo by Mafalda Mendes de Almeida
O que faz do domingo um dia tão delicioso? O pequeno-almoço na cama ou a sorna sem rotinas obrigatórias? A preguiça ou um filme que se vê no sofá? As almoçaradas com a família ou amigos?
A resposta não está na convenção de um dia de descanso, como o sábado, sugerido pelas linhas-guia dos escritos religiosos. Nem no código do trabalho. Ou no ritmo hiper galopante do que consideramos ser as rotinas obrigatórias dos nossos dias.
Domingos ou outros dias para esticar preguiçosamente as pernas são dias deliciosos porque temos tempo para pensar e estar connosco. Para repensar os rumos que tomamos e fazer um balanço do que realmente vale a pena. Ou simplesmente para relaxar e sentir o corpo, respirar e outras pequenas coisas essenciais que não nos damos ao trabalho de respeitar todos os dias.
Mesmo assim há quem se infernize com a antecipação de voltar ao trabalho na segunda. Sem dar conta que reiniciar mais uma semana também é um poderoso gatilho para mudar e começar de novo se alguma coisa não está a dar certo.
Afinal, somos todos cientistas de primeira água. ocupadíssimos, durante toda a vida, a falhar e a voltar a tentar, a aprender com os nossos erros. Por isso, todas as segundas-feiras são para ser naturalmente contabilizadas como novas fases de testes. Aproveitemos.
Voltando aos nossos deliciosos domingos, que bem sabe ficar a olhar para o tecto na cama, demorar a decidir o que se toma como pequeno-almoço, o que vai deixar de se fazer porque, de repente, se tem consciência de que somos livres e podemos mudar as nossas escolhas rotineiras como nos apetecer.
O problema é que não temos noção disso todos os dias, vá lá saber-se porquê...
Domingos são dias de nada e, como o nada não existe, são dias de tudo. De todas as possibilidades em aberto. Já pensaram bem nisso enquanto se arrastam de um lado para o outro a pensar como podem aproveitar melhor a folga para ser tudo sem ser nada?
Santa Abacate nos dê muitos domingos deliciosos para entendermos de uma vez que é possível ser e ter tudo quando não nos apetece fazer rigorosamente nada. 

domingo, 31 de março de 2013

energia

Ilustração MMFerreira
Gosto de chegar a cara às plantas, às flores, à relva e sentir aquele formigueirinho quase imperceptível, a energia que anda à roda das coisas. Gosto de a sentir no vento que também traz outras energias e nos agita de novo para a vida. Antes preocupava-me a falta de energia e o cansaço, até perceber que nunca falha à nossa volta, que é inesgotável e que basta saber por onde anda para recarregar baterias. Amanhã, segunda-feira, vai haver mais, vai haver tudo de novo, energia, alegria e vida, muita vida.