terça-feira, 20 de maio de 2014

entrega

Catherine Ahnell
Voar sem receio algum numa explosão que nos arrebate, que nos lance como uma bala pelo desconhecido. Tal é o destino do amor. Da aceitação do que nos atrai, sem jamais sabermos onde vai dar. Não é para todos. Apenas para os que conhecem a extensão do arrebatamento, o sabor da corrida para o abismo, a exaltação até ao que parece quase uma loucura suicida mas é, simplesmente, a capacidade de entrega.

Ortega y Gasset e Cascais



palavras de Ortega y Gasset

"O acanalhamento não é outra coisa senão a aceitação como estado habitual e constituído de uma irregularidade, de algo que continua a parecer indevido apesar de ser aceite. Como não é possível converter em sã normalidade o que na sua essência é criminoso e anormal, o indivíduo opta por adaptar-se ele ao que é indevido, tornando-se por completo homogéneo com o crime ou irregularidade que arrasta." (Ortega y Gasset, «A rebelião das massas»)

que me faz lembrar o comentário do minoritário CC(*) de Cascais sobre o Plano de Pormenor de Carcavelos Sul -- também citou (**) Ortega y Gasset, mas só uma frase (***) mais conveniente do que esta (****)

(*) de 172 537 eleitores inscritos, votaram 65 549 e, no minoritário CC, votaram 28 004, o que dá 16,23% dos votos e não os 42,72% que as lista da CMC apregoam, contando apenas com os votantes, porque o resto não interessa; devem ser todos não-cidadãos...

(**) Em abono da verdade, diga-se que alguém o deve ter feito por ele pois, seguindo atentamente a agenda do executivo camarário que o edil publica em todos os meios electrónicos, com tanto corta-fita não há tempo físico para escrever tanto em tanto lado...

(***) [...]"Ortega y Gasset dizia que “um homem é ele e as suas circunstâncias.” Isto significa que nenhuma ação do individuo pode ser entendida fora de um contexto, de uma circunstância, de uma realidade cultural, social, económica, ou ambiental. [...] (in «Declaração Política da Coligação Viva Cascais sobre o Plano de Pormenor de Carcavelos Sul - May 8, 2014 at 1:07pm», por Carlos Carreiras, na sua página no Facebook)

(****) citação produzida por Carlos Carranca no FB, num contexto muito diferente deste.

domingo, 18 de maio de 2014

crimes públicos


Chegamos a uma crise quando as nossas prioridades foram de tal forma esquecidas e substituídas por valores tão opostos que realmente interessa, que o caos se avoluma à nossa volta.
A situação do projecto para Carcavelos Sul é um desses focos de caos, de erros e enganos que agora se traduzem na forma da pior das soluções que, mesmo assim, alguém tenta ainda justificar e validar, insistindo no erro, no engano, no caminho do caos.
Triste é também ver como alguém tenta validar o erro tendo como único argumento o ataque pessoal aos seus opositores, usando os seus alegados erros para justificar a sua má decisão, o seu mau governo, a sua ausência de soluções e a falta de imaginação, até para aproveitar as soluções apontadas por outros.
Porque o caos também vive em quem usa a sua posição privilegiada para o abuso dos que julga abaixo de si.
A desculpa com os erros alheios não honra ninguém. Pelo contrário, demonstra imaturidade pessoal, social e política, retratando uma acção ou reacção enfraquecida pela falta de convicção.
Como não honra igualmente ninguém o abuso de poder, traduzido na validação de projectos que desfiguram a linha de costa e absorvem os poucos espaços verdes que ainda existem.
Um dia, não muito longínquo, estes atentados poderão ser denunciados como crimes públicos e punidos com mão pesada, como o foram os crimes dos ditadores, que nunca acreditaram que a consciência pública fosse capaz de mudar a lei que protegia a sua impunidade.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

