sexta-feira, 3 de junho de 2011

advento da nova ordem

A política nunca é um tema de eleição neste blogue, pela entediante forma que lhe é dada por quem para si reclama a sua prática. Mas há alturas em que alguns factos nos obrigam a reflectir sobre as mensagens que nos são passadas pelos média, através das máquinas partidárias.
Por exemplo, o facto de, na televisão estatal, os jornalistas se sentirem tão incomodados por terem sido obrigados, por essa fantástica figura política que é Garcia Pereira, a dar tempo de antena aos partidos sem assento na Assembleia da República, demonstra o total desprezo pelas regras democráticas, pelo dever de informar expresso no código deontológico da profissão e pelo dinheiro dos contribuintes, que afinal pagam os ordenados fantásticos que alguns ainda recebem, mesmo sem a qualidade que lhes devia ser inerente.
Outra coisa desinteressante (pela vulgaridade) na política são os ataques pessoais que jamais passam da fanfarronada e têm como alvo o público menos preparado, demonstração óbvia da falta de respeito que os políticos, ditos democráticos, têm pelo que é justo e o que é a sua obrigação, atitude que com certeza replicarão com maior intensidade ao abrigo das câmaras de televisão e microfones.
É degradante o uso da "conspiração da crise" para aterrar as pessoas e para lhes baixar o nível de vida, coisa ainda mais preocupante se considerarmos que é um tiro no pé a muito curto prazo, uma vez que quem não tem dinheiro não compra e, dessa forma, não há economia que recupere. Claro que faz todo o sentido se for para continuar a enriquecer em tempo recorde a meia dúzia de poderosos que governa este tipo de sistema económico, a quem não faz diferença que o colapso se dê a curto, médio ou longo prazo, uma vez que já encheram os bolsos a expensas da falta de intervenção dos governos, sempre dispostos a fazer pagar aos contribuintes individuais a especulação dos que os protegem.
Também não se justifica dizer que um governo, neste caso uma figura consensualmente odiada, Sócrates, tem toda a culpa da crise, uma vez que ela é fruto da primeira crise, que aconteceu nos Estados Unidos e não em Portugal. Isso apenas se entende pela avidez com que a segunda máfia política portuguesa quer ir à fonte, agora que a água do dinheiro e do poder está por acaso ao seu alcance.
Todos os partidos tẽm gente torpe e pusilânime, apenas interessada no benefício próprio. Mas a corja laranjinha tem, desde sempre, conseguido atrair toda a gente que, apesar do seu valor pessoal, não tem nem jamais terá aptidão para fazer escolhas realmente importantes (e, portanto, radicais). A falta de coragem e de espinha dorsal dos "mais ou menos" democratas representa tudo aquilo que não contribui para um orgulho nacional, uma alma poderosa e disposta a grandes desafios.
Aliás, toda a direita que tem vindo a vingar na Europa sofre do mesmo mal e, infelizmente, julga que está chegado o momento de acabar com as socializitites e restaurar a ordem à força no Velho Continente. Se ao menos isso fosse verdade...
Porque o que os pseudo-democratas europeus não conseguem prever, visto que a sua capacidade de governar não vai além dos seus sonhos de lucros fáceis e rápidos, é que o poder que agora conquistam, em tempo de grande crise económica, é apenas a forma de o Universo repor alguma ordem no seu quintal.
A ganharem as esquerdas europeias, todo o esforço seria feito no sentido de atenuar algumas diferenças sociais, apesar do espartilho das grandes corporações económicas. E a verdadeira revolução tardaria mais uns anos. Assim, com a direita no poder e o abismo entre ricos e pobres a atingir proporções descomunais, a imperiosa mudança surgirá naturalmente como o único caminho a seguir.
Às vezes, o único remédio é um pouco mais do mesmo para obrigar o organismo a expulsar definitivamente o mal.
Nestas circunstâncias, se os socialistas perderem as próximas eleições, no domingo, isso será apenas uma forma de acelerar o equilíbrio universal que tão trambolhento tem andado. Até é bom que os meninos e meninas que até acham que são de direita sejam os instrumentos do futuro reordenamento social e sejam eles a colher o ónus das suas fossilizadas convicções.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

dia mundial da criança

Em vez de um quarto cheio de brinquedos - muitos deles feitos por crianças em países em que nem se comemoram direitos nem outras coisas -, este rapazinho moçambicano fez o seu modelo de telemóvel com matope (lama) e usou um pauzinho como antena.
Um brinquedo feito assim, à medida do seu criador, é uma coisa especial. Embora a Europa e a América do Norte celebrem o dia mundial da criança, e haja muitos brinquedos nos quartos de dormir dos mais novos, os pais europeus têm muitíssimo menos tempo de convívio diário com os seus filhos do que os moçambicanos.
Na minha infância, brincávamos fora de casa com os amigos. Hoje, as crianças ficam presas até tarde dentro de casa e só na escola podem socializar e brincar com os outros. É muito difícil fazê-las entender que a escola é um espaço de trabalho, uma vez que não têm outro e, para elas, o recreio é ali.
Perdem-se e ganham-se coisas, quando acrescentamos direitos e brinquedos e perdemos outras qualidades.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

