Há coisas que não se fazem, outras que são obrigatórias, nem que seja pelos dedos que se apontam ao abrigo de estados de consciência que vão e vêm como modas. Há portas e janelas que se fecham e abrem como as das casas assombradas, de prisões de todo o tipo, de saídas de emergência e por aí adiante.
Só podem ser correntes de ar, redemoinhos sem eira nem beira. Manifestações incompreensíveis de vontades e atributos cujos desígnios são como os dos deuses e de outras entidades que se nomeiam à la carte. Medos e certezas talhados mais pela imaginação do que pelo conhecimento das regras que regem todas as coisas.
Há portas e janelas, sim, mas também uma ignorância total daquelas que se devem abrir ou fechar. E ainda há o que cai ou não cai no goto, o instinto que declara alertas e os estados de coragem que ditam acções inebriantes e uma fé inexplicável nos bons desenlaces.
Temos esta vida que parece uma viagem psicadélica de causas e efeitos sem controlo aparente. E temos, obviamente, a possibilidade de a viver trancando todas as portas e janelas para fugir às correntes de ar.
São escolhas intermináveis e também a escolha de não assumir qual fazer. Na ignorância, podemos viver, simplesmente, como uma garrafa sacudida pelas ondas que não sabe a que praia chegar.