segunda-feira, 10 de agosto de 2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

são mais do que as pegadas



















Sento-me ali, ao fim da tarde e tento ouvir os milhares de converas cruzadas que se desenrolaram na praia o dia inteiro, as saudações, as confissões, as saídas intempestivas, as zangas, os namoros, o som dos mp3, da rádio e das vozes nos telemóveis. São mais do que as pegadas que ficam na areia.

sábado, 1 de agosto de 2009

o significado da mensagem



















É engraçado observar como o contexto das mensagens se modificam ou se 'enriquecem' adicionados a elementos mais ou menos inesperados.
Elisa Ferreira não estava, com certeza, à espera que a sua imagem/mensagem de campanha validasse, da forma mostrada na foto, o vigor dos writers tripeiros.
O 'Porto para todos' inclui agora com o alto patrocínio da candidata socialista à edilidade, os criativos artistas de rua que devotam os seus dias a encher de cores e arte as paredes e as ruas da Invicta.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

heróis e nevoeiros



















O nevoeiro às portas do Porto. Aquela coisa misteriosa dos céus encobertos que até nos fizeram sonhar com um Sebastião diferente, desses que avançam à força da espada e nos resgatam de todos os males. O nosso quase-super-homem português, desses que a qualquer hora se podem materializar e dar corpo aos sonhos. Os mesmos que em terras lusas se desprezam a menos que venham de sebastiões, fantasmas ou mortos, que esses não fazem sombra a ninguém e já podem andar por aí livres a lembrar-nos as enormíssimas realizações que poderiam ter cometido se lhes tivessem, generosamente, emprestado algum crédito. O mistério é uma coisa muito bonita e poderosa, até porque não tem nada que ver com a realidade, por isso pode potenciar qualquer coisa sem grande interferência nos comodismos instalados. Ainda estou para perceber como é que esta gente levantou o traseiro do banco para ir por aí à descoberta de novos mundos, com o pavor atávico que tem da aventura. Tem de haver coisa nessa história...

terça-feira, 28 de julho de 2009

universo



















Jamais diria que o Universo foi feito à imagem e semelhança do tecto deste salão de beleza no Cidade do Porto.
Também estão a ver os OVNI? Estou tão emocionada...

sábado, 27 de junho de 2009

a alice de burton



Nunca foi uma das minhas histórias preferidas. Em criança, achava que todos os personagens eram simplesmente ameaçadores e que a Alice estava a ter um pesadelo em vez de aventuras. Os personagens tinham traços de maldade que me desagradavam. A minha opinião não mudou muito desde essa altura. Não seria jamais um livro que oferecesse a uma criança.
Agora surge este filme do Tim Burton, com um cenário realmente fantástico (ver aqui) e não tenciono perder. Afinal, há quem a veja também não como uma história para crianças, mas sim de terror. Estou aliviada. Não me enganei nas primeiras impressões.
É uma produção Disney com Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Matt Lucas,Anne Hathaway, a voz de Michael Sheen para o coelho e provavelmente Ryan Nicole Parker no papel de Alice.

sábado, 6 de junho de 2009

um coração cheio de reais



As editoras portuguesas estão amuadas com as suas congéneres brasileiras que andam a comprar os direitos de obras em língua portuguesa para todo o mundo e assim as impedem de editar autores em Portugal, deixando os leitores interessados entregues às edições em português do Brasil. (Ver aqui)
A culpa, dizem, é do acordo ortográfico. Que julgavam? Que os brasileiros se deram ao trabalho de dinamizar a aprovação do dito porque gostam do sotaque? Os corações verdes e amarelos pensaram foi nos reais. E o resto é ingenuidade e amuo que só nos faz perder mais tempo.
Durante mais de trinta anos não houve a mínima preocupação em pensar numa estratégia que permitisse investir também no mercado dos PALOP. Não houve capacidade para pôr aos cinco livros de cada vez à venda nas principais cidades dos territórios que já foram portugueses. Mas os armazéns das editoras estão cheios de sobras de muitas edições, cujo caminho provável é a venda ao quilo, para a reciclagem.
Em vez de comprarem os direitos para a língua portuguesa no mundo, bastavam-lhes os direitos para aqui, a pensar nas dificuldades que haveria em entrar no mercado brasileiro e ignorando as ex-colónias portuguesas, mesmo após as boas intenções criadas com a CPLP.
A poupança tem as suas desvantagens, assim como a preguiça de pensar um pouco além do nosso quintal.
Não muda nada, é claro, porque o que fazem os editores brasileiros podem fazer os portugueses. Podem alegar que o mercado é muito maior, que já há muitos editores com sotaque, etc. Mas também há dificuldades económicas muito maiores do que cá e, no entanto, multiplicam-se em iniciativas e ganham terreno onde por cá nem se tenta.
Os brasileiros pensaram no mercado de Moçambique e de Angola? Também os espanhóis, os franceses, os chineses e todos quantos possam chegar lá. Vamos entrar no jogo ou vamos ficar a chorar no canto, amuados como meninos mimados e habituados a chantagens emocionais?

