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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

uma centena de anos e de histórias


 Se ainda estivesse entre nós, o meu pai faria hoje cem anos. Um século parece muita coisa mas apesar do tanto que acontece nesse espaço de tempo, não é nada. Passa num instante e somos sempre surpreendidos pela efemeridade de todas as coisas.
Hoje, apesar de tudo o que nos deixou, a mim e às minhas irmãs, continua a somar histórias nas nossas lembranças. Quando falamos nele e recontamos alguma coisa passada com ele, ou reutilizamos a sua experiência no dia-a-dia para encararmos e resolvermos os pequenos e grandes desafios da vida. Nessas alturas ligamos as nossas histórias às dele e acrescentamos-lhes alguns pontos, como se faz quando contamos um conto. As novas versões são sempre enriquecidas, como se as experiências dele e as nossas fossem sempre renovadas, recicladas e transformadas. Sem limites senão os da expansão. Nada se perde.
Escolhi esta imagem porque me lembro sempre que uma das suas actividades favoritas era fotografar e as flores eram recorrentemente apanhadas pela sua lente e depois reproduzidas em slides projectados nas tertúlias familiares depois do jantar. A par dos filmes Super 8 da Kodak dos anos sessenta do século XX.
Eram flores a sua oferta favorita para a minha mãe nos seus dias especiais. Nos outros ela também cultivava o gsto por as plantar e cuidar enquanto cresciam.
O azul do fundo da imagem é uma homengem ao F. C. do Porto, que seguia discretamente pela televisão, por que na família havia, pelo menos, mais dois clubes venerados. Já as folhas são numerosas e diversificadas como a família e as suas histórias.
E na vida nada mais se passa de maior valor que os contos e pontos e o intrincado mapa de todos que só se complica ou fortalece ao longo dos anos. Portanto, parabéns, parabéns, parabéns, pelos cem anos que nunca foram de solidão e deixaram uma saudade sem medida.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

as flores da aida


São coisas familiares, essas da terra revolvida e regada que cheira a chuva, das saquetas de papel com sementes, das canas para segurar os pés mais frágeis, dos vasos espalhados por todo o lado e das regas ao final da tarde. São as plantas e as flores da Aida, que sempre gostou de pegar em folhas e hastezinhas para as transformar em plantas e flores viçosas. Ainda ontem me mostrou esta (a da fotografia), mais um dos resultados do seu "dedo verde", que é, como dizem os ingleses, o jeito ou dom para as plantas e para os jardins.
É assim a Aida, no meio dos seus vasos e das lagartixas e osgas a quem também vai dando abrigo. Houve tempos em que teve como companheira uma fiel lagartixa que vivia na máquina da costura.
Se quisesse esboçar-vos uma imagem dela, seria com certeza no meio das plantas e dos animais que tem resgatado a vida inteira, pedacinhos deste mundo a que ninguém mais liga e a que ela restitui vida e significado.
Pensar na Aida é assim como pensar numa mãe de tudo e todos, sempre rodeada de uma aura recheada pelo espírito de tudo e todos quantos foi pondo debaixo da sua asa.