Mostrar mensagens com a etiqueta Cascais. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Cascais. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

apologia: qualidade de vida

Sistema informático de senhas do Centro de Saúde de Cascais
Na semana a seguir ao Natal uma alergia nos olhos da minha mãe fez-me ligar para o número da Saúde 24, um serviço que funciona bastante bem e nos encaminha criteriosamente para os serviços médicos mais adequados a cada caso. O Centro de Saúde de Cascais foi o indicado, na ocasião.
Lá chegadas, a primeira imagem foi a que se reproduz acima, com o maravilhoso aparato tecnológico das senhas de atendimento engalanado com cordel, rolo de senhas e folhinhas coladas a fita-cola, uma delas escrupulosamente escrevinhada à mão. (E reparem nos fios à direita, enrolados e à mão de semear, como convém em termos de segurança...)
As pessoas chegadas ao balcão, pois não eram só as senhas apenas que não funcionavam. O sistema informático em baixo, incapaz de receber os faxes do Saúde 24; nem os telefonemas se aguentavam. Médicos não havia, à excepção dos que se passeavam à espera de casos específicos, imagina-se, uma vez que para os casos como os da minha mãe e de outros, não havia. Estavam na hora do almoço alguns, enquanto os outros não se sabia se atenderiam.
As funcionárias, à falta de argumentos, repetiam incessantemente o que podiam fazer, que era explicar que não havia atendimento, pelo menos até chegarem médicos ou qualquer milagre caído do céu. Ao pedido do livro de reclamações reagiram defensivamente, como se a culpa fosse sua. Mas não era e a queixa foi feita, mesmo com pouca confiança nos resultados que daí podem advir. Se não se faz é o mesmo que concordar que tudo fique na mesma e isso é, no mínimo, incoerente e fútil.
Novo telefonema para a Saúde 24 remeteu-nos para as urgências do Hospital de Cascais que, como é sabido, não tem urgência de oftalmologia. Daí, com alguma sorte, encaminhar-nos-iam para as urgências oftalmológicas do Hospital Egas Moniz e, se não tivéssemos mesmo sorte, repetir o processo para as urgências do Hospital de Santa Maria.
Resolvemos não arriscar e recorremos à CUF, onde ficámos três horas, como mais umas dezenas largas de pessoas, também elas fugidas de outras inexistentes soluções. Lembrei-me dos tempos idos do pós 25 de Abril, em que nem a desorganização das infra-estruturas básicas obrigavam a condições tão desesperantes.
Agora, com tanto glamour e tanta festa, tanto prémio e tanta comemoração, tanto artigo elogioso, Cascais, o concelho da riqueza e da qualidade de vida, não tem um centro de saúde operacional, nem um serviço de urgências que cubra a oftalmologia ou outras especialidades que assegurem reais situações de necessidade.
E isso é que é pobreza, porque ela se mede, não pela quantidade de pessoas de baixos ou inexistentes rendimentos, mas pela incapacidade de administrar e bem gerir o património comum e público. Apesar das subidas constantes de taxas e impostos municipais, dos discursos floreados e da propaganda das instituições. 
Igual sinal de pobreza é investir insanamente no marketing político e empresarial sem ajuizar os resultados da comparação natural que o cidadão comum faz entre o que lhe tentam impingir e as suas carências reais. A consciência de todos evolui e é sinal de escassez intelectual acreditar que só a propaganda vai resultar no apaziguamento das incongruências e das assimetrias abismais que se sentem a todo o instante. 
No final, a luz triunfa sempre, uma vez que a sombra é impossível sem ela e a contrária é, simplesmente, impossível.



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

pague-se o Louvre local!