sexta-feira, 29 de maio de 2009

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Questões que me ponho

Vamos supor que sorrio num sonho e que, ao acordar, não me recordo do que provoou o meu sorriso. Estarei a esconder de mim a minha felicidade ou apenas a ignorar esse importante ingrediente na minha vida consciente? E será que isso importa? Será que é mesmo necessário lembrar-me do que me faz sorrir enquanto sonho? Mais forte do que eu, surge o sorriso ao pensar nestas questões que me ponho...

terça-feira, 12 de maio de 2009

às vezes também sonho



Às vezes também sonho e não me apetece que venham cá espiolhar o que vou sonhando. Enrolada no meu sonho, não admito estranhos nem interferências, outros rumos para um sonho que é só meu. Por isso vão andando, desamparem-me a loja que neste sonho mando eu.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

dentro de nós

Dentro de nós passam-se coisas que só nós conhecemos. Há tempestades, revoluções, heroísmos e cobardias que gozam de autonomia própria, insensíveis à nossa lucidez e vontade.
Cá dentro vai um conjunto de vidas que não a nossa, uma saga interminável de aventuras que não temos tempo para viver em consciência e em tempo útil.
Em vez do reconhecimento dessa singular condição, somos formatados para a ignorar enquanto acordados e conscientes, tornando o conhecimento desse facto numa espécie de limbo de sinal proibido.
Receamos o confronto dessas vidas e tumultos com os dos outros e obedecemos a imposições exteriores do que parece ou não bem. Minamos a vida interior que cá dentro pulsa com uma energia desmedida em função de compromissos vários, sem coragem para assumir que há muito que não vale a pena reprimir sob pena de nos esmagarmos em conflitos sem sentido.
Falta-nos uma escola que nos ensine a gerir as nossas vidas, em vez da opção de não as gerir de todo em nome de uma linearidade imposta que nos mediocrariza.
Pior ainda, impomos aos outros a mesma medida, julgando as suas outras vidas como uma espécie de insanidade intolerável, quando de facto nos revemos e tememos nela.
Dentro de nós temos asas e felicidades inúmeras, que sufocamos todos os dias por incapacidade de as associar à realidade colectiva. Reprimimos a melhor parte dos nossos impulsos pela norma contra a qual nos revoltamos, mas que acatamos por receio de injustos julgamentos que generosamente também distribuimos.
Perdido algures entre o que sentimos e vivemos, fica um meio termo capaz de nos oferecer uma imensa felicidade, tivéssemos apenas um grão de coragem para o assumir.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

palavras

Volto às palavras, ao encanto e às possibilidades que proporcionam. Fechar os olhos e ouvir, vindas do nada, palavras ao acaso, rumores de nuvens que viajam à solta pelos pensamentos.
Haverá coisa mais adequada que parar para escutar as palavras que se emaranham dentro de nós, num atropelo saudável para se manifestarem?

sábado, 31 de janeiro de 2009

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

a vida segundo muñoz



Passeando pela retrospectiva de Juan Muñoz em Serralves como num universo paralelo, podemos apanhar-nos a espreitar momentos que não nos pertencem, mas em que reconhecemos sensações familiares.
Há a agonia das figuras suspensas pela boca e em constante movimento sobre si próprias, abandonadas à impotência perante um mundo que não se domina. E um momento de harmonia libertadora sugerido pelo mesmo movimento que, pela sua inevitabilidade, ilustra a sujeição de tudo e todos a um ritmo universal.
Junto à janela, as figuras com a metade inferior resumida a um saco informe e imobilizador, a lembrar os pesadelos infantis em que o pânico nos assalta e não logramos vencer o peso que nos prende ao mesmo sítio. No entanto, as esculturas inclinadas e de rostos quase inexpressivos ordenam-se num peculiar instantâneo de acções que não chega a desenrolar-se. A janela aberta sobre o jardim dá-lhes um sentido adicional nesta mostra.
Uma pequena multidão de homens cinzentos, rostos sorridentes e idênticos, remete-nos ao uniformidade do colectivo, às pequenas perdas momentâneas de individualidade. O que se altera de imediato quando as observamos de cima e tomamos consciência do papel único de observadores, benesse conferida pela organização do espaço da exposição.
Continuamos a espreitar por buracos de fechaduras ao ouvir repetidamente um diálogo em frente a duas pequenas figuras sentadas lado a lado, viradas para a parede ou sentadas em círculo com tambores de silicone à maneira de extensões dos corpos, armários povoados de objectos e pequenas esculturas, navalhas de ponta em mola escondidas em corrimões.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

