sábado, 31 de janeiro de 2009

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

a vida segundo muñoz



Passeando pela retrospectiva de Juan Muñoz em Serralves como num universo paralelo, podemos apanhar-nos a espreitar momentos que não nos pertencem, mas em que reconhecemos sensações familiares.
Há a agonia das figuras suspensas pela boca e em constante movimento sobre si próprias, abandonadas à impotência perante um mundo que não se domina. E um momento de harmonia libertadora sugerido pelo mesmo movimento que, pela sua inevitabilidade, ilustra a sujeição de tudo e todos a um ritmo universal.
Junto à janela, as figuras com a metade inferior resumida a um saco informe e imobilizador, a lembrar os pesadelos infantis em que o pânico nos assalta e não logramos vencer o peso que nos prende ao mesmo sítio. No entanto, as esculturas inclinadas e de rostos quase inexpressivos ordenam-se num peculiar instantâneo de acções que não chega a desenrolar-se. A janela aberta sobre o jardim dá-lhes um sentido adicional nesta mostra.
Uma pequena multidão de homens cinzentos, rostos sorridentes e idênticos, remete-nos ao uniformidade do colectivo, às pequenas perdas momentâneas de individualidade. O que se altera de imediato quando as observamos de cima e tomamos consciência do papel único de observadores, benesse conferida pela organização do espaço da exposição.
Continuamos a espreitar por buracos de fechaduras ao ouvir repetidamente um diálogo em frente a duas pequenas figuras sentadas lado a lado, viradas para a parede ou sentadas em círculo com tambores de silicone à maneira de extensões dos corpos, armários povoados de objectos e pequenas esculturas, navalhas de ponta em mola escondidas em corrimões.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

coisas do mercúrio



Deve ser do mercúrio retrógrado, que possívelmente afecta mais os meus neurónios que os dos comentadores políticos. O certo é que achei toda a cerimónia de posse triste, triste, triste. Se me tivessem dito que era um velório, tinha acreditado, juro que tinha.
E os comentadores, numa excitação, a falarem do que poderá ou não mudar com Obama. Para já, o homem não mudou coisa nenhuma. As pessoas sim, mudaram. Tanto mudaram que o puseram lá. Será isto difícil de perceber?
Em vez de alegria, vi muita gente taciturna e muita invocação de Deus à maneira das igrejas evangélicas norte-americanas, o que só me fez pensar o que vai de facto mudar, e se calhar para pior, com tanto espírito religioso à solta pela nação mais poderosa do mundo.
Porque a verdade é que nada há de inovador e revolucionário nessas igrejas e nas atitudes por elas moldadas. Será que nos preparamos para mais uns valentes retrocessos sociais em nome do que é bíblico e rígido da fé cega da maioria dos crentes norte-americanos?
Depois, até parece que Deus prometeu a liberdade apenas aos negros, especialmente aos da América do Norte. E que a constituição norte-americana de repente virou verdade porque se elegeu o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
Até a "tolerância" apregoada me fez arrepios. Não desejo ser tolerada, pelo amor da santa...
E os jornalistas a insistir no registo de excitação e entusiasmo, que não vi em lugar nenhum. Deve ter sido o mercúrio retrógrado...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

meia chávena de café com leite

Não sei quem é que inventou essa tolice redutora da proactividade, que só serve para manter dependências obscuras nas relações laborais. Provavelmente, algum tiranete saído da nova vaga de neo-escravos da produção em massa com aspirações a mago das boas práticas executivas.
Mais desconfio que devem pôr aditivos no café e no chá, para manterem os colectivos neurónios numa espécie de sintonia ansiosa: agradar-agradar, mostrar-provar, pro-actuar, pro-mostrar, agradar-agradar.
Fico-me, pessoalmente, por uma meia chávena de café com leite de manhã, em silêncio. O resto do dia é para me sentir bem, para de vez em quando para ouvir o vento e assistir à distância aos frenesins dos outros.
Será que têm consciência da figura que fazem na correria por vidas que nunca quiseram?

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

receita

acreditasse eu na palavra felicidade... e acertaria nas medidas :)
felicidade tem uma sonoridade muito própria, reverbera-me pelos ouvidos e cabeça de forma muito peculiar. negativa.
fico-me com: alegria, contentamento, euforia, desafios, ...
(kasca de noz)