Depois de oferecer concertos megalómanos (e não especialmente melómanos) durante o verão na Baía de Cascais a uma população que nem sequer era maioritariamente do concelho, com resultados que passaram por despesas extraordinárias de segurança e de limpeza do centro da vila, a autarquia local decidiu cobrar entradas para as exposições no Centro Cultural de Cascais (três euros para quem não é do concelho e metade disso para aqui vive). E parece que não será o único espaço dedicado à cultura em que se fará tal cobrança (medida em vigor desde o passado mês de Outubro, no CCC, Casa das Histórias, Museu Conde de Castro Guimarães e Casa Duarte Pinto Coelho, pelo menos).
À entrada, se tiverem sorte, ouvirão o segurança e o funcionário ao balcão argumentar que, para ver o Louvre também se paga entrada. Comparação mais que justa, claro. Sobretudo se soubermos que um passe de dois dias para todos os museus parisienses custa quarenta e dois euros e a entrada na Tate Modern é gratuita, sendo cobrada entrada apenas para as exposições especiais. Os programas culturais em Cascais estão, claramente, ao nível dos dois exemplos citados.
Temos de compreender que o afluxo de turistas aos espaços culturais cascalenses é avassalador e importa em despesas que todos temos de partilhar. Isso faz o mais perfeito sentido depois do cuidado que os governos locais tiveram em se apropriar da gestão de todos os eventos, oferecendo condições impossíveis de bater por qualquer outro agente cultural. Agora, consolidada a política de monopólio da cultura pela autarquia, há que pagar para ver o que o poder escolhe apresentar.
Se algumas das propostas até são atraentes, a fraca frequência indica o resultado real desta política, que investe muitas centenas de milhares de euros em espectáculos gratuitos que desfiguram a qualidade de vida local, e depois cobra entradas em eventos de menor envergadura e cuja frequência devia assegurar, nem que fosse apenas pela vergonha de pedir dinheiro por actividades para as quais existem orçamentos destinados ao seu fomento.
Este caso faz lembrar o espírito de um curioso título do Mensageiro de Bragança, fundado em 1940 e sempre sob a gestão da diocese local: "Bragança ou Moscovo - Cidade ou Selva". Tudo por mor de um banho menos "vestido", tomado por um grupo de rapazolas no riacho local durante o verão, que indignou as boas famílias transmontanas e provocou igual indignação ao autor do artigo do Mensageiro.
Então se o Louvre cobra entradas, não o há-de fazer o Centro Cultural de Cascais? Isto é alguma selva? Hão-de concordar...

domingo, 20 de julho de 2014

o som e o pesadelo

«Ventriloquist» by Martin Wittfooth, New York
A engraçada noção que persistimos em manter do Verão associado a férias, descanso e à tranquilidade com que todos sonhamos é sistematicamente pulverizada pelas dezenas de festas populares, festivais e eventos com que, abusivamente, as autarquias e as grandes multinacionais bombardeiam tudo e todos, dia e noite, e já em todas as estações.
Péssimo investimento é comprar ou alugar casas junto dos locais habitualmente escolhidos para esse tipo de eventos, sejam eles citadinos ou de lugarejos que viram infernos durante a sua realização. Para esses casos não há lei do ruído que nos valha, não há prevaricadores, não há direitos.
Além de esmagarem a concorrência de qualquer agente cultural com os seus mega espectáculos ao preço da uva mijona ou totalmente gratuitos, impõem a sua versão de «alegria» e «vida em festa» a todos os infelizes que se lembrem de viver num raio de dois quilómetros do acontecimento.
Os motivos que levam os grandes decisores nacionais a flagelar toda a gente com este conceito de boa disposição pública só podem estar relacionados com os métodos de tortura mais corriqueiros de qualquer polícia secreta e repressiva, em que a privação do sono e da tranquilidade serviram para espremer vontades contra os direitos e os desejos dos indivíduos.
Será que a lei da causa e efeito proporcionarão aos responsáveis por este flagelo uma encarnação num mundo reduzido a uma gigantesca coluna de som a pairar pelo espaço?

terça-feira, 20 de maio de 2014

Ortega y Gasset e Cascais



palavras de Ortega y Gasset

"O acanalhamento não é outra coisa senão a aceitação como estado habitual e constituído de uma irregularidade, de algo que continua a parecer indevido apesar de ser aceite. Como não é possível converter em sã normalidade o que na sua essência é criminoso e anormal, o indivíduo opta por adaptar-se ele ao que é indevido, tornando-se por completo homogéneo com o crime ou irregularidade que arrasta." (Ortega y Gasset, «A rebelião das massas»)

que me faz lembrar o comentário do minoritário CC(*) de Cascais sobre o Plano de Pormenor de Carcavelos Sul -- também citou (**) Ortega y Gasset, mas só uma frase (***) mais conveniente do que esta (****)

(*) de 172 537 eleitores inscritos, votaram 65 549 e, no minoritário CC, votaram 28 004, o que dá 16,23% dos votos e não os 42,72% que as lista da CMC apregoam, contando apenas com os votantes, porque o resto não interessa; devem ser todos não-cidadãos...

