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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

uma centena de anos e de histórias


 Se ainda estivesse entre nós, o meu pai faria hoje cem anos. Um século parece muita coisa mas apesar do tanto que acontece nesse espaço de tempo, não é nada. Passa num instante e somos sempre surpreendidos pela efemeridade de todas as coisas.
Hoje, apesar de tudo o que nos deixou, a mim e às minhas irmãs, continua a somar histórias nas nossas lembranças. Quando falamos nele e recontamos alguma coisa passada com ele, ou reutilizamos a sua experiência no dia-a-dia para encararmos e resolvermos os pequenos e grandes desafios da vida. Nessas alturas ligamos as nossas histórias às dele e acrescentamos-lhes alguns pontos, como se faz quando contamos um conto. As novas versões são sempre enriquecidas, como se as experiências dele e as nossas fossem sempre renovadas, recicladas e transformadas. Sem limites senão os da expansão. Nada se perde.
Escolhi esta imagem porque me lembro sempre que uma das suas actividades favoritas era fotografar e as flores eram recorrentemente apanhadas pela sua lente e depois reproduzidas em slides projectados nas tertúlias familiares depois do jantar. A par dos filmes Super 8 da Kodak dos anos sessenta do século XX.
Eram flores a sua oferta favorita para a minha mãe nos seus dias especiais. Nos outros ela também cultivava o gsto por as plantar e cuidar enquanto cresciam.
O azul do fundo da imagem é uma homengem ao F. C. do Porto, que seguia discretamente pela televisão, por que na família havia, pelo menos, mais dois clubes venerados. Já as folhas são numerosas e diversificadas como a família e as suas histórias.
E na vida nada mais se passa de maior valor que os contos e pontos e o intrincado mapa de todos que só se complica ou fortalece ao longo dos anos. Portanto, parabéns, parabéns, parabéns, pelos cem anos que nunca foram de solidão e deixaram uma saudade sem medida.

sábado, 11 de janeiro de 2020

os jogos e a gente esperta

"money, money, money" by MMF
Almas carinhosas e generosas sempre me fizeram o favor de explicar que, para se criar um bom negócio, há que fazer coincidir a oferta com a procura. Depois, conseguir preços que uma maioria possa pagar. E, finalmente, direccionar a oferta para quem tem poder de compra.
Ora, expliquem-me lá como é que Portugal, que só tem uns poucos milhões de pessoas, é um bom mercado? Não será motivo para importar algumas dessas pessoas que andam para aí a fugir das guerras como qualquer mortal de bom senso devia fazer? Famílias inteiras para comprar mais e estimular a nossa economia?
Por outro lado, não estou a ver como é que patrões, que são aquelas pessoas espertíssimas que nos dão conselhos sobre economia, e governos, que têm ases económicos que brilham em qualquer canto do mundo, querem que a economia cresça pagando salários que nem sequer equivalem a uma renda de casa actual. 
Como é que as pessoas, reféns de despesas fixas como as da habitação, água, luz, gás e comunicações, têm depois poder de compra para olear a economia?
Como é que ninguém divulga que receita de impostos vem dessas contas fixas de monopólios, muitos deles com moradas fixas noutros países, em vez deste, e o que o Estado ganha e aplica, em nome de todos nós, aqui onde é cobrada?
Por que razão, gente sabida e bem de vida nos quer fazer acreditar, por um lado, que temos de ganhar menos para assegurar uma economia estável, e depois diz que é preciso mais gente, com mais dinheiro para qualquer negócio ser bem sucedido?
Estão a ver causas e efeitos correspondentes nestas questões? 
Há um jogo interessante e muito antigo, a Mancala, em que o vencedor, se quiser continuar a jogar, tem de oferecer peças ao seu adversário. Se não o fizer, o jogo acaba e isso, para os entusiastas, é um tiro no pé.
Na economia actual, os vencedores e bem sucedidos perseguem os jogadores menores e não hesitam em afastá-los da corrida sem dó nem piedade. Menos jogadores significam sempre menores possibilidades de manter o jogo a correr.
Agora, digam-me: este é um jogo giro para se jogar? De que servem "bons" jogadores se, às tantas, não houver jogo?