abril, messias e medos: grão a grão, a revolução

foto daqui
Há quarenta anos uma reivindicação de capitães milicianos tornou-se numa grande revolução popular, hoje celebrada como uma data messiânica em que tudo se pode tornar possível. Enquanto as festas se multiplicam na rua, o grande irmão à portuguesa espreita na sombra os sinais de sublevação que orientam os medos de todos os poderosos: as mil e uma maneiras de serem atacados pelos não poderosos.
Abril tornou-se um novo natal de elevadas expectativas e muitas e garantidas decepções. Mais uma vez, a escolha de quem sonha se deposita num dia milagroso em que tudo pode acontecer. Juntam-se nas praças e nas ruas, pronunciam palavras de ordem como quem esconjura demónios e, no fim do dia, afogam sonhos em telenovelas e no território familiar das almofadas.
A revolução estaria em fazer todos os dias o esconjuro, à média de um pequeno gesto de protesto por dia que, multiplicado por dez milhões de portugueses, durante todos os dias do ano, daria nada mais, nada menos que 3 650 000 000 de úteis protestos anuais.
Um número assim tem significado. Respeitando, ainda por cima, a escolha de cada um no seu gesto de protesto diário. E imaginem os múltiplos medos provocados nos olheiros dos governos e das conspirações planetárias contra todos os sofredores deste mundo...
Abril, magia, esconjuro, juro que assim seríamos muito mais eficazes. Grão a grão, faríamos a revolução.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

a consciência de Bruno



"A ordem e o poder da luz e das trevas não são iguais, pois a luz difunde-se e penetra as trevas mais profundas, mas as trevas não alcançam as mais puras regiões da luz.Assim, a luz compreende a treva, domina-a e conquista-a, através do infinito." - Giordano Bruno, 1591
A consciência do que é de facto a realidade custou a Bruno a sentença de morte pela igreja que devia disseminar essa mesma consciência. O medo e a sede de controlo têm levado a melhor sobre as religiões que, na ausência de fé nos seus próprios ensinamentos, transformam a vida no inferno que deviam evitar.

"Nós declaramos esse espaço infinito, dado que não há qualquer razão, conveniência, possibilidade, sentido ou natureza que lhe trace um limite." (Giordano Bruno, Acerca do Infinito, o Universo e os Mundos, 1584).
Uma sabedoria tão radical nos nossos dias como herética à luz dos conhecimentos da sua época. Mas o pensamento e a obra de Bruno está recheada de detalhes sobre a magnífica consciência que tinha da realidade:
"O mundo é infinito porque Deus é infinito. Como acreditar que Deus , ser infinito, possa ter se limitado a si mesmo criando um mundo fechado e limitado?" 
"Não é fora de nós que devemos procurar a divindade, pois que ela está do nosso lado, ou melhor, em nosso foro interior, mais intimamente em nós do que estamos em nós mesmos." (A ceia de cinzas, Giordano Bruno, 1583).
Giordano Bruno nasceu em Nola, Reino de Nápoles, em 1548. Morreu em Roma, a 17 de Fevereiro de 1600, queimado na fogueira pela Inquisição.


sábado, 19 de abril de 2014

outras nuvens

Foto ACD
Faltam-me outras nuvens, o outro universo que caminha a par do meu. Falta-me o abraço companheiro e a felicidade que me transmite. Num mundo exclusivo de farrapos espalhados pelo céu, é o breve encontro de outras nuvens que desenha o conjunto perfeito.

voo interno



Entender o corpo como uma ferramenta. Verde, vermelho, azul, branco, como quisermos. Instrumento para um voo dos sentidos e para a descoberta de muito mais. O infinito que começa em nós e se desdobra em pregas de espaços e tempos só imaginados por nós. Sou vento, sou voo, sou fogo solto pelos céus. Liberdades sentidas na vibração de uma corda, de uma voz, do fundo de nós. A vida, não como um labirinto, mas como uma nuvem que se estende, espalha e desfaz, encantada pelas paisagens que sobrevoa. Em sintonia.