(**) Em abono da verdade, diga-se que alguém o deve ter feito por ele pois, seguindo atentamente a agenda do executivo camarário que o edil publica em todos os meios electrónicos, com tanto corta-fita não há tempo físico para escrever tanto em tanto lado...

(***) [...]"Ortega y Gasset dizia que “um homem é ele e as suas circunstâncias.” Isto significa que nenhuma ação do individuo pode ser entendida fora de um contexto, de uma circunstância, de uma realidade cultural, social, económica, ou ambiental. [...] (in «Declaração Política da Coligação Viva Cascais sobre o Plano de Pormenor de Carcavelos Sul - May 8, 2014 at 1:07pm», por Carlos Carreiras, na sua página no Facebook)

(****) citação produzida por Carlos Carranca no FB, num contexto muito diferente deste.

domingo, 18 de maio de 2014

crimes públicos


Chegamos a uma crise quando as nossas prioridades foram de tal forma esquecidas e substituídas por valores tão opostos que realmente interessa, que o caos se avoluma à nossa volta.
A situação do projecto para Carcavelos Sul é um desses focos de caos, de erros e enganos que agora se traduzem na forma da pior das soluções que, mesmo assim, alguém tenta ainda justificar e validar, insistindo no erro, no engano, no caminho do caos.
Triste é também ver como alguém tenta validar o erro tendo como único argumento o ataque pessoal aos seus opositores, usando os seus alegados erros para justificar a sua má decisão, o seu mau governo, a sua ausência de soluções e a falta de imaginação, até para aproveitar as soluções apontadas por outros.
Porque o caos também vive em quem usa a sua posição privilegiada para o abuso dos que julga abaixo de si.
A desculpa com os erros alheios não honra ninguém. Pelo contrário, demonstra imaturidade pessoal, social e política, retratando uma acção ou reacção enfraquecida pela falta de convicção.
Como não honra igualmente ninguém o abuso de poder, traduzido na validação de projectos que desfiguram a linha de costa e absorvem os poucos espaços verdes que ainda existem.
Um dia, não muito longínquo, estes atentados poderão ser denunciados como crimes públicos e punidos com mão pesada, como o foram os crimes dos ditadores, que nunca acreditaram que a consciência pública fosse capaz de mudar a lei que protegia a sua impunidade.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

'Street Findings', de Tim Madeira

Tim Madeira (foto: MMF)
Tim Madeira expõe hoje o seu trabalho Street Findings no Farol Hotel, em Cascais. Em colagens e pintura, desmonta restos de posters recolhidos das paredes onde foram colados e volta a montá-los em peças que são novos cartazes, moldados pela sua criatividade.
Os posters sempre me atraíram, dos mais básicos aos mais bonitos, aos eruditos, explica o artista. Não passa um dia que não arranque restos de posters das paredes.
Os restos que arranja, às vezes com centímetros de espessura, são espalhados na relva e descolados, em bocados que depois usa na montagem das suas obras.
Arquitecto de formação, Tim Madeira gosta de encarar a sua produção artística como um hobby.
Faço o que me apetece, quando me apetece, diz, enquanto mostra os restos de posters espalhados por um sofá de palha no jardim de sua casa, que é também o seu atelier. Nunca se ligou a galerias para poder trabalhar à sua maneira e sem compromissos limitativos.
Quando abordou o Farol Hotel para expor o seu trabalho, tinha consciência do contraste entre as coisas que cria e o ambiente sofisticado do local.
Entenderam o conceito muito bem, apesar de não ir lá expor telas muito bem emolduradas, tudo muito certinho, confessa, relatando os seus contactos com Ana Maria Tavares e Raquel Rochete, a directora e a relações públicas do espaço, que aceitaram a sugestão de Ana Mesquita para mostrar o seu novo projecto.

