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segunda-feira, 30 de abril de 2018

entre mundos

"Entre Mundos" by MMF
Bruxos, feiticeiras, médiuns têm uma relação sui generis com a realidade. Em determinados momentos têm percepções que vão além da comesinha relação com os cinco sentidos. Um sexto, diz-se, se bem que poderíamos considerar que, se os outros são cinco, pelo menos mais cinco lhes podem ser acrescentados, porque as percepções extraordinárias se confundem livremente com qualquer das proporcionadas pelo corpo. E ainda um sexto, de sensações, emoções e manifestações sem gramática definida e autorizada, perfazendo pelo menos onze mágicas formas de reconhecer o que nem sempre é óbvio nem entendido.
Numa versão mais pragmática, todos viajamos entre mundos, realidades e entendimentos. Acontece, por exemplo, quando as explicações que se debitam não chegam para que alguém abandone uma forma de pensar e persista num modelo que para nós já é limitado. Nessa altura percebemos que o nosso mundo interior tem informação que não chega à outra pessoa.
Por alguma razão, nem sempre deixamos que o nosso universo interior se expanda e abrace novas formas de avaliar a realidade. Mas quando o fazemos, viajamos entre mundos, aceitando as novidades, as possibilidades em aberto.
Cultivando essa flexibilidade, que depende grandemente da nossa vontade, a viagem entre mundos é uma experiência estimulante e capaz de nos presentear com lufadas de emoções e súbitas descobertas.
Viajar entre mundos não têm de ser um mergulho na superstição, no medo ou nas ideias feitas sobre quem reconhece outras formas de realidade. É um exercício de consciência que se cultiva e nos faz ponderar sobre a infindável possibilidade de expansão da nossa experiência de vida.
Entre mundos é a criatividade que comanda e molda a acção.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

receita

acreditasse eu na palavra felicidade... e acertaria nas medidas :)
felicidade tem uma sonoridade muito própria, reverbera-me pelos ouvidos e cabeça de forma muito peculiar. negativa.
fico-me com: alegria, contentamento, euforia, desafios, ...
(kasca de noz)

Um dia decidi ser feliz. Assim, sem mais nem menos, cansei-me da angústia, da pressão, da tristeza e de todas as coisas que não queremos para nós nem para os outros, mas que teimamos em arrastar atrás de nós uma vida inteira.
E comecei a ser feliz. Com toda a simplicidade, tomei uma decisão e passei a viver de acordo com ela.
Se há ano e meio atrás me dissessem que a felicidade é apenas uma questão de optar por uma forma de estar na vida, teria achado que ainda há mais maluquices entre o céu e a terra do que nos dão a ver os nossos olhos.
O certo é que a solução é tão simples que nos parece completamente inverosímil. Estamos tão habituados a cultivar o negativo que nem nos lembramos da hipótese contrária.
Afinal, se passamos tanto do nosso tempo a desejar a felicidade, por que razão não pomos esse desejo em prática? O que nos impede? E quem e o quê?
Nada. Absolutamente nada. A felicidade está aí para ser vivida, tal como milhões de outras coisas que nos interessam ou não. Por que raio de tortuoso malabarismo mental nos consideramos tão incapazes de viver em felicidade?
A resposta a essa pergunta já não me interessa. Porque deixei de me questionar e desejar para me deixar, tout court, arrastar pela vivência do que realmente busco e me apaixona.
Essa foi a minha receita para a felicidade, que aqui passo à Ka, que não acredita na palavra.
Tenho para mim que as palavras são mágicas e que quando elas nos apaixonam, tudo é possível. Tenho para mim que tu, Ka, que tanto gostas de palavras e que deixas que elas te apaixonem, também podes ouvir esta palavra felicidade da forma que eu a ouvi e deixar que ela te soe como tanto gostas que as palavras te soem.