coisas do mercúrio



Deve ser do mercúrio retrógrado, que possívelmente afecta mais os meus neurónios que os dos comentadores políticos. O certo é que achei toda a cerimónia de posse triste, triste, triste. Se me tivessem dito que era um velório, tinha acreditado, juro que tinha.
E os comentadores, numa excitação, a falarem do que poderá ou não mudar com Obama. Para já, o homem não mudou coisa nenhuma. As pessoas sim, mudaram. Tanto mudaram que o puseram lá. Será isto difícil de perceber?
Em vez de alegria, vi muita gente taciturna e muita invocação de Deus à maneira das igrejas evangélicas norte-americanas, o que só me fez pensar o que vai de facto mudar, e se calhar para pior, com tanto espírito religioso à solta pela nação mais poderosa do mundo.
Porque a verdade é que nada há de inovador e revolucionário nessas igrejas e nas atitudes por elas moldadas. Será que nos preparamos para mais uns valentes retrocessos sociais em nome do que é bíblico e rígido da fé cega da maioria dos crentes norte-americanos?
Depois, até parece que Deus prometeu a liberdade apenas aos negros, especialmente aos da América do Norte. E que a constituição norte-americana de repente virou verdade porque se elegeu o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
Até a "tolerância" apregoada me fez arrepios. Não desejo ser tolerada, pelo amor da santa...
E os jornalistas a insistir no registo de excitação e entusiasmo, que não vi em lugar nenhum. Deve ter sido o mercúrio retrógrado...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

meia chávena de café com leite

Não sei quem é que inventou essa tolice redutora da proactividade, que só serve para manter dependências obscuras nas relações laborais. Provavelmente, algum tiranete saído da nova vaga de neo-escravos da produção em massa com aspirações a mago das boas práticas executivas.
Mais desconfio que devem pôr aditivos no café e no chá, para manterem os colectivos neurónios numa espécie de sintonia ansiosa: agradar-agradar, mostrar-provar, pro-actuar, pro-mostrar, agradar-agradar.
Fico-me, pessoalmente, por uma meia chávena de café com leite de manhã, em silêncio. O resto do dia é para me sentir bem, para de vez em quando para ouvir o vento e assistir à distância aos frenesins dos outros.
Será que têm consciência da figura que fazem na correria por vidas que nunca quiseram?

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

receita

acreditasse eu na palavra felicidade... e acertaria nas medidas :)
felicidade tem uma sonoridade muito própria, reverbera-me pelos ouvidos e cabeça de forma muito peculiar. negativa.
fico-me com: alegria, contentamento, euforia, desafios, ...
(kasca de noz)

Um dia decidi ser feliz. Assim, sem mais nem menos, cansei-me da angústia, da pressão, da tristeza e de todas as coisas que não queremos para nós nem para os outros, mas que teimamos em arrastar atrás de nós uma vida inteira.
E comecei a ser feliz. Com toda a simplicidade, tomei uma decisão e passei a viver de acordo com ela.
Se há ano e meio atrás me dissessem que a felicidade é apenas uma questão de optar por uma forma de estar na vida, teria achado que ainda há mais maluquices entre o céu e a terra do que nos dão a ver os nossos olhos.
O certo é que a solução é tão simples que nos parece completamente inverosímil. Estamos tão habituados a cultivar o negativo que nem nos lembramos da hipótese contrária.
Afinal, se passamos tanto do nosso tempo a desejar a felicidade, por que razão não pomos esse desejo em prática? O que nos impede? E quem e o quê?
Nada. Absolutamente nada. A felicidade está aí para ser vivida, tal como milhões de outras coisas que nos interessam ou não. Por que raio de tortuoso malabarismo mental nos consideramos tão incapazes de viver em felicidade?
A resposta a essa pergunta já não me interessa. Porque deixei de me questionar e desejar para me deixar, tout court, arrastar pela vivência do que realmente busco e me apaixona.
Essa foi a minha receita para a felicidade, que aqui passo à Ka, que não acredita na palavra.
Tenho para mim que as palavras são mágicas e que quando elas nos apaixonam, tudo é possível. Tenho para mim que tu, Ka, que tanto gostas de palavras e que deixas que elas te apaixonem, também podes ouvir esta palavra felicidade da forma que eu a ouvi e deixar que ela te soe como tanto gostas que as palavras te soem.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

palavras felizes

Hoje acordei feliz. Nem sei bem porquê, mas feliz.
O Natal também foi feliz, passado como o desejei, com as pessoas que queria rever. Nem sempre é possível, mas este foi assim, bem disposto e sereno.
Não corri para comprar uma única prenda, não recebi enormidades, mas fui abraçada, mimada e contemplada com conversas longas, temperadas com muitas pequenas provas de amizade.
Gastei muitas palavras, como gosto. Ouvi muitas mais, como também gosto. Haverá melhor forma de encerrar um ano?