Tim Madeira (foto: MMF)
A empatia e as descobertas que vai fazendo orientam o seu percurso na vida e na arte. Não faz muitos planos, deixa as coisas acontecer e aproveita as oportunidades.
Nascido em Lisboa, em 1955, Tim Madeira pinta desde muito jovem. Queria ir para Belas-Artes, mas o pai convenceu-o a fazer arquitectura e a pintar nas horas vagas.
As colagens começaram por volta dos dezoito anos, com um quadro de imagens religiosas. Ganharam mais expressão com montagens que começou a fazer para um grupo de amigos que se reúne todos os anos no Museu do Arroz.
Comecei a juntar fotografias e outras peças, que junto numa só e depois corto em pedaços, um para cada pessoa, conta, ao mesmo tempo que mostra exemplos do que tem feito. Também fico com a minha parte.
Tim Madeira (foto: MMF)
A sua obra começou a captar o interesse do público com a montagem de candeeiros, peças únicas que vai compondo com diversos materiais.
Herdei um candeeiro da minha avó, que esteve cá em casa anos, sem lhe mexer. Um dia comecei a desmontá-lo e a juntar coisas de vidro, porque lhe faltavam peças e eu gosto de manter sempre alguma simetria nos trabalhos que faço. Pendurei-o em cá em casa, sem eletrificação, nem nada. Na altura não percebia nada de electricidade.
Um amigo pediu-lhe então para fazer uma peça do mesmo tipo para pôr na sua loja. Vendeu-se logo e foi o primeiro de uma longa série que criou reutilizando toda a espécie de materiais.
Tim Madeira (foto: MMF)
Tim Madeira confessa-se desassossegado. Trabalha muito e não gosta de passar um dia sem dar uma pincelada. Sublinha os momentos prazenteiros que resultam do que faz e sente que todas as suas peças carregam um pouco da sua alma, que nem sempre tem de se traduzir por palavras.
Essa forma de entrega, que tão livremente expõe nas suas peças, são com certeza uma das chaves do seu sucesso.
Acho que o meu percurso tem corrido extraordinariamente bem, confessa, com simplicidade, o artista que não gosta de ser vedeta.
Sempre que necessário, ele próprio monta as suas peças em casa de quem as adquire. Aproveita materiais que encontra e que lhe trazem e gosta de usar resinas e papéis à base de água, que não prejudiquem o ambiente.
O resultado é uma forma de expressão generosa e frontal, que não deixa ninguém indiferente. Tim Madeira tem uma força natural e uma visão única, que se mostra nestes Street Findings para ver até finais de Maio no Farol Hotel, em Cascais.
Tim Madeira (foto:MMF)







terça-feira, 24 de setembro de 2013

efeito aleluia

"Alleluia effect" - Guincho, Cascais (foto: MMFerreira)
Cascais acordou hoje no meio de mais uma encenação política para as eleições de domingo: um panfleto de oito páginas, mimetizando as cores e o estilo da coligação que preside a autarquia, utilizado para acusar o executivo em funções.
Introduzindo links e assuntos trazidos a lume pelos independentes, não é difícil pôr o concelho a pensar que a iniciativa é do movimento de cidadania que Isabel Magalhães lidera.
Analisadas as minúcias associadas, e atendendo a que o movimento citado não tem os euros necessários para espalhar maciçamente um panfleto com aquela qualidade por todo o território da autarquia, fica claro que a iniciativa só pode ter brotado de outros, nomeadamente com capacidade económica e maior tradição panfletária, como é o caso de outros dois portentosos adversários do movimento de cidadãos e também do edil local.
Ainda ontem, citando sem inocência o exemplo de Cascais, um professor defendia no jornal Público, a tese de que uma democracia sem partidos é uma ditadura, deitando para isso mão a argumentos que datam do século XIX e dos seus eméritos pensadores. Como se não tivessem passado duzentos anos entretanto, como se outros pensadores não tivessem surgido nesse espaço de tempo e, pior ainda, como se não fosse evidente que as democracias viram ditaduras de cada vez que um partido colhe a maioria dos votos.
Acontece que o desinteresse pelas acções anónimas e ataques espúrios em tempo de campanha faz parte da forma de estar dos cidadãos a quem importa uma convivência social e política saudável.
É o efeito aleluia que procuramos quando escolhemos um movimento como o SerCascais para corrigir o nosso rumo em direcção ao futuro. Não a descida às catacumbas em que os partidos gostam tanto de manter os cidadãos para os afastar de uma vivência plena dos seus direitos.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