alguma cor

Foto MMFerreira

Há sempre forma de distinguir alguma cor, alguma vida, um sinal de que nem tudo está morto e frio, como a pedra ou o aço. Como quando se está tão desiludido que quase se acredita que é o fim de qualquer coisa. Nunca é, verdadeiramente. Há sempre uma continuação, apesar dos intervalos que nos impomos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

chupetas e chocolates

Em inglês chamam-se pacifiers (pacificadores), que vêm mesmo a calhar quando lidamos com bebés. A minha descobriu rapidamente que podia enfiar cinco ou seis na mesma corrente, presa à t-shirt. Não tardou a ser necessária alguma negociação para trocar as chupetas completamente babadas por novas. Mas mal entravam na corrente eram lambidas e sugadas até ficarem tal e qual as outras. Tempos mais tarde, o passo seguinte foi planear uma forma de abandono das chupetas.
Foi assim que descobrimos um facto importante: enterrando uma chupeta num vaso de plantas, no dia sequinte nascia um chocolate no mesmo lugar. Foram necessárias várias tentativas para comprovar a eficácia da experiência. Mas não havia dúvidas. Uma chupeta enterrada dava lugar a um apetitoso chocolate.
Foi fácil chegar a uma solução de compromisso: sempre que estivesse preparada para desistir de uma das suas chupetas, a pequena criatura anunciava que estava pronta para a enterrar. E no dia seguinte "colhia" o chocolate, recompensa mais do que justa para o seu sacrifício.
Em menos de dois meses os vasos de plantas engoliram todas as chupetas-sementes e produziam os chocolates necessários para aplacar o desgosto.
No final, a corrente foi dispensada sem problemas e nunca mais se pensou em pacificadores. Bons tempos, esses de soluções simples e satisfatórias.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

faz diferença

foto MMFerreira
Podia fazer como os outros e deixar-me estar. Ficar mais contente em produzir uma vitrina vistosa ou um ramo de flores de aparência exuberante. Mesmo que seja capaz de fazer essas coisas e outras com muito bons resultados, não é o que me apetece. Não é aquilo que vem de dentro e me empurra. Até de olhos vendados saberia o que esse empurrão significa e onde me dirigir. Sei que o meu objectivo está na teia das coisas e na descrição da sua beleza. É aí que quero chegar e estar.

terça-feira, 19 de abril de 2011

rios e espelhos

Foto MMFerreira
Toda a vida devia ver-se assim, como um rio, sempre diferente, sempre em movimento, a espelhar as coisas de uma forma que não é verdadeiramente a delas, mas que marca definitivamente a nossa forma de as olhar. Se ao menos fossemos capazes de nos lembrar sempre disso...

sábado, 16 de abril de 2011

a mão do caos e da ordem

Foto MMFerreira
 Os artistas não nascem para ser bem educados, portar-se bem ou ser politicamente correctos. Não há nada de verdadeiro num artista que não gere à sua volta o caos para depois reconstruir o universo segundo a sua visão. A ordem só nasce depois de uma profunda transformação, de uma recusa radical em se trilhar caminhos já conhecidos. Para que serviriam os artistas se, conformadamente, se entretivessem apenas a juntar cores e formas bonitas, só para agradar e sem preocupação de inovar?
Nascer com algo dentro que lhes permite ver além do óbvio, que lhes revolta as entranhas e dói de uma forma que jamais lhes consente dizer apenas amen, e ser um veículo de uma qualquer força que os obriga a derrubar tudo, usando se necessário o próprio corpo, é um dom ou uma maldição impossível de domar e de manter paredes meias com as convenções.
Qual é a utilidade de um artista que aceita vergar-se à ordenada realidade alheia em vez de, honrando o seu destino, romper o chão como uma lâmina gigante, rasgando tudo à sua passagem? Pois se é exactamente aí que está a justificação da sua existência...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

11 de Abril de 1974

Baía de Inhambane (Foto: MMFerreira)
Chegámos a Inhambane a 11 de Abril de 1974, vindos de Manica, junto à fronteira com o actual Zimbabué. No dia seguinte começámos a ouvir, na BBC, notícias de que ia haver um golpe de estado em Portugal. Sentávamos-nos à noite nos degraus da entrada à espera do desenrolar dos acontecimentos. O alerta chegou catorze dias depois, alguns minutos passados da meia-noite, da casa do lado. Saímos todos para a rua. Os vizinhos fizeram o mesmo e juntaram-se algumas pessoas no passeio da avenida, em frente às casas. Também houve quem trancasse portas e janelas nessa noite.