Um dia decidi ser feliz. Assim, sem mais nem menos, cansei-me da angústia, da pressão, da tristeza e de todas as coisas que não queremos para nós nem para os outros, mas que teimamos em arrastar atrás de nós uma vida inteira.
E comecei a ser feliz. Com toda a simplicidade, tomei uma decisão e passei a viver de acordo com ela.
Se há ano e meio atrás me dissessem que a felicidade é apenas uma questão de optar por uma forma de estar na vida, teria achado que ainda há mais maluquices entre o céu e a terra do que nos dão a ver os nossos olhos.
O certo é que a solução é tão simples que nos parece completamente inverosímil. Estamos tão habituados a cultivar o negativo que nem nos lembramos da hipótese contrária.
Afinal, se passamos tanto do nosso tempo a desejar a felicidade, por que razão não pomos esse desejo em prática? O que nos impede? E quem e o quê?
Nada. Absolutamente nada. A felicidade está aí para ser vivida, tal como milhões de outras coisas que nos interessam ou não. Por que raio de tortuoso malabarismo mental nos consideramos tão incapazes de viver em felicidade?
A resposta a essa pergunta já não me interessa. Porque deixei de me questionar e desejar para me deixar, tout court, arrastar pela vivência do que realmente busco e me apaixona.
Essa foi a minha receita para a felicidade, que aqui passo à Ka, que não acredita na palavra.
Tenho para mim que as palavras são mágicas e que quando elas nos apaixonam, tudo é possível. Tenho para mim que tu, Ka, que tanto gostas de palavras e que deixas que elas te apaixonem, também podes ouvir esta palavra felicidade da forma que eu a ouvi e deixar que ela te soe como tanto gostas que as palavras te soem.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

palavras felizes

Hoje acordei feliz. Nem sei bem porquê, mas feliz.
O Natal também foi feliz, passado como o desejei, com as pessoas que queria rever. Nem sempre é possível, mas este foi assim, bem disposto e sereno.
Não corri para comprar uma única prenda, não recebi enormidades, mas fui abraçada, mimada e contemplada com conversas longas, temperadas com muitas pequenas provas de amizade.
Gastei muitas palavras, como gosto. Ouvi muitas mais, como também gosto. Haverá melhor forma de encerrar um ano?

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

entre extremistas

Um novo ataque terrorista em Bombaim faz as parangonas dos meios de comunicação social em todo o mundo. Entre a crise provocada pela ditadura da economia e estes actos igualmente extremistas, há gente anónima que tenta manter as suas vidas a um ritmo normal, nesta guerra de poderes que cilindra inocentes.
Não há, contudo, nada de inocente no massacre aparentemente aleatório entre estes dois extremismos: o da voraz economia orientada para a exploração intensiva de todos os recursos humanos e materiais, e o da alucinada resposta de terroristas, nacionalistas ou lá o que valha.
Afectam-se vidas e felicidades em nome de ideais que não são, felizmente, os da maioria das pessoas. A vida continua longe da luta de poder e cabe-nos a nós, gente anónima, prosseguir as nossas vidas longe dos conflitos megalómanos criados por quem, com toda a certeza, não tem tempo a perder com as pequenas alegrias e conquistas de uma vida normal.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

qual crise qual nada

Ai a crise, ai a guerra...
Que seria da economia sem uma guerra?
Dos transportes ao fardamento, manutenção, alimentação, alojamento, armamento, IT e engenharia, uma guerra é um maná para os negócios.
E depois da guerra, a reconstrução continua a ser uma boa oportunidade de negócios.
Quando a economia está boa, não são precisas guerras.
Não sei para que é tanto alarido quando tudo se planeia tão cuidadosamente em torno das melhoras ocasiões para fazer dinheiro.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

parabéns, pa



Passam-se anos sem que a gente diga o que é realmente importante às pessoas de quem gosta e a quem ama como é difícil amar outras pessoas.
Falo, claro, do meu pai, na foto. A gente tem o amor dos pais por garantido e raramente se dá ao trabalho de dizer que esse amor é retribuído.
Hoje, no dia do seu aniversário, aproveito para dizer que o amo - e acho que é a primeira vez, que a preguiça dos filhos na verbalização destas coisas é sempre inacreditável.
Amo-o sobretudo pela capacidade que ele tem de amar, sempre a dar a impressão de durão distraído que não liga a essas coisas.
A verdade é que ama e amou sempre a sua família de seis mulheres tagarelas, rezingonas, com mau feitio, tolas, irrequietas, inconformadas, exigentes, com propensão para o drama, para as grandes paixões e para os sonhos impossíveis.
Dele herdei as mãos fadadas para o desenho e para a pintura, os rompantes de mau génio e a teimosia. E muitas outras coisas em que, com o tempo, nos reconhecemos nos pais.
Lembro-me da expressão da cara dele quando, depois de horas perdida no mar ao largo de Inhambane, me viu chegar finalmente à ponte de cais no navio da guarda costeira.
Lembro-me das caçadas à noite, sentada ao lado dele no Land Rover, do chá gelado e dos bolinhos de arroz quando amanhecia e se parava no meio de uma picada. Lembro-me de o espreitar de madrugada, quando saía e ainda toda a gente dormia. Da carrinha azul que arranjou para nos levar a nós e às outras crianças para a escola que ficava a quatro quilómetros todos os dias. Dos passeios pela praia a apanhar conchas e do cheiro do líquido com que o ajudávamos a limpar a colecção que ocupava quase todos os móveis do escritório. Das saudades que até davam vontade de chorar quando esteve colocado no Norte de Moçambique e longe de nós.
Lembro-me sempre de imensas coisas e hoje em especial, porque faz anos e estou à espera de o ver online, pela webcam do portátil, para lhe dar os parabéns (não julgues que te escapas).
Feliz aniversário, Pa!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

