domingo, 6 de agosto de 2017

acabei de respirar

by Sarah Meech
Acabei de respirar fundo. Deixei que o meu corpo se enchesse todo de ar. Parecia que explodia de vida e de energia. Não prestamos suficiente atenção à alegria que é respirar e sentir como fazemos parte deste mundo. Como dependemos dele para existir e experimentar esta vida. Esquecemo-nos de quão inebriante isso é. 


quarta-feira, 2 de agosto de 2017

campanhas de destruição maciça

Harmony (MMF)


Uma campanha eleitoral não é uma guerra de gangues. Não versa sobre quem tem mais podres, mas sobre o que se pode fazer por um território e por uma comunidade.
As campanhas são um sistema pensado para permitir que alguns indivíduos dêem voz aos projectos que acreditam virem a beneficiar a sua vida e a dos outros.
Não são uma arma de arremesso para tentar dar cabo da vida de outras pessoas num período determinado por lei. Não são para acender guerrilhas em vez de falar do que realmente está em causa.
Quem escolhe vomitar veneno em vez de demonstrar o que pode fazer pela sua terra não merece ser votado como digno representante da sua comunidade. Porque apenas está a demonstrar o que acha aceitável em termos de relação com os outros.
Precisamos de campanhas feitas por pessoas que ajam com educação e respeito, que mostrem o que de facto querem fazer pela terra e pelas gentes, que falem do que está em causa e das soluções com que pensam resolver questões básicas.
É urgente que as campanhas voltem a ser sobre o que torna a nossa vida boa e possível neste planeta e não sobre as lutas de poder entre egos cegos e sôfregos que acham que podem viver numa conta virtual numa offshore, em vez de apreciar a vida num espaço físico equilibrado e tranquilo.
O nosso bem-estar, a nossa felicidade e a nossa durabilidade aqui, e agora, dependem da nossa capacidade de encontrar pessoas capazes de trabalhar em harmonia com os outros e com a natureza. Capazes de recusar todo e qualquer tipo de conflito desgastador e devastador.
É impossível acreditar em quem afirma ser o melhor para uma comunidade quando as armas que apresenta são apenas as da demolição moral e emocional, em vez da inspiração com que se animam novos projectos, da motivação que recupera a fé na vida e na sua viabilidade prática.
São pessoas de bem e educadas, as que precisamos para nos convencerem a sair de casa e votar por algo com sentido, no próximo mês de Outubro. São pessoas que mantêm a noção do que está certo e do que está errado e que, sem hesitações, se recusem a participar de esquemas viciados e malfeitores que nos envenenam a sobrevivência.
Por isso, precisamos de uma campanha limpa, feita por pessoas capazes de manter o foco no que nos vai servir a todos. E não por gente raivosa e disposta a minar e a destruir, e que acredita que todos os meios justificam os fins.
Só que os fins não são apenas uma boa contagem de votos, mas sim o que vem a seguir. O que é capaz de nos tornar mais humanos e felizes na convivência e na partilha do espaço com os outros.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

estrelas cadentes

Imagem daqui


Tenho visto pelo menos uma estrela cadente todas as noites. Nunca vi uma estrela cadente, disse-me alguém há um par de dias. Pensei em responder que é preciso olhar para cima à noite, mas era uma conversa que estávamos a ter e às tantas temos de decidir entre olhar directamente para quem temos à frente ou olhar para cima e ver estrelas cadentes.
Noutras ocasiões alguém demonstrou com entusiasmo a minha boa fortuna por ver uma estrela cadente. Como se fosse um sinal dos céus. Acontece que as estrelas cadentes não são sequer estrelas e o céu em que brilham é apenas o limite da atmosfera em que se desfazem com o atrito. Está bem... São pedacinhos de céu também.
Cadente é uma palavra muito final. Adequada, no entanto, à sensação que fica quando a luzinha desaparece, após um instante de brilho. Também não desaparece de verdade, apenas se transforma. Mas como qualquer outro fenómeno ou manifestação, é uma oportunidade breve que se vai em fracções de segundo.
Tudo ao contrário da eternidade, com a sua enunciada paz e perenidade. Ou é apenas um desejo colectivo de que a estabilidade exista, numa qualquer forma concreta? Num universo em que tudo está em permanente mudança e qualquer detalhe imprevisto abre de imediato infindas possibilidades? 
De onde vem essa loucura colectiva que nos incita a procurar a estabilidade a qualquer custo, num universo de estrelas cadentes, em que a única coisa permanente é a mudança?