domingo, 10 de abril de 2011

do dia da lua ao dia do sol

A propósito do post abaixo, adoro segundas-feiras, as conversas com alguns amigos acabaram por conduzir ao significado dos nomes dos dias da semana, que correspondem afinal aos seus regentes astrológicos, se possível ordenados como na figura acima, uma estrela de David.
Em português a coisa escapa-nos, pela conversão dos respectivos nomes nos dias de feira. Curioso foi saber que os vizinhos espanhóis, que a dada altura também seguiam o mesmo sistema que nós, depois das invasões napoleónicas voltaram a usar a antiga nomenclatura: lunes, martes, miércoles, jueves, viernes, sabado e domingo.
Segunda será então o Dia da Lua (feminino), terça o de Marte , quarta o de Mercúrio (que rege as comunicações, o comércio e os ladrões, dia tradicional das feiras regionais entre nós), quinta de Júpiter (e da boa fortuna), sexta de Vénus (antigamente, o dia dos homens irem às prostitutas), sábado de Saturno (ou descanso, pausa - em inglês, o Saturn Day que deu origem ao Saturday) e domingo, Dia do Sol.
Portanto, podenos imaginar, com toda a facilidade, reuniões da tupperware e das neodeusas à segunda; declarações de guerra ou o fêquêpê a jogar, às terças; saldos de garagem e comunicações importantes, a par com grandes roubalheiras, à quarta; a quinta como um dia bom para tudo o que requeira sorte; sexta para o enrolanço íntimo; sábado para descansar de todos os excessos; e domingo para o sexo forte confraternizar.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

desastre comunicativo



Em tempo de crise, o que levará três empresas como a Sapo, a Sagres e a Super Bock a produzir anúncios como estes, em que o adjetivo machista é obviamente escasso para classificar a pobreza de chavões que afastam pelo menos 50 por cento do público alvo?



Este, da Sagres, além do infeliz machismo, insulta as mulheres, retratando-as como meras figurantes, cuja maior alegria é mostrar as mamas aos rapazinhos bebedores e egocentrados (somos nós...). Ainda por cima, tem como figurantes de "topo" o Figo e o Manzana, que assim entram para a história como quaisquer outras cavalgaduras machistas, capazes de todas as tristes figuras em público para ganhar uns euros.



A Sagres Mini vai ainda mais longe, depois de pôr os rapazinhos aos abraços (como se "eles" andassem para aí no apalpanço público sem medo das consequências), recorrendo ao preconceito das "primas fáceis" para a graçola de fecho do anúncio.



A Super Bock, no seu anúncio de minis a "puxar pela amizade", faz com que os três "meninos" se deixem guiar por garrafas de cerveja que se empinam, assim como qualquer pénis a precisar de desabafar, e corram uns para os outros. Não deixa de ser curioso...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

hostilidade doméstica

Tenho um electrodoméstico hostil em casa, disposto a obrigar-me a tomar duches frios só porque não descubro o istapor do botão de reset do sensor de acumulação de gases. Como é que uma coisa tão importante pode estar camuflada no topo de um electrodoméstico mudo e sem manual de instruções? Isto é mesmo coisa de homens. Se fosse uma mulher a incluir um botão desses,era vermelho berrante e ficava logo à frente do nariz. Assim, vou ter de chamar o vizinho e explicar-lhe que tenho uma crise doméstica a reclamar atenção masculina. Tudo isto porque ainda não vendem caldeiras cor-de-rosa, às flores e com botões de reset em locais de acesso óbvio. Raios partam os electrodomésticos com a mania de que também são machos...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

adoro segundas-feiras

Sei que devia odiar as segundas-feiras, como fazem a maioria das pessoas encerradas nas suas vidas que não talharam à sua medida. Em vez disso, adoro segundas-feiras e aquela implícita noção de que começa tudo outra vez. Por pior que tenha corrido a semana anterior ou o fim-de-semana.
(Devia estar a escrever sem hífens, segundo o contestado acordo ortográfico, mas ainda não me apetece. Acabarei por chegar lá, a força de conveniências várias, mas ainda não me apetece mesmo.)