a beleza



Surpreende-me a beleza contida em coisas simples. Surpreende-me o amor que suscita, a felicidade com que nos inunda. Quando os meus olhos encontram o belo, qualquer coisa desperta em mim, como se um sentido oculto se me revelasse nesse momento. E é com amor que partem os meus olhos para outros destinos. É com amor que prossigo a minha vida.

domingo, 21 de setembro de 2008

colonização do império

No passado dia 1 de Setembro, o canal de televisão britânico Channel 4 transmitiu o documentário "Undercover Mosque: The Return". Uma repórter muçulmana, com uma câmara escondida, dirigiu-se à maior mesquita londrina, em Regent's Park, para se juntar ao grupo de mulheres que ali assiste regularmente à cerimónia religiosa numa galeria separada dos homens. A seguir, horas de doutrinação, com Amira, uma muçulmana educada na Arábia Saudita, a instigar simplesmente à morte de todos os que estão contra o Islão - cristãos, que segundo ela são repugnantes, mulheres adúlteras, homossexuais e pessoas que abandonam a fé muçulmana. "Kill, kill, kill", é a frase com que a doutrinadora termina cada explicação e exemplo.
O documentário mostra também o acolhimento, na mesma mesquita, de grupos de jovens e pessoas de outros credos, no âmbito de um programa que teve o aplauso do governo britânico e destaque nos principais meios de comunicação social do país. A iniciativa destina-se a dar a conhecer o Islão aos não muçulmanos para uma melhor integração entre as diferentes comunidades. A seguir às sessões, o discurso da doutrinadora muda radicalmente e volta ao original catecismo extremista e instigador de violência.
O documentário é uma visão parcial e desconcertante da Inglaterra de hoje, em que vários grupos religiosos, que não apenas os muçulmanos, ao abrigo das estritas leis britânicas de defesa dos direitos à liberdade de culto e de minorias, usam esses mesmo direitos para se instalar na Grã-Bretanha, doutrinando e instigando contra as liberdades de outras minorias.
Igrejas de todas as denominações proliferam por todo todo o lado. Há uma constante circulação de grupos, missionários e crentes que, com vistos de estudantes, multiplicam os seus números com imigrantes de todas as nacionalidades e de todos os cantos do mundo. Não se sendo britânico ou europeu, os estudantes só podem trabalhar um máximo de 20 horas semanais, cobrindo os grupos e comunidades religiosas parte das suas necessidades básicas com alojamento mais barato e trabalho prestado dentro das comunidades, muitas vezes em condições muito pouco dignas, mas validadas pelo "espírito de missão".
O afluxo de imigrantes não qualificados, tornado em mão-de-obra barata, tem as simpatias das grandes cadeias retalhistas do Reino Unido, que o usam como uma "best practise" de "management" e as tornam mais competitivas em relação ao comércio tradicional. No entanto, a força de trabalho barato que parecia ser um "eldorado" para economia britânica já a sentir os efeitos da recessão global, está a revelar-se um acelerador da crise económica e das mudanças irreversíveis da nova ordem mundial.
Quem ganha pouco também compra pouco e isso não se aplica apenas aos imigrantes. Os cidadãos britânicos com poucas qualificações vêm-se agora obrigados a competir em termos de igualdade com a mão-de-obra barata e também estão a perder o seu poder de compra, obrigando as empresas a ainda maiores medidas de contenção para manter os seus lucros à tona.
Entre a religião e a economia, o Império Britânico enfrenta hoje uma das maiores vagas colonizadoras de que há memória, em consequência directa das conquistas sociais das últimas décadas.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