o dinheiro e as eleições (ser em vez de ter)

o 
Imagem daqui
Acumular dinheiro tornou-se, na nossa sociedade, um símbolo de sucesso, de poder, de coisa meritória. Há gente diligente que desperta todos os dias com vontade de fazer coisas e põe isso em marcha com acções que produzem riqueza. Essas pessoas são ricas, não apenas em dinheiro, mas no total das suas vidas, que aproveitam para pôr em marcha de todas as formas que consideram úteis e válidas.
Outras pessoas confudem simplesmente o dinheiro com os seus anseios. Em vez de acumularem as coisas que provavelmente os fariam felizes, confundem o símbolo com a finalidade das suas vidas.
O único motivo pelo qual achamos que precisamos de dinheiro é para suprir o desejo que sentimos por coisas que nos podem causar satisfacção e felicidade.
Quando os políticos e outras figuras destacadas da sociedade falam em dinheiro e riqueza estão a referir-se directamente às nossas possibilidades e capacidades para sermos ou não felizes. Usam o símbolo para nos aliciar ou assustar em relação à forma como sentimos a vida. Agradável se tivermos dinheiro, horrível se não for esse o caso.
A geração de riqueza que tantos discursos apregoam não é a multiplicação dos euros ou dos dólares, fracos substitutos das nossas emoções e da nossa vontade de sermos felizes. E são fracos não porque sejam maus, pois são apenas um símbolo neutro, a que nós atribuímos uma boa ou má conotação, conforme o nosso discernimento em determinado momento.
O discurso da riqueza que actualmente se faz é para convencer toda a gente que alimentar um sistema baseado na multiplicação do dinheiro é o grande sentido da vida. Que sem isso tudo o resto desaparece. E, na verdade, se de repente todo o dinheiro desaparecesse, ninguém sucumbiria e, provavelmente, outro símbolo surgiria, ou seria criado, para medir o valor das coisas e das trocas entre as pessoas.
Acontece que as pessoas se sentem cansadas de estar sempre a ser medidas por um símbolo sobre o qual não têm controlo. Que um pequeno grupo monopoliza e manipula para manter toda a gente miserável e na expectativa da felicidade.
O que está mal na política e nos seus representantes é o constante adiar da vida para um futuro que poderá ser melhor se todas as irracionais exigências monetárias forem cumpridas, quando a felicidade está em viver hoje de acordo com o que todos temos e que o dinheiro nunca poderá comprar: a vida e a muito mais terrena capacidade para a gozar agora, com tudo o que ela nos oferece.
Muitos são os candidatos que se apregoam da mudança e contra o actual estado da Nação, da Europa e da crise mundial. O certo é que, até agora, todos eles falam na riqueza que é preciso gerar em tempo de crise, perpetuando os medos e as promessas com muitas palavras que até parecem novas e de esperança. Mas nenhum consegue chamar os bois pelos nomes e propor uma verdadeira mudança.
A única que até agora apresentou uma alternativa concreta é a candidatura de Isabel Magalhães e do movimento por ela criado, o Ser Cascais. Com frequência, refere o Ser em vez do Ter, verbalizando com muita simplicidade o que todos queremos: ser considerados para lá do símbolo do dinheiro e dos seus jogos, recuperados no valor que todos carregamos, sem excepções.
Uma única voz diz o que é necessário para mudar de facto e arranjarmos um novo e satisfatório símbolo para os nossos desejos e para a nossa felicidade. E isso só se consegue ouvindo com atenção Isabel Magalhães e a sua simples proposta: sejamos!
O movimento Ser Cascais não tem dinheiro e não propõe esse símbolo como meta para atingir a felicidade dos cidadãos. Propõe o acesso directo a ela e ao sucesso, independentemente do estado da Nação e da sua adesão negativa a um símbolo que já todos identificam como um negro carrasco sobre as cabeças das pessoas em todo o mundo.
Seria de esperar que uma proposta tão assertiva fosse, no mínimo, replicada pelos outros intérpretes da política. Para o que seria preciso que entendessem a sua própria escravidão ao símbolo e ao significado que lhe atribuem. Mas isso não acontece, porque são pessoas que não se levantam todos os dias com gratidão por estarem vivas e com entusiasmo por cada momento em que são, em que existem. São pessoas que sentem o jugo e a pressão, não tendo muito mais consciência do embuste em que incorrem do que os demais cidadãos.
No caso de Isabel Magalhães, o Ser em vez do Ter, e da sujeição implícita, basta para justificar a enorme fé que tem na vida e nas capacidades de cada indivíduo. O seu trabalho não é político no sentido convencional e degradado do termo. É o de apontar um caminho e exibir os seus bons resultados pessoais como exemplo de que uma atitude diferente compensa e recompensa.
É uma mudança de consciência que já está à nossa frente. Não chega avisar os políticos que as pessoas já estão conscientes dos seus jogos e dos seus logros. Impõe-se mudarmos a nossa atitude e gozar os frutos dessa mudança, de Ser em vez de Ter. 
A diferença está em ser de imediato como se deseja ou procurar ter qualquer coisa que só pode ser um fraco símbolo ou substituto do que realmente queremos.