terça-feira, 15 de abril de 2014

dores de Kusama



Um diferente universo criativo pode parecer-nos tão estranho e distante como uma outra dimensão, uma realidade que não nos toca. Mas vê-lo é reconhecê-lo, saber que ele existe e, por isso, fazer parte de nós. A energia e os conceitos de Kusama podem parecer-nos estranhos e, simultaneamente, familiares. Como estranha é a sua concordância em se fazer internar numa instituição psiquiátrica e, a partir de uma qualquer segurança aí estabelecida, continuar o seu trabalho de forma ainda mais espectacular e empenhada.
A dor presente parece ter-se transformado num motor de pesquisa e mudança, combustível para a sua produção artística.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

sintonia



Há uma força infinita na contenção, na delicadeza, no saber esperar pelo momento certo para deixar fluir a energia que brota dentro de nós. A acção, a explosão súbita é apenas consequência de um culminar de energia, de preparação para um determinado bem. E não se compara com a plenitude ou a renovação proporcionada pela sintonia com a nossa fonte interior.

domingo, 13 de abril de 2014

did I make a beautiful picture?



"What concerns me when I work, is not whether the picture is a landscape, or whether it's pastoral, or whether somebody will see a sunset in it. What concerns me is - did I make a beautiful picture?" - Helen Frankenthaler (N. New York, 12 de Dezembro de 1928 - M. New York, 21 de Dezembro de 2011)
("O que me preocupa quando trabalho não é se o quadro é uma paisagem ou uma pastoral, ou se alguém verá nele um pôr do Sol. O que me preocupa é - fiz um quadro bonito?")

Fiz da minha vida uma coisa bonita? Senti-me feliz? Deixei-me inebriar pela cor, pela alegria, pelas experiências que surgiram no meu caminho? Tive a presença de espírito necessária para escolher a parte da minha vivência que é completamente real, em vez de me deixar arrastar pelas fantasias do medo? Fiz o que me apeteceu ou receei tudo deixei-me prender nos medos imaginários de um futuro que só existe na minha cabeça?
Viver com cor, com certezas, com possibilidades é o nosso destino. Não o do atoleiro da falta de fé e de confiança.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

uma escolha basta

foto daqui
Gosto de dias de sorte e, portanto, das quintas-feiras, regidas por Júpiter e pelas suas alegrias. Esta quinta-feira li finalmente o texto de Alexandra Lucas Coelho sobre o país que não é de um presidente ou de um partido. E lembrei-me do mítico Peter Pan, que tem uma mensagem jupiteriana sobre o que é ou não nosso.
No mundo do rapazinho que não envelhece, vira-se as costas à bruxa má e aos pesadelos e eles desaparecem. Porque não se lhes prestando atenção, definham, perdem a força.
Seguindo este raciocínio mágico, que é afinal uma poção mágica e uma parábola encantadora sobre a forma como podemos livrar-nos do mal, às quintas-feiras (e nos outros dias) não vejo nem ouço notícias. Não presto atenção quando começam a falar na crise, nas doenças e noutras misérias. Erradico a propaganda do mal.
E não estou com isto a entrar num mundo de fantasia, porque o mundo é o que dele fazemos, fantasias incluídas. O mundo está na nossa cabeça e, se lá cabem terrores indizíveis relatados pela indústria de entretenimento em que se tornou o jornalismo mundial, por que não também dar lugar a algumas formas de felicidade criadas pela nossa vontade?
No fundo, toda a nossa vida se resume à escolha do que nos prende mais a atenção: o lado negro ou o nosso, colorido de acordo com as nossas cores? Porque a maior e a mais verdadeira ilusão é que a escolha não está nas nossas mãos, mas sim na de outros. Quando uma escolha basta para decidir o caminho que mais nos agrada, que mais tem que ver connosco.
Escolher o lado bom e amável da vida não é optar por fantasias e ilusões. É simplesmente negar aos outros o controlo da nossa vida através de fantasias e de ilusões que não nossas.
Uma escolha basta para conduzir a forma como vivemos pelas nossas normas e não as alheias. Quando aprendemos a valorizar mais o nosso bom senso e menos a falta que os outros têm dele, estaremos, como Peter Pan, a ignorar o lado mau da vida para, livremente, começar a viver a nossa.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