sexta-feira, 28 de julho de 2017

misteriosos triângulos de fruta



É tudo uma questão de laranjas, rosas e maçãs. As primeiras bem podem ser os frutos da árvore do conhecimento, em vez da maçã comida no Paraíso, que afinal simboliza o pecado de se querer conhecer, o que não faz sentido nenhum. Já as rosas, escondiam os pães no regaço da Rainha Santa. Nada é o que parece e há sempre uma outra forma de explorar a realidade. 
Na minha versão, o sumo de laranja, o perfume da rosa e a tarte de maçã, com ou sem gelado de natas, resumem praticamente todos os segredos deste peculiar trio. 
No entanto, se me lembrar que a atmosfera terrestre é como uma camada de película plástica a envolver uma laranja, encaro seriamente a possibilidade de acabar de vez com os fogos de artifício, a desmatização e a criação intensiva de animais, responsáveis todos eles pelo dano provocado na fína película de plástico que envolve a nossa laranja universal.
O milagre das rosas é um dos meus favoritos, visto demonstrar que podemos tranformar qualquer coisa noutra coisa qualquer. O problema é saber se é mesmo o que se quer. 
No campo dos pecados, o melhor é ficarmos por uma simples dentada inocente na maçã e deixarmos de prestar atenção às más línguas desta vida. E não esquecer a canela na tarte.
Aí está o que resume este misterioso triângulo de frutos. 

A laranja doce foi trazida da China para a Europa no século XVI pelos portugueses. É por isso que as laranjas doces são denominadas "portuguesas" em vários países, especialmente nos Balcãs (por exemplo, laranja em grego é portokali e portakal em turco), em romeno é portocala e portogallo com diferentes grafias nos vários dialectos italianos. 

A rosa (do latim rosa) é uma das flores mais populares no mundo. Vem sendo cultivada pelo homem desde a Antiguidade. A primeira rosa cresceu nos jardins asiáticos há 5 000 anos. Na sua forma selvagem, a flor é ainda mais antiga. Celebrada ao longo dos séculos, a rosa, símbolo dos apaixonados, também marcou presença em eventos históricos importantes e decisivos. Fósseis dessas rosas datam de há 35 milhões de anos.

"Maçã" originou-se do termo latim mala matiana, que significa "maçãs de Mácio"O centro da variedade do gênero Malus é no leste do Turquia. A macieira era talvez a mais antiga árvore que tenha sido cultivada, e seus frutos foram melhorados com a seleção ao longo de milhares de anos.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

coexistência


Hoje são árvores, vibrantes. agradeço-lhes que permitam o uso dos meus pulmões. "it's coexistence or no existence" (Bertrand Russell)

quarta-feira, 26 de julho de 2017

a estação do veneno


Abriu a época da má criação, dos ataques, do veneno; e dos elogios cegos. Daqui até às eleições, cidadãos que na maioria das situações exibem um comportamento perfeitamente natural, invocam o que de mais primário existe e atacam violentamente qualquer um que não concorde com o seu líder de eleição.
Pior, os líderes fazem exactamente o mesmo, tornando pré-campanhas e campanhas eleitorais numa competição de insultos e mesquinhices que não acabam. Para ajudar à festa, os média competem na arte de transformar afirmações danosas, ou não, em matéria ainda mais baixa e indigna de atenção. 
Todos acreditam terem público para isso. E depois preocupam-se com os resultados da abstenção...
Quem, no seu prefeito juízo se engaja numa batalha tão sem sentido?

Se não se lembram, é bom salientar que as campanhas eleitorais são sobre as pessoas e o seu bem-estar. Sobre a forma de produzir mais e mais organização e justiça, cuidar de todos e dos seus interesses comuns, de amenizar e alegrar a vida como prioridade.
Mais, é sobre a escolha de pessoas que possam fazer isso mesmo, sem olhar para os cargos públicos como uma forma de enriquecimento pessoal e apenas isso.
É para que o território seja um espaço organizado, limpo e agradável para todos. Onde os erros são reconhecidos, estudados e emendados para que ninguém sofra desnecessariamente com as consequências.
São sobre o que torna a vidas das pessoas melhor e não sobre quem deita abaixo o maior número de adversários. Não são uma competição, mas um trabalho de propostas que todos devem examinar e colaborar para pôr em prática.

Será que há um alinhamento específico de astros ou de circunstâncias que tornem, da noite para o dia, pessoas absolutamente normais em abismos de anormalidade, má educação e irracionalidade? Que pesadelos nos assaltam nesta estação do veneno?

segunda-feira, 24 de julho de 2017

sometimes, roses

'sometimes, roses' - pen on paper, by MMF
Só há uma forma de expressar e libertar emoções: pô-las cá fora. A riscá-las no papel ou a deixar que transbordem em tudo o que trazem, bom ou mau. A vida e o tempo se encarregam de lhes encontrar o equilíbrio e significado. Tudo o resto sao macaquices aprendidas à laia de vernizes, filtros, bloqueios. Mas sabe bem dar-lhes livre curso e não nos amedrontarmos com elas. Todas as rosas têm os seus espinhos. E perfumes delicados. Rosemos...