domingo, 21 de setembro de 2008

colonização do império

No passado dia 1 de Setembro, o canal de televisão britânico Channel 4 transmitiu o documentário "Undercover Mosque: The Return". Uma repórter muçulmana, com uma câmara escondida, dirigiu-se à maior mesquita londrina, em Regent's Park, para se juntar ao grupo de mulheres que ali assiste regularmente à cerimónia religiosa numa galeria separada dos homens. A seguir, horas de doutrinação, com Amira, uma muçulmana educada na Arábia Saudita, a instigar simplesmente à morte de todos os que estão contra o Islão - cristãos, que segundo ela são repugnantes, mulheres adúlteras, homossexuais e pessoas que abandonam a fé muçulmana. "Kill, kill, kill", é a frase com que a doutrinadora termina cada explicação e exemplo.
O documentário mostra também o acolhimento, na mesma mesquita, de grupos de jovens e pessoas de outros credos, no âmbito de um programa que teve o aplauso do governo britânico e destaque nos principais meios de comunicação social do país. A iniciativa destina-se a dar a conhecer o Islão aos não muçulmanos para uma melhor integração entre as diferentes comunidades. A seguir às sessões, o discurso da doutrinadora muda radicalmente e volta ao original catecismo extremista e instigador de violência.
O documentário é uma visão parcial e desconcertante da Inglaterra de hoje, em que vários grupos religiosos, que não apenas os muçulmanos, ao abrigo das estritas leis britânicas de defesa dos direitos à liberdade de culto e de minorias, usam esses mesmo direitos para se instalar na Grã-Bretanha, doutrinando e instigando contra as liberdades de outras minorias.
Igrejas de todas as denominações proliferam por todo todo o lado. Há uma constante circulação de grupos, missionários e crentes que, com vistos de estudantes, multiplicam os seus números com imigrantes de todas as nacionalidades e de todos os cantos do mundo. Não se sendo britânico ou europeu, os estudantes só podem trabalhar um máximo de 20 horas semanais, cobrindo os grupos e comunidades religiosas parte das suas necessidades básicas com alojamento mais barato e trabalho prestado dentro das comunidades, muitas vezes em condições muito pouco dignas, mas validadas pelo "espírito de missão".
O afluxo de imigrantes não qualificados, tornado em mão-de-obra barata, tem as simpatias das grandes cadeias retalhistas do Reino Unido, que o usam como uma "best practise" de "management" e as tornam mais competitivas em relação ao comércio tradicional. No entanto, a força de trabalho barato que parecia ser um "eldorado" para economia britânica já a sentir os efeitos da recessão global, está a revelar-se um acelerador da crise económica e das mudanças irreversíveis da nova ordem mundial.
Quem ganha pouco também compra pouco e isso não se aplica apenas aos imigrantes. Os cidadãos britânicos com poucas qualificações vêm-se agora obrigados a competir em termos de igualdade com a mão-de-obra barata e também estão a perder o seu poder de compra, obrigando as empresas a ainda maiores medidas de contenção para manter os seus lucros à tona.
Entre a religião e a economia, o Império Britânico enfrenta hoje uma das maiores vagas colonizadoras de que há memória, em consequência directa das conquistas sociais das últimas décadas.

sábado, 13 de setembro de 2008

o novo e a liberdade



Gosto de estradas, de caminhos, da liberdade do desconhecido, de todas as escolhas que ainda não fizemos.
Gosto de seguir em frente, pela noite dentro, sabendo que para lá das luzes existe todo um mundo que ainda não conheço.



quarta-feira, 10 de setembro de 2008

e o sonho?

Gosto de olhar para cima, assim como na fotografia do cabeçalho. Levantar os olhos é assim como levantar a alma, elevando-a até à altura daquilo com que sonhamos.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

estradas de sol

Estrada I'bane/Barra (Moçambique, Setembro 2006)



Estradas de sol!
São feitas para mim,
são feitas, que eu sei.
Mas lá donde vim,
Não as encontrei.
Estradas de noite,
que não procurei!
Mas foi por estradas
da noite, isoladas,
que eu aqui cheguei.
Estradas de bruma
acaso as sonhei?
Para aqui chegar
quantos véus rasguei!


Natália Correia