terça-feira, 9 de julho de 2013

rumores de cascais: as boas escolhas

Isabel Magalhães (Foto de Ivan Capelo)
Quando um amigo se levanta para tentar mudar alguma coisa que todos vemos que não está bem, que espécie de pessoas seríamos se não nos levantássemos também para fazer o mesmo e não o deixar  sozinho a fazer o trabalho de todos?
Mais, se conhecemos esse amigo, se sabemos que a mentira não faz parte da sua vida, que se afasta de tudo o que não lhe parece claro e ainda te estende a mão para te mostrar que tudo tem conserto, que pessoas seríamos se não honrássemos o trabalho e a dedicação que essa pessoa põe na recuperação de um sonho que também é nosso?
Nesta altura, esse amigo é uma mulher que não faz parte de nenhum feudo de partidos que, grandes ou pequenos, têm hábitos e comportamentos de alcateias especializadas nas artes predatórias. Que não participa dos seus mirabolantes esquemas de exploração e domínio de seres humanos, que tem experiência e capacidade para gerir bens e destinos sem disso necessitar para a sua subsistência ou sucesso pessoal. Que acredita as capacidades individuais de todos e que não se deixa intimidar pela propaganda da desgraça. Que não tem apetência pela corrupção e não cede à coacção do poder instituído.
Essa mulher é, com absoluta certeza, uma ameaça para aqueles que, ao cabo de décadas, se habituaram a viver, e muito bem, a custa dos outros e do seu trabalho. É uma ameaça para os que nos ameaçam com as suas práticas desumanas e usurárias. E que acreditam poder, apesar disso, manter-se sem consequências de maior na sua vida privilegiada e parasita.
A mulher de que falo tem um plano, uma visão da vida que nos abrange a todos, que nos integra a todos de uma forma mais justa. Uma proposta de não mais deixar que a riqueza de todos sirva para enriquecer um punhado e não para cuidar de todos e multiplicar as suas hipóteses de uma vida plena e bem estruturada.
É nessa mulher que vou votar. E não em qualquer dos grupos que, como quadrilhas de malfeitores, distribuem entre si os territórios e a riqueza, sem qualquer espécie de ambição que não a de desbaratar o fruto das suas rapinas em luxos que confundem com o significado da sua existência neste mundo.

boca de cena

O trabalho é sempre muito, mas os resultados entusiasmantes. O Gil Cruz aposta nos seus deliciosos bonecos, símbolos e jogos de cor.
'Ensaio Geral' de Gil Cruz (Acrílico s/ tela)
'Ensaio' de Marita Ferreira (Aguarela s/ papel)
Marita Ferreira numa versão mais fantasiosa e envolvente com os seus 'bonecos' em ambiente teatral. Vão mostrar o seu projecto no Teatro Mirita Casimiro, no Monte Estoril.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

propaganda e justiça nas autarquias

(Ilustração daqui)