'Street Findings', de Tim Madeira

Tim Madeira (foto: MMF)
Tim Madeira expõe hoje o seu trabalho Street Findings no Farol Hotel, em Cascais. Em colagens e pintura, desmonta restos de posters recolhidos das paredes onde foram colados e volta a montá-los em peças que são novos cartazes, moldados pela sua criatividade.
Os posters sempre me atraíram, dos mais básicos aos mais bonitos, aos eruditos, explica o artista. Não passa um dia que não arranque restos de posters das paredes.
Os restos que arranja, às vezes com centímetros de espessura, são espalhados na relva e descolados, em bocados que depois usa na montagem das suas obras.
Arquitecto de formação, Tim Madeira gosta de encarar a sua produção artística como um hobby.
Faço o que me apetece, quando me apetece, diz, enquanto mostra os restos de posters espalhados por um sofá de palha no jardim de sua casa, que é também o seu atelier. Nunca se ligou a galerias para poder trabalhar à sua maneira e sem compromissos limitativos.
Quando abordou o Farol Hotel para expor o seu trabalho, tinha consciência do contraste entre as coisas que cria e o ambiente sofisticado do local.
Entenderam o conceito muito bem, apesar de não ir lá expor telas muito bem emolduradas, tudo muito certinho, confessa, relatando os seus contactos com Ana Maria Tavares e Raquel Rochete, a directora e a relações públicas do espaço, que aceitaram a sugestão de Ana Mesquita para mostrar o seu novo projecto.

Tim Madeira (foto: MMF)
A empatia e as descobertas que vai fazendo orientam o seu percurso na vida e na arte. Não faz muitos planos, deixa as coisas acontecer e aproveita as oportunidades.
Nascido em Lisboa, em 1955, Tim Madeira pinta desde muito jovem. Queria ir para Belas-Artes, mas o pai convenceu-o a fazer arquitectura e a pintar nas horas vagas.
As colagens começaram por volta dos dezoito anos, com um quadro de imagens religiosas. Ganharam mais expressão com montagens que começou a fazer para um grupo de amigos que se reúne todos os anos no Museu do Arroz.
Comecei a juntar fotografias e outras peças, que junto numa só e depois corto em pedaços, um para cada pessoa, conta, ao mesmo tempo que mostra exemplos do que tem feito. Também fico com a minha parte.
Tim Madeira (foto: MMF)
A sua obra começou a captar o interesse do público com a montagem de candeeiros, peças únicas que vai compondo com diversos materiais.
Herdei um candeeiro da minha avó, que esteve cá em casa anos, sem lhe mexer. Um dia comecei a desmontá-lo e a juntar coisas de vidro, porque lhe faltavam peças e eu gosto de manter sempre alguma simetria nos trabalhos que faço. Pendurei-o em cá em casa, sem eletrificação, nem nada. Na altura não percebia nada de electricidade.
Um amigo pediu-lhe então para fazer uma peça do mesmo tipo para pôr na sua loja. Vendeu-se logo e foi o primeiro de uma longa série que criou reutilizando toda a espécie de materiais.
Tim Madeira (foto: MMF)
Tim Madeira confessa-se desassossegado. Trabalha muito e não gosta de passar um dia sem dar uma pincelada. Sublinha os momentos prazenteiros que resultam do que faz e sente que todas as suas peças carregam um pouco da sua alma, que nem sempre tem de se traduzir por palavras.
Essa forma de entrega, que tão livremente expõe nas suas peças, são com certeza uma das chaves do seu sucesso.
Acho que o meu percurso tem corrido extraordinariamente bem, confessa, com simplicidade, o artista que não gosta de ser vedeta.
Sempre que necessário, ele próprio monta as suas peças em casa de quem as adquire. Aproveita materiais que encontra e que lhe trazem e gosta de usar resinas e papéis à base de água, que não prejudiquem o ambiente.
O resultado é uma forma de expressão generosa e frontal, que não deixa ninguém indiferente. Tim Madeira tem uma força natural e uma visão única, que se mostra nestes Street Findings para ver até finais de Maio no Farol Hotel, em Cascais.
Tim Madeira (foto:MMF)







adoro as quartas-feiras

Imagem daqui.

As quarta-feiras são mágicas. Chegam cedo, como todos os dias, mas vêm mais fortes, mais decididas. Trazem uma luz diferente. Mercurianas, despertam-nos para coisas diferentes, inspirações inesperadas.
Têm o condão de nos transformar em pessoas melhores, se quisermos. De elevar a nossa alma a alturas que nunca experimentámos. De nos trazer realizações e sensações de grande plenitude.
Adoro as quartas-feiras.

domingo, 23 de março de 2014

duas histórias

Duas histórias - Marita Moreno Ferreira
Todos os sonhos têm duas histórias: aquela em que adormecemos e acordamos num local bonito e florido, onde a sensação de bem-estar excede tudo o achamos poder imaginar; e a outra, em que apesar da beleza que nos rodeia, uma qualquer dúvida nos oprime e nos afasta da felicidade.
A segunda parte está sempre lá; é a nossa condição humana. O segredo está em não fazer esforço algum para a rejeitar e gastar antes o nosso tempo na entrega à primeira história, que é a que vale a pena.

sábado, 22 de março de 2014

tão extremo

Sailing away from emotion - óleo s/ tela MMFerreira
Há dias em que a tempestade fica e nos arrebata. Tão bela que nem cogitamos afastar-nos dela. A promessa da acalmia é o suficiente para imaginarmos que tudo acabará forçosamente bem. E mesmo que isso não aconteça, é pelo tumulto que nos apaixonamos. Um momento de vida tão extremo que tudo lhe sacrificamos. 
(Terça-feira, 18 de Março)

sem limites

Ilustração MMFerreira - all rights reserved
Despertar para um sonho de cortar a respiração, encher os pulmões com a vertigem da emoção que se deseja, que se acarinha. Sentir o momento em que só existe o possível, o bom, a felicidade sem limites.

quinta-feira, 20 de março de 2014

nos próximos sete anos

Nos próximos sete anos quero encher-me de felicidade, daquela que me faça sentir prestes a explodir dentro de mim. Como se não tivesse nem mais um segundo, nem mais oportunidade de me sentir completamente feliz. Nos próximos sete anos quero entender tudo, sentir tudo, viver tudo. Quero ocupar o meu corpo, a minha mente e a minha vida apenas com o melhor, o mais perfeito, o inevitavelmente magnífico. Encher o peito de ar em golfadas, sentir sem limites, experimentar tudo como de estivesse em todo o lado, em todos os momentos.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

ai o amor...




Ai o amor, ai a rosa, ai, ai... E quando não é assim, assado também não queremos que seja, nem que saiba a rotina. Nada menos que estes arrobos apaixonados tão bem trabalhados pelos Mecano a propósito de um poema de Gertrude Stein (a frase Rose is a rose is a rose is a rose escrita no poema datado de 1913, Sacred Emily, publicado em 1922 no livro Geography and Plays).Amores intensos e de intensas condições, embora Stein só quisesse dizer que as coisas são como são, muito menos teatrais do que podem parecer na boca e nas canções inspiradas pelas paixões fulgurantes. Tudo isto a propósito do dia dos namorados que amanhã se festeja e para o qual preparei três cartões: um para a pessoa que me faz sonhar com arrobos românticos, com a felicidade partilhada e com a grande aprendizagem do amor incondicional; outros dois para duas pessoas que nasceram uma para a outra e tardam a reconhecê-lo, na esperança que o meu ilusionismo replique a intenção certeira de uma das setas de Cupido. Amores à parte, fica a sugestão para ocuparmos o nosso dia de amanhã com a hipótese de um cataclismo interior mais interessante que as cortinas de más notícias com que se subjugam pessoas menos propensas a deixar que a fantasia e o sonho guiem as suas vidas.