à sombra



Gosto das sombras e do repouso que me proporcionam. Não há reflexão nem renovamento sem a frescura e o isolamento da sombra. Ficar na sombra é uma atitude sensata, amadurecida e reveladora.
Descanso, penso, sonho, escrevo e pinto na sombra. Nenhum outro lugar me oferece o que tenho na sombra.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

mostro-me aqui



Mostro-me aqui - o meu universo azul (óleo sobre cartão)- num instantâneo do que me acode ao pensamento. Rostos e segmentos, fragmentos de cor e forma, peças de um puzzle à espera de conclusão.
É um quadro em movimento, sempre em (r)evolução. As palavras são demasiado lentas para acompanhar este universo. Enquanto o meu olhar se fixa numa das suas ínfimas parte e verbaliza o seu conteúdo, inúmeros outros segmentos já se mexeram, desapareceram ou se transformaram noutros.
É impossível fixar neste instantâneo a realidade, pois no começo era uma coisa e durante as pinceladas apenas se apanham fragmentos e, ao terminar, já não é nada do que fica na tela.

domingo, 14 de setembro de 2008

ausências

Perdoem-me se me ausento. De facto, não saio daqui, não abandono jamais quem amo. A minha alma precisa, no entanto, de viajar. De caminhar sem rumo por sítios que ainda não conhece. Precisa de se deixar encantar e embalar pela beleza, pela aventura, pelo que ainda lhe falta descobrir.
Não é nada de grandioso, nem perigoso. É apenas um abandono necessário, ao encontro dos meus anseios. Na verdade, recomendo-o a todos.
Andar pelas nuvens é apenas mais um caminho, traçado em paralelo com as rotinas do dia a dia. É durante esses passeios que nos é dado apreciar o tanto que temos e que perdemos de vista na curta contagem dos passos que damos todos os dias na vida do imediato.
Saber que também calcorreamos outras estradas é essencial para nunca nos perdermos nas pequenezas diárias. É reconhecer a nossa riqueza interior e ganhar a experiência que às vezes nos falta para a reconhecer nos outros.
Por isso, não me levem a mal que me ausente. No fim, regresso a vós com uma mão cheia de coisas importantes. Como os sorrisos, os sonhos, a felicidade, a paixão.
Não é justamente assim que me querem?

sábado, 13 de setembro de 2008

o novo e a liberdade



Gosto de estradas, de caminhos, da liberdade do desconhecido, de todas as escolhas que ainda não fizemos.
Gosto de seguir em frente, pela noite dentro, sabendo que para lá das luzes existe todo um mundo que ainda não conheço.



quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Os xamãs de hoje

Na secura do materialismo dos dias de hoje, os artistas são os únicos xamãs aceites e autorizados pela sociedade. Repositórios de conhecimentos esquecidos e ligações misteriosas com mundos paralelos de imensa riqueza, materializam-nos em manifestações artísticas que nos devolvem visões surpreendentemente belas, equilibradas e arrebatantes da realidade.
Em oposição a quem considera a arte fútil e inútil, quando vejo as multidões que acorrem a concertos, espectáculos e outras realizações criadas por gente capaz de ver e viver além da parca economia de sobrevivência, regozijo-me sempre com a eterna capacidade para sonhar e reinventar a realidade de que são capazes os artistas.
Toda a gente sabe que a arte não dá de comer porque o ouve repetidamente ao longo de toda a vida. No entanto, poucos são os que resistem ao arrebatamento de uma canção, de uma representação, de uma pintura, de palavras ditas e escritas.
É magia, sim, essa forma de comunicar com o que dentro de nós explode quando se encanta com uma peça artística. É magia essa coisa de pegar em sentimentos, objectos inertes, irracionalidades e transformá-los em coisas que fazem sentido, sendo embora intraduzíveis mesmo quando é nas palavras que desenrolam a beleza pela qual todos suspiram.
É magia essa capacidade de apelar com tanta autoridade ao que dentro de cada ser humano grita por algo mais.
O artista é o xamã que, com olho mágico, escrutina a alma e arranca dela ansiedades incontroláveis, desejos profundos, novas visões. Momentaneamente despojado das amarras materiais, mergulha no inconsciente colectivo como um caçador de pérolas para trazer à superfície minúsculas porções de riqueza.
Pode passar uma vida inteira sem o reconhecimento material do seu trabalho ou dos seus pares, mas dedica teimosamente toda a sua energia ao que é a sua função nesta vida. O seu trabalho aparentemente irracional e louco completa lacunas e é em geral tolerado. De vez em quando, censurado, porque também há quem nele intua a capacidade de uma arma. Não das que tiram vidas, mas das que a renovam e revolucionam.
Sem o peso do controlo humano que onera crenças e religiões, o xamã-artista circula quase livremente entre nós, contribuindo decisivamente para a contínua transformação de ideias e conceitos. É um visionário cujo rótulo de inutilidade é, de facto, o seu melhor escudo contra o controlo do estabelecido.

e o sonho?

Gosto de olhar para cima, assim como na fotografia do cabeçalho. Levantar os olhos é assim como levantar a alma, elevando-a até à altura daquilo com que sonhamos.