quinta-feira, 17 de março de 2011

silêncio


Estou no silêncio. Assim como estava escondida por trás das cortinas quando era miúda. É o meu esconderijo, o sítio onde me refugio para retemperar forças e me apaziguar.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

manadas em atropelo

Gosto das manhãs de domingo em silêncio, com uma chávena de café ao lado e um livro aberto nas primeiras páginas. O mundo assim é seguro por uns momentos. Resguardado de alturas mais agrestes, em que toda a privacidade nos é retirada.
Sempre tive uma grande tendência para olhar para as fortalezas como ratoeiras prestes a ser engolidas pelo enorme e imprevisível mundo que as rodeia. Não construo, por isso, nenhuma fortaleza em torno de mim. Acho-as inúteis, uma espécie de patéticos trabalhos de Hércules que consomem a nossa energia e não nos devolvem nenhuma espécie de segurança.
Os cavalos de Tróia têm, por isso, livre circulação na minha vida. São, na verdade, manadas selvagens em constantes atropelos para onde quer que me vire. Por mais avisada que esteja sobre a sua existência, sou incapaz de lhes fechar a porta e deitar a chave fora.
A nossa vida está cheia de coisas que não conseguimos controlar. Ondas fantásticas, maremotos, tempestades e derrocadas. Por mais que as temamos, é impossível evitar o fascínio que exercem sobre nós, a tremenda beleza com que nos esmagam.
A minha natureza pertence a este mundo e está entrelaçada nas suas mais violentas correntes. A cada golpe seu sinto também a inescapável identificação. Reconheço-me fatalmente na dor que me provocam.
A minha escolha é, portanto, ignorar a segurança das fortalezas e receber cada ataque até ao limite das minhas possibilidades.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

uma questão de reputação



Uma vez recebi um telefonema bem intencionado, a visar-me do que alguém andaria a dizer sobre mim. Expliquei na altura que não podia, com a minha mão, tapar a boca de quem, aparentemente, me difamava. Por esse motivo, a minha reacção era seguir em frente, aceitando o facto de não poder controlar o efeito que essas coisas têm. Como não tenho o poder de controlar tragédias naturais ou acontecimentos bem para lá da nossa capacidade de previsão.
O efeito que esse diz-que-disse tem nas nossas vidas pode bem ser o de um tremor de terra, de um acidente insuspeitado, de qualquer coisa irremediável. Mas, mais uma vez, pouco ou nenhum controlo temos sobre essas coisas.
A nossa reputação são muitas entidades além de nós, criadas por gente conhecida e desconhecida, histórias debitadas aqui e ali, impressões deixadas acolá.Tudo pontas e meadas que, juntas, são um emaranhado assustador e muitas vezes injustificado.
Que fazer, então? Mobilizar todas as nossas forças contra esse exército de sombras e sussurros anónimos e impossíveis de rastrear? Não me parece sensato.
A minha escolha é, portanto, confiar na capacidade que os outros têm de avaliar por si próprios os meus defeitos e qualidades, sem confiar às cegas nos juízos de valor que já passaram por muitas segundas-mãos até chegar a um receptor que não tem ideia nenhuma do ruído de fundo que já lhes foi adicionado ou subtraído.
Tudo por uma questão de reputação.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

janela riscada sobre verde

Escrito assim, como não querendo que mais ninguém leia, uma mensagem riscada por desconhecidos, cifrada na intenção e no destinatário.
Um dia passamos e já não está, dissolvida por jactos de limpeza, mudanças de dono e outros projectos.
O efémero também é um sinal, um discurso inteiro que não precisa de ficar escrito. Não há sinal gráfico para ele. Basta a sugestão e parece que faz da atenção refém, com uma ameaça que, de não expressa, ainda nos parece mais violenta.
E há o verde esbatido dos azulejos, gasto como as memórias, a pedra manchada, o polimento do corrimão tocado por inúmeras mãos.
Ali, ao sol, a janela rabiscada tem um molho de histórias, promessas que nunca saberemos resolver.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

ligeira

Hoje vou pegar na minha bagagem de boa disposição e outros essenciais, andar por aí e não deixar que nada me aborreça. Tiro o dia para me mimar e contrariar a predisposição geral para a crise. Já tentei fazer uma lista mental das coisas que me agradariam neste momento: ficar ao sol de olhos fechados, a ouvir música; sentar-me numa esplanada com borrachinhas nos ouvidos e ficar a observar as caras e os tiques de quem se senta à volta; ler um bocadinho coisas daquelas que nãos nos fazem ter vontade de saltar para a página seguinte porque estão bem escritas e nos dão prazer; arrastar-me pela rua a contrariar a pressa dos outros; sentir o vento na cara e o cheiro do mar. A lista é demasiado grande para decidir agora. Um passo de cada vez. Vou sair de casa e deixar-me levar. Não me procurem, porque a vossa vontade contraria sempre a minha e isso enerva-me. Quero estar sozinha porque as pessoas já não sabem estar com as outras sem tentar impingir-lhes qualquer coisa para fazer que as torne, aos seus e aos nossos olhos, pessoas mais interessantes e aparentemente vivas. Hoje, se fizerem favor, vão-se lixar, porque eu quero saborear o simples facto de estar por aqui, sem ter de, nem querer acreditar em nada de especial. Tiro férias de quereres.