Quando surge oposição, a primeira coisa que os regimes totalitaristas fazem é criar mais uma dezena de núcleos de opositores, só para confundir o povo. É o que parece estar a acontecer agora em Cascais.
A seguir ao lançamento da primeira candidatura e do respectivo movimento, ainda o ano passado, o importante foi lançar mais movimentos aliados às candidaturas, ainda que um candidato apoiado por um dos partidos da situação não possa ser considerado um movimento senão em termos de propaganda.
Também para evitar originalidades, todas as candidaturas optaram por incluir o nome de Cascais na sua propaganda e, depois do Ser Cascais, apareceram o Viva Cascais, Liderar Cascais, Cascais para todos e Todos por Cascais. Assim, não há dúvida que os cidadãos poderão distinguir inequivocamente o movimento que mais lhes enche as medidas.
Os socialistas, que este ano apresentam como líder um homem de direita e com muitos antagonistas óbvios no concelho, optaram por o apresentar quase com honras de estadista, numa cerimónia apadrinhada pelo líder do partido que, por mero acaso, está casado com uma funcionária da associação de farmácias que o candidato dirigiu durante décadas, e um general e ex-presidente que, se até agora ainda gozava de uma fama de razoável honestidade, já a perdeu num qualquer jogo de interesses que o levou a aceitar a tarefa de mandatar a campanha de um lobo em pele de cordeiro.
A CDU, que nunca teve em Cascais um berço natural para as suas lutas de classe, muito embora tivessem saído das casas das tias e dos tios da linha muitos dos membros do partido comunista, que também escolheram o concelho para viver, reclama com naturalidade a terra a si e a todos. Com alguma coerência, apesar de tudo.
Outros, mais indecisos, bateram com a porta nos respectivos partidos de direita, engrossaram as fileiras dos independentes, arrependeram-se e lançam agora o Todos por Cascais e seja o que Deus quiser. Amén.
Os bloquistas, que manobraram aqui e ali para se aliarem a alguns independentes, ainda não enterraram o seu estandarte em nenhuma colina local, pairando ainda a dúvida sobre as suas pretensões a concorrer à autarquia isoladamente. A ver vamos com que linhas se cozem até ao anúncio da data das eleições e apresentação das candidaturas.
A coligação PSD/PP, a tentar fugir à péssima imagem criada por este governo, investiu num Viva Cascais populista e demagógico, de campanha inteiramente paga à custa dos contribuintes, cascalenses e não só, sem que nada nem ninguém se lhes oponha. Sem que voz alguma ou estranheza se manifeste. Será que acreditam mesmo que os votos vão continuar a beneficiar o poder e, portanto, mais vale não atrair as más intenções dos poderosos? Seja como for, custa ver os dinheiros públicos gastos em campanha e não em benefício da população e da sua qualidade de vida, como em qualquer república bananeira com vocação para alojar paraísos fiscais.
Confusão assente, a verdade é só uma: os portugueses não gostam dos partidos, por isso este travestimento em movimentos que até podem induzir honestos votantes a pôr a cruzinha nos responsáveis pelo descalabro que se instalou a seguir ao 25 de Abril. Porque a verdade é que, afastadas as grandes famílias no poder durante o regime salazarista, foram os seus primos direitos e tortos que organizaram as novas forças políticas e concertaram o novo regime de exploração popular.
Tão bem o fizeram, que os verdadeiros candidatos independentes têm de gastar do seu dinheiro até ao anúncio da data das eleições pela CNE para se constituírem como uma candidatura e poderem então apresentar contas (sem retroactivos nem reembolsos) do investimento que fizeram para representar os outros cidadãos. E de todas as candidaturas actuais para Cascais, apenas uma (Isabel Magalhães/SerCascais), paga do seu bolso e de nenhuma máquina partidária as suas contas, por sua conta e risco.
Como a justiça é um conceito difícil de abranger, esses mesmos independentes pagam tudo com IVA a 23%, de que os partidos estão isentos nas suas despesas de campanha. Depois dos votos, todos os candidatos repartem os 25% igualmente e os restantes 75% da subvenção estatal para este fim são distribuídos na proporção dos resultados eleitorais obtidos para a assembleia municipal. Atenção, portanto, aos votos brancos que depositam nas urnas e que contam para o indevido proveito dos partidos.
Em 2009 a abstenção no concelho de Cascais foi de 55,93%, ou seja, em 160.300 eleitores inscritos, menos de metade deixou o dinheiro dos seus impostos e o seu destino entregue a pessoas que obtiveram apenas 37.456 votos (CDS/PP), 18.835 (PS), 6.498 (PCP/PEV), 4,426 (BE), 493 (PPM), 310 (PCTP/MRPP), 286 (PNR).
Em abono da verdade, se o mesmo número de pessoas que se manifestou nos últimos protestos contra a situação sair da cadeira para ir votar em Cascais, as probabilidades de mudar alguma coisa são excelentes, apesar da campanha maciça de desinformação e de dispersão dos média, que se concentra em aterrorizar os cidadãos para que não percebam que são roubados por pessoas a quem pagam para gerir o seu dinheiro em forma de serviços públicos de que são beneficiários e nunca devedores.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

gritos de ajuda

Michelle Obama teve direito a mais pano na parte superior do vestido na foto da cerimónia de atribuição dos Óscares distribuída no Irão. Em Angola, aquando da sua candidatura à presidência, Hillary Clinton foi interpelada por um estudante que queria saber o que o marido, Bill, pensava sobre o facto. Isabel Magalhães, do Movimento Ser Cascais, teve direito a um "tiro" na testa, barba farta, nome travestido para o masculino e um coração negro em lugar do "sem" partidos.
Continua enraizada a crença de que a política é coisa para homens de barba rija e perigosa para o sexo fraco. A mudança assusta, sobretudo quando feita no feminino e demarcada dos interesses estabelecidos.
O mais caricato é verificar como esse susto cresce de forma igual entre gente que não partilha a mesma visão solidária e reparadora do que aflige as sociedades actuais, e gente que, mesmo sofrendo ou por isso mesmo, não se concede o direito de mudar.
Em Cascais, Isabel Magalhães propõe um novo modelo: governo local de independentes, divorciados de filiações partidárias e outras. Ou seja, quer mostrar que governar sem o jugo do compromisso de grupos de interesses vários é o condimento essencial para mudar o desastroso estado de crise financeira e social. Quer arrumar a casa e provar que o dinheiro de todos é mais do que suficiente para transformar o concelho num exemplo a seguir. E que o que está mal é que o dinheiro de todos esteja, há décadas, a servir para enriquecer franjas parasitárias da sociedade.
No dia a seguir à inauguração informal da sede da sua candidatura, um cartaz lança um aviso à mudança. Um grafiteiro, provavelmente desempregado e sem perspectivas, desenhou os contornos dos medos colectivos no cartaz colocado à porta da sede. O vandalismo gratuito toma o lugar da esperança, e soa como um pedido de ajuda. Atacado o mensageiro e a mensagem, o que se segue?
A mudança assusta, sobretudo quem grita por ela.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

maria-café

Foto MMF - Cascais 2011
Estava uma maria-café no muro.
(Diplópode (ou diplópodo, milípede ) é qualquer organismo da classe Diplopoda do filo dos Artrópodes que inclui os embuás, piolhos-de-cobra e gongôlos (no sul de Moçambique, congolote). São vulgarmente conhecidos em Portugal por maria-cafés (na Madeira por bichos-de-vaca ou vacas pretas).
São animais herbívoros (Diferentemente dos Quilópodes) e detritívoros, isto é, se alimentam de detritos, como matéria vegetal morta. Quando se sentem ameaçados, os diplópodes enrolam-se, fingindo-se de mortos. Em outras situações, eliminam substâncias repelentes que afastam predadores, como o cianeto de hidrogênio. O corpo dos diplópodes é dividido somente em cabeça pequeno tórax e um longo abdome segmentado.
Possuem um corpo cilíndrico, com um par de antenas, olhos simples e dois pares de patas locomotoras por segmento (que podem variar de 20 a 100) e seu sistema respiratório é traqueal. Sua reprodução é sexuada. Todos os diplópodes são ovíparos.
Os Diplópodes antigamente pertenciam à classe dos Miriápodes, junto com os Quilópodes. As diferenças entre as duas novas classes são que Quilópodes tem forcípulas (que inoculam veneno), Diplópodes tem antenas; Quilópodes são carnívoros, Diplópodes são herbívoros; Diplópodes são cilíndricos,Quilópodes são achatados; Quilópodes tem 1 par de patas por segmento, Diplópodes tem 2 pares de patas por segmento. -  Fonte: